"CHIQUE É CRER EM DEUS"

Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... Mas, Amor e Fé nos  tornam humanos!

Coisas que todos os catequistas novatos deveriam saber

Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.

O catecismo responde.

Respostas sobre dúvidas sonbre o Sacramento do Batismo

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Especial sobre Quaresma

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”

FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO (01.07.12)



Mt 16, 13-19 



Hoje a Igreja celebra a festa de dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo, este grande evangelizador dos pagãos ou gentios, e aquele do seu próprio povo. Como evangelho do dia, escolheu-se a história do caminho de Cesaréia de Felipe. O relato mais antigo está no Evangelho de Marcos, Cap. 8 vv 27-38, o qual se tornou o pivô de todo o Evangelho. A estrutura de Mateus é diferente, mas, o relato tem a mesma finalidade, ou seja, ajudar os ouvintes e leitores a clarificar quem é Jesus e o que significa ser discípulo ou discípula d’Ele.

A pedagogia do relato é interessante. Primeiro, Jesus faz uma pergunta bastante inócua: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Assim, vem muita resposta, pois responder essa pergunta não compromete, pois é o “diz que”. Mas, a segunda pergunta traz a facada: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Agora não vêm muitas respostas, pois quem responde em nome pessoal, e não dos outros, se compromete! Somente Pedro se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aparentemente Pedro acertou, e realmente, em Mateus, Jesus confirma a verdade do que proclamou! Afirmou que foi através de uma revelação do Pai que Pedro fez a sua profissão de fé. Mas, para que entendamos bem o trecho, é necessário que continuemos a leitura pelo menos até v. 25. Pois o assunto é mais complicado do que possa parecer.

Pois após afirmar que Pedro tinha falado a verdade, Jesus logo explica o que significa ser o Messias ( ou, em grego, o Cristo). Não era ser glorioso, triunfante e poderoso, conforme os critérios deste mundo. Muito pelo contrário, era ser fiel à sua vocação como Servo de Javé, era ser preso, torturado e assassinado, era dar a vida em favor de muitos. Jesus confirmou que ele era o Messias, mas não da maneira que Pedro esperava e queria. Ele, conforme as expectativas do povo do seu tempo, queria um Messias forte e dominador, não um que pudesse ir, e levar os seus seguidores também, até a Cruz! Por isso, Pedro reluta com Jesus, pedindo que nada disso acontecesse. Como recompensa, ganha uma das frases mais duras da Bíblia: “Afasta-se de mim, Satanás, você é uma pedra de tropeço para mim, pois não pensa as coisas de Deus, mas dos homens!” (v. 23). Pedro, cuja proclamação de fé mereceu ser chamada a pedra fundamental da Igreja (v. 18), é agora chamado de Satanás - o Tentador por excelência - e “pedra de tropeço” para Jesus! Pedro usava o título certo, mas tinha a compreensão errada! Usando os nossos termos de hoje, de uma forma um tanto anacrônica, podemos dizer que ele tinha ortodoxia, mas não, ortopraxis!

Assim, Jesus usa o equívoco de Pedro para explicar o que significa ser seguidor d’Ele: “Se alguém quer me seguir, renuncie a se mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (v. 24). Ter fé em Jesus não é em primeiro lugar um exercício intelectual ou teológico, mas uma prática, o seguimento d’Ele na construção do seu projeto, até às últimas consequências.

Hoje, enquanto celebramos os nossos dois grandes missionários, a pergunta de Jesus ressoa forte - a segunda pergunta. Para nós, quem é Jesus? Não para o catecismo, não para o papa ou o bispo, mas para cada de nós, pessoalmente? No fundo, a resposta se dá, não com palavras, mas pela maneira em que vivemos e nos comprometemos com o projeto de Jesus - ele que veio para que todos tivessem a vida e a vida plenamente!(Jo 10, 10). Cuidemos para que não caiamos na tentação do equívoco de Pedro, a de usar termos corretos, mas com a compreensão errada!

Tomaz Hughes SVD
thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Iniciação Cristã - O que é?


Hoje, iniciamos a participação da Ir. Terezinha Mattos da Congregação  Irmãs Missionárias do Coração de Maria em nosso blog.
Ir. Terezinha tem contribuído com a formação de catequistas e vai escrever periodicamente para  auxiliando nossa formação em Iniciação Cristã.
A Dimensão Bíblico-Catequética do Regional Nordeste 3, agradece de coração o sim da Ir. Terezinha. Deus a abençoe !!!



Iniciação Cristã é um dos assuntos essenciais da vida da Igreja, da ação pastoral das comunidades, da vida do cristão. Muitos são os documentos, as investigações, estudos, planos pastorais, que vieram escolher ao vasto a latitude da Igreja desde o Vaticano II.  É necessário um novo empenho para, desde austeridade e o conhecimento dos diversos aspectos do tema, impulsionar a renovação da vida e aceitar o desafio das novas realidades e possibilidades da iniciação, hoje.

Ao falar de «iniciação», não nos aludimos só aos momentos sacramentais de iniciação, mas temos em conta todos os subsídios integrantes do processo de iniciação: Batismo, pedagogia de iniciação familiar, primeira comunhão, catecumenato e catequese, confirmação, comunidade eucarística…

 No processo de iniciação total entram em jogo a seriedade da evangelização, a autenticidade da comunidade eclesial, a verdade do ser cristão. Não se trata só de «como» há que administrar uns sacramentos de iniciação, mas de «qual» é o cristão que «fazemos» ao preparar e celebrar estes sacramentos. Centra-se neles uma grande parte da ação pastoral da Igreja. Batismo, Confirmação e Eucaristia são os centros significantes sacramentais de um processo que abarca mais e deve durar mais do que dura fazer o rito.

O tema levanta numerosas interrogações, ante os quais nem os pastores, nem os fieis podem permanecer indiferentes. O Vaticano II, com a sua reforma dos rituais do Batismo de crianças e a confirmação, e mais ainda com o Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos (RICA), trouxe uma grande luz sobre numerosas questões, mas também suscitou novos “planteamentos”. Encontramo-nos contudo com uma «renovação» que espera elevar-se à plenitude.

O sacramento do Batismo é o fundamental de toda a vida cristã, a porta da vida no Espírito (“vitae spiritualis ianua”) e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo Batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus tornamo-nos membros de Cristo, somos incorporados à Igreja e feitos participantes de sua missão – O Batismo é o sacramento da regeneração pela água na Palavra. 
Conforme o CIC ( Catecismo da Igreja Católica) no artigo 1 –nº 1213.

Ir. Terezinha da Silva Mattos
Arquidiocese de Feira de Santana-Ba

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Carta: Escola Bíblico-Catequética e I Retiro


 Salvador, 17 de junho de 2012.
“Jesus dizia lhes: O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra produz o fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, finalmente, os grãos que enchem a espiga. Ora, logo que o fruto está maduro, mete-se a foice, pois o tempo da colheita chegou”.  Mc 4, 26-29

         

Caríssimos e caríssimas, paz e bem!


         Como vai a vida, a caminhada, seus familiares? Desejamos encontra-los todos e todas bem e com saúde! Animados e felizes na missão de servir e semear o Reino de Deus! 

         É por cauda desse Reino, ou melhor, por causa de Jesus Cristo que dedicou plenamente sua vida a serviço do Reino de seu Pai que estamos nesse caminho e nos colocamos sempre na dinâmica do discipulado e de um jeito corresponsável assumimos nossa formação catequética através da Escola Dom Jairo.

        Queremos lembrar que de 01 a 07 de julho estaremos juntos realizando o III módulo da Escola Bíblico-catequética. Relembramos a todos/as que será no mesmo local, no Centro de Formação de Lideranças no bairro Papagaio. Iniciando pontualmente às 07h do dia 01 com a missa e logo em seguida começaremos as aulas de Bíblia com a Maria Cecília Rover, assessora nacional da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-catequética. 

         Nos dias seguintes teremos nossa programação normal, aulas durante o dia e a noite as demais atividades, celebrações, revisão e encaminhamentos dos trabalhos de pesquisa, festa juninas e momentos de convivência e confraternização com o grupo dos ex-alunos da Escola que também estarão neste mesmo local fazendo o retiro de 05 a 07 do referindo mês. 

         Matérias a serem estudadas neste módulo: Evangelhos Sinóticos e Atos dos Apóstolos; Catequese e Liturgia; Metodologia catequética; Mariologia; Catequese com adulto e o Ministério do catequista. 

         Professores e professoras que irão ministrar as aulas: Maria Cécilia Rover (Brasília-DF) – Pe. Sídney Marques da Silva (Jequié-BA) – Marlene Silva (Pouso Alegre-MG) – Pe. Vanildo de Paiva (Belo Horizonte-MG) e Pe. Jânison de Sá (Aracaju-SE). Todos com formação acadêmica e vivencias catequética. 


Alguns Avisos:

· A taxa de inscrição poderá ser feito no local da escola ou para quem preferi poderá fazer o deposito na seguinte conta - Agência: 0041-8. Conta poupança: 8276-7. Banco do Brasil. Titular: Iria Cristofolini.

· Tragam o trabalho – o projeto de formação para catequistas iniciantes. E também o trabalho de pesquisa feito pela equipe (tem algumas dioceses que ainda não entregou).

· Algumas pessoas ainda não enviaram todos os documentos. Pedimos sua atenção para isso!

· Teremos nos três últimos dias a presença das Livrarias Paulina e das Paulus, e também das Edições CNBB.

· Vamos construir um mural com memórias e histórias da catequese. Tragam fotografias, ilustrações, recortes de acontecimento da caminhada da diocese.

· No I módulo ganhamos uma garrafinha para tomar água. Lembram? Seria interessante trazer para ser utilizadas e assim evitar o uso dos corpos descartáveis.

         OBS : Nesse ano resolvemos escolher um tema para nossa noite cultural -  Festa Junina: Santos, Músicas e Comidas. É uma maneira criativa de valorizar a nossa cultura dando visibilidades para essas manifestações populares tão praticadas no Brasil e vivenciadas por todos nós na Bahia e no Sergipe. Então, venham preparados para esse momento celebrativo. Tragam bebidas, comidas, doces, roupas, apresentações teatrais, músicas, cartazes, adereços, fogos e muita criatividade para a nossa noite de confraternização.

Veja o compromisso que o seu grupo de convivência assumiu para este módulo e viabilize:

Ø Solidariedade ___ 10 Kg de feijão
Ø Alegria, Alegria ___ 20 Kg de arroz
Ø Alegria ___ 20 pacotes de Café
Ø Felicidade ___ 20 Kg de Açúcar
Ø Motiverança ___ 20 pacotes de massa de milho
Ø Esperança ___ 10 Kg de farinha

Continuemos firmes e unidos pela fé em Cristo Jesus. E não esqueçam como educadores e educadoras da fé que a nossa vocação é plantar e regar, nunca perdendo uma oportunidade de semear o Reinado de Deus. Sejam bem vindos! Até breve!

Atenciosamente, Ir. Luciene (pela coordenação da Escola).

sexta-feira, 22 de junho de 2012

“Ele vai se chamar João”


NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA (24.06.12)
Lc 1, 57-66.80

“Ele vai se chamar João”

O primeiro capítulo de Lucas é um exemplo da capacidade literária desse “artista da palavra”. Usando uma forma literária bem conhecida do seu tempo, a da “anunciação”, Lucas prepara o chão para que a sua obra demonstre a transição do antigo ao novo povo de Deus, da antiga à nova aliança.     
O capítulo faz paralelos entre duas histórias de anunciação, a Zacarias e a Maria. Ambos os texto seguem o estilo convencionado dessa forma literária: a anunciação de um evento, em nome de Deus, feito por um mensageiro divino (nestes casos, Gabriel); uma objeção ao anúncio (a idade de Isabel e Zacarias, a virgindade de Maria) e um esclarecimento da parte do enviado, e a reação do destinatário: no caso de Zacarias, a incredulidade, da parte de Maria, a fé. Assim, Zacarias fica mudo (os ritos do Templo não têm mais nada a dizer ao povo), enquanto Maria canta a misericórdia de Deus para com seu povo, no Magnificat! O casal justo, Zacarias e Isabel, representa o Antiga Aliança, que agora será substituída pela Nova, representada por Maria, José e Jesus. Essa transição é ainda simbolizada pelos locais escolhidos para a anunciação, - a primeira se dá no Templo a um sacerdote, a segunda na vila de Nazaré a uma moça interiorana. E a história da circuncisão e escolha do nome de João em 1, 59, é paralela aos mesmos eventos na vida de Jesus em 2, 21.
Tipicamente, os nomes dados aos dois meninos indicam a sua missão: o nome “João” quer dizer “Deus tem piedade”, é prefigura a sua missão - de pregar a misericórdia de Deus ao povo convidado ao arrependimento dos pecados. O nome “Jesus” significa “Deus salva”, e também é o resumo da missão de Jesus, o único salvador da humanidade.
O texto de Lucas de hoje, referente a João, contém os temas centrais da toda a sua obra: o Espírito Santo (v. 80); a misericórdia de Deus (v. 58); a opção de Deus pelos pobres e marginalizados (v. 58); a alegria profunda (v. 58); a oração (vv. 67-79) e a importância das mulheres na História da Salvação (vv. 57.60).
            A festa de hoje nos faz lembrar a missão de João - a de demonstrar a presença do salvador no meio do povo. Hoje, quem é que tem essa mesma missão? São os cristãos de hoje, nós, chamados a testemunharmos esta presença salvadora no meio do mundo moderno. Para Lucas, este testemunho é a missão de todo cristão (At 1, 8), e é para isso que recebemos o dom do Espírito Santo. No esquema de Lucas, João era o precursor - aquele que apontava para a presença de quem implantaria o projeto de Deus no mundo; Jesus era o enviado do Pai para que este projeto do Reino se concretizasse; e somos nós, as comunidades cristãs, que temos a missão de prolongar esta missão, “até os confins da terra”(At 1, 8b). A celebração de hoje, do “maior de todos os profetas”, nos desafia, para que corajosamente assumamos a nossa vocação profética, pois somos continuadores dessa missão, iniciada com João, realizada em Jesus e continuada na Igreja, de sermos “testemunhas minhas... até os extremos da terra” (At 1, 8)
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Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A Dei Verbum


           Eis outro documento importantíssimo do Concílio Vaticano II: a Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação. A tentação nossa é pensar logo que este documento trata da Bíblia. Errado. Para o cristianismo revelação não é a Bíblia, não é um livro, é uma Pessoa: Jesus Cristo, rosto e palavra de Deus para nós, cheio de graça e de verdade. E mais, não um Jesus qualquer, fruto simplesmente de uma pesquisa ou de uma opinião de algum erudito. O Jesus Cristo real, vivo e vivificante é aquele crido, adorado, vivido e testemunhado pela Igreja. É ele a Revelação! 
            A Dei Verbum compõe-se de um proêmio, isto é, uma introdução e seis capítulos. Vamos a eles. 
            Já na sua introdução, o Documento deixa claro que o Concílio (e a Igreja) coloca-se debaixo da Palavra de Deus, que é Jesus Cristo (cf. DV 1). Depois, no capítulo I, passa a tratar do que é a Revelação divina: Deus, por livremente, no seu amor e sabedoria quis revelar-se aos homens por meio de Jesus Cristo para chamá-los a participar da vida divina. Então, o Senhor Deus não quer revelar coisas, mas deseja revelar seu coração amoroso. A Revelação é um diálogo de Deus com a humanidade através de sua Palavra eterna feita carne, Jesus. Este diálogo é para nos levar à vida com Deus, a vida eterna, nossa plenitude (cf. DV 2). Depois a Dei Verbum mostra como esta revelação foi sendo preparada ao longo da história, preparando para Jesus: na própria criação Deus já se manifesta pela sua amorosa providência, na eleição de Abraão, nosso Pai na fé, na aliança com Israel e na palavra dos profetas. Assim Deus foi preparando Israel e a humanidade para Jesus Cristo (cf. DV 3). Finalmente, chega Jesus, plenitude da revelação: Ele é a própria Palavra de Deus feita gente, feita carne. Nele Deus se deu a nós totalmente (cf. DV 4). Ainda neste capítulo primeiro coloca-se a questão: como receber esta revelação de Deus? Qual a nossa atitude, a nossa resposta? A Dei Verbum responde: “A Deus revelador, é devida a obediência da fé!” (DV 5). Em outras palavras: a Revelação deve ser acolhida com fé, com aquela abertura amorosa e disponível que atinge e engloba a pessoa como um todo. A Revelação não é um conjunto de informações para a inteligência, mas Alguém que vem ao nosso encontro e a quem devemos acolher com todo o nosso ser. No entanto, a Revelação inclui também verdades reveladas que devem ser cridas porque foram reveladas por Deus (cf. DV 6). 
            O capítulo II trata da transmissão da Revelação. Eis as idéias mais importantes: Cristo, Revelação do Pai, confiou a Revelação aos apóstolos que pregaram, viveram e, por inspiração do Espírito Santo, colocaram por escrito a mensagem salvífica. Para que essa mensagem de salvação continuasse viva na Igreja os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores e guardiões verdade salvífica, contida na Tradição oral e na Sagrada Escritura (cf. DV 7). Quanto à Tradição apostólica, ela abrange tudo aquilo que coopera para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé. Onde está a Tradição? Na doutrina, na vida e no culto da Igreja, que é guiada pelo Espírito Santo. Compete aos Bispos em comunhão com o Papa o discernimento da Tradição apostólica, que vai sempre progredindo na Igreja sob a inspiração do Santo Espírito (cf. DV 8). Ainda quanto à Tradição: ela está intimamente unida à Sagrada escritura, pois ambas dão testemunho do mesmo Cristo. Escritura e Tradição devem ser recebidas e veneradas com igual reverência (DV 9). Compete aos Bispos em comunhão com o Papa a interpretação última seja da Escritura seja da Tradição: eles receberam autoridade de Cristo para isso e nesse discernimento são guiados pelo Espírito Santo (cf. DV 10). 
            O capítulo III afirma que a Escritura é toda ela inspirada por Deus, pois os seus autores escreveram por inspiração do Espírito Santo, de modo que, mesmo que cada autor dos livros bíblicos tenha seu estilo e sua visão, o autor final da Escritura é o próprio Deus e a Bíblia é realmente palavra de Deus que nos transmite a verdade para a nossa salvação. Não se trata de verdade científica ou histórica, mas a verdade sobre Deus, sobre o homem e sobre o sentido da vida e do mundo (cf. DV 11). Por isso mesmo, a interpretação correta da Bíblia requer que se conheça a cultura do povo da Bíblia, a mentalidade e intenção do autor sagrado, bem como o gênero literário em que tal ou qual obra foi escrita. Sem contar que toda interpretação deve estar de acordo com o Magistério da Igreja (cf. DV 12). Uma coisa é certa: seja o simples crente, seja o estudioso erudito, deve procurar o sentido último da Escritura em Cristo e procurar interpretá-la no mesmo Espírito Santo que a inspirou e a entregou à Santa Igreja (cf. DV 21). 
            Depois, no capítulo IV, a Dei Verbum recorda que o Antigo Testamento é Palavra de Deus e prepara para o Cristo e, por isso, somente pode ser bem compreendido à luz de Cristo. No capítulo V, fala do Novo Testamento, mostrando que ele é mais excelente que o Antigo porque é o cumprimento em Cristo daquilo que o Antigo anunciava. Ensina também que os evangelhos são de origem apostólica e contêm uma interpretação segundo a fé e inspirada pelo Espírito da vida, palavras e missão de Jesus Cristo. 
            Finalmente, o capítulo VI recorda a veneração que a Igreja tem pelas Sagradas Escrituras como Palavra de Deus e exorta os fiéis a que se alimentem dessa santa Palavra para o bem de sua vida espiritual e da sua vida moral. Também recorda que a Sagrada Escritura deve ser a alma da Teologia. Exorta os ministros sagrados a que preguem a Palavra, sobretudo cuidando bem das homilias na Santa Missa. A celebração da Eucaristia é o lugar por excelência para se proclamar e escutar a Palavra de Deus, pois aí, a Palavra anunciada, que é Jesus Cristo, faz-se carne que alimenta e dá vida. A salvação anunciada na Escritura é celebrada na Páscoa eucarística. 
            Eis, em linhas gerais, a belíssima Dei Verbum.





Côn. Henrique Soares da Costa
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¹ Esse artigo foi publicado originalmente em 10 de maio de 2009

domingo, 17 de junho de 2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

“Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus?”


Décimo Primeiro Domingo Comum (17.06.09)

Mc 4, 26-34

“Com que coisa podemos comparar o Reino de Deus?”

O texto de hoje traz à tona dois elementos muito importantes para o estudo dos Evangelhos - “o Reino de Deus” e “as parábolas”. Antes de olhar o texto mais de perto, convém comentar algo sobre esses dois termos ou conceitos.
Existe um consenso entre os estudiosos modernos, sejam católicos ou protestantes, que existem dois termos nos textos evangélicos que provém do próprio Jesus e que não dependem da reflexão posterior das comunidades, ou seja, “Reino” e Abbá”. Estamos tão acostumados de ter Jesus como “objeto” da pregação que esquecemos que Ele não pregou a si mesmo, mas o “Reino de Deus” (geralmente citado em Mateus como o Reino dos Céus, para evitar o uso do nome de Deus). Toda a vida de Jesus foi dedicada ao serviço desse Reino, que Ele nunca define, pois é uma realidade dinâmica, mas que Ele descreve por comparações, usando parábolas. “Parábola” é um tipo de comparação, usando símbolos e imagens conhecidos na vida dos ouvintes, e que os leva a tirar as suas próprias conclusões (de fato, várias vezes temos a explicação de uma parábola nos evangelhos, mas, essa nasceu da catequese da comunidade e não teria feito parte da parábola original). O Capítulo 13 de Mateus talvez seja o melhor exemplo do uso de parábolas para clarificar a natureza do Reino - ou Reinado - de Deus.
No tempo de Jesus e das primeiras comunidades cristãs, os diversos grupos religiosos judaicos esperavam a chegada do Reino de Deus e achavam que poderiam apressar a sua chegada - os fariseus através da observância da Lei, os essênios através da pureza ritual, os zelotas, através de uma revolta armada. O texto de hoje nos adverte que não é nem possível, nem preciso, tentar apressar a chegada ou o crescimento do Reino de Deus, pois ele possui uma dinâmica interna de crescimento própria. Como a semente semeada cresce, independente do semeador e sem que ele saiba como, assim o Reino cresce onde plantado, pois também tem a sua própria força interna que, passo por passo, vai levá-lo à maturidade. Assim, o texto nos ensina o que Paulo vai ensinar de uma maneira diferente aos coríntios, quando, referindo-se ao trabalho de evangelização desenvolvido por ele, Apolo e outros/as missionários/as; ele afirma “Paulo planta, Apolo rega, mas é Deus que faz crescer” (1Cor 3, 6).
Uma das imagens que Jesus usa para caracterizar o Reino é a do grão de mostarda. Embora a semente seja minúscula, ela cresce até se tornar um arbusto frondoso. Assim Jesus quer que a gente relembre que é importante começar com ações pequenas e singelas, pois, pela ação do Espírito Santo, elas poderão dar frutos grandes. Esta parábola é um lembrete para que não caiamos na tentação de olhar as coisas com os olhos da sociedade dominante, que valoriza muito a prepotência, o poder, a aparência externa. A nossa vocação é plantar e regar, nunca perdendo uma oportunidade de semear o Reinado de Deus - ou seja, criar situações onde realmente reine o projeto do Pai, projeto de solidariedade e amor, partilha e justiça, começando com sementes minúsculas, para que, não através do nosso esforço, mas da graça de Deus, eventualmente cresça uma árvore frondosa que abriga muitos. O desafio do texto é de que valorizemos o gesto pequeno, as duas moedas da viúva, a semente de mostarda, não nos preocupando com os resultados, mas, confiantes no poder transformador da semente, plantar e regar, para que Deus possa ter a colheita!

Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Retiro da Escola Bíblico-Catequética


“Ó Santíssima Trindade, eis a fonte de ternura vem santificar a terra,
vem santificar a terra e abençoar as criaturas”
(Música de Fr. Alfredo)

        Caríssimos/as catequistas paz e bem!

         Como vai a caminhada? Esperamos encontrar todo bem de saúde e com muita alegria? Que o amor da doce TRINDADE esteja com vocês! Que nosso Deus Trino e Sumo Bem santifique e abençoe cada um e cada uma de vocês!
         Como tínhamos combinado e desejado tempos atrás chegou o momento de nos reencontramos... Não parece mais já se aproxima o DIA DE NOSSO RETIRO DA ESCOLA BIBLICO-CATEQUÉTICA DOM JAIRO.
        Por isso viemos acolher carinhosamente todos vocês e fazer alguns comunicados.
Lembrete:
        Data: 05 a 07 de julho de 2012-05-30
                Inicio dia 05 a noite com o jantar de acolhida pelos alunos da 3ª turma – dinâmica de confraternização do reencontro seguido das orientações pratica. 
                Termino dia 07 a noite juntando as 3 turmas para se confraternizar.
        Local: Centro de Formação – Em Feira de Santana - no Bairro Papagaio.
        Assessores: Marlene Silva e Pe. Vanildo Paiva
        Público Alvo: Todos os alunos e alunas da 1ª e 2ª turma da Escola. E alguns coordenadores diocesano.
         Despesas: R$ 80,00 (oitenta reais). Está incluído nessa quantia a hospedagem e a inscrição. Isso é para facilitar a participação de todos.
         OBS:  Vocês da 1ª e da 2ª turma serão acolhidos por quem está na escola, em seguida vão para o retiro e no final serão recebidos novamente para encerrar o retiro e o III módulo da escola, todos juntos numa grande confraternização. 
Três motivos pelo qual creio que você deve participar e priorizar esse momento em sua caminhada:
·         Primeiro porque é uma oportunidade para cultiva os laços de amizade e bem querer que foi conquista ao longo do tempo de convivência. O amor fraterno em comunidade é força para a missão!
·         Segundo, os assessores a Marlene Silva (que todos conhecem da Escola) e o Pe. Vanildo Paiva, são pessoas maravilhosas, profundos conhecedores da dimensão catequética e litúrgica, excelente professores com formação acadêmica, pratica e vivencias. Os dois são de Minas Gerais e tem uma longa parceria de trabalhos catequéticos em conjunto. Em breve estarão lançando um material para retiro de catequistas baseado no Evangelho de João e dentro da inspiração catecumenal. Vamos ter o privilegio de estrear esse material. Com certeza só temos a ganhar com a partilha profunda, querente e apaixonante desse nosso irmão e irmã.
·         E terceiro, é um momento propicio para contemplar e meditar a Palavra de Deus, o seu Mistério em nossa caminhada e rever a nossa ação pastoral, o nosso envolvimento e a nossa intimidade com Jesus Cristo, centro e razão da nossa missão. Será um tempo de Kairós, de beber da fonte!  
         Os outros motivos descobrirão durante o retiro (risos). Boas Vindas!
         Estamos aguardando vocês CARINHOSAMENTE e com muita vontade de aliviar a SAUDADE!
         Pensando em melhor a nossa organização peço em nome da equipe que por gentileza àqueles que ainda não fizeram faça o mais rápido possível a CONFIRMAÇÂO DE SUA PRESENÇA, certo? Fico aguardando noticias! Qualquer duvida entre em contato estamos aqui para lhe auxiliar.
         A missão da Escola Bíblico-Catequética Dom Jairo é cuidar da formação de catequistas. Foi em resposta à necessidade e ao desejo de formação presente em nos/as catequistas que ela nasceu. Por isso o compromisso de zelar pelo seu bom desempenho deve ser atitude de todos e todas que já passaram por essa experiência de formação.  
Atenciosamente, Ir. Luciene
Salvador, 01 de junho de 2012. 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Lumen Gentium


           Prometi apresentar brevemente os principais documentos do Concílio Vaticano II. Pois bem, vamos tratar agora da Lumen Gentium (Luz dos Povos), o documento do Concílio sobre a Igreja.
            A primeira coisa importante: a luz dos povos não é a Igreja, mas Cristo. É o que afirma logo a primeira frase do nosso documento: “Sendo Cristo a luz dos povos, este Sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja ilumine todos os homens, anunciando o Evangelho a toda criatura” (LG 1). Cristo é a luz, o sol; a Igreja é como a lua: só ilumina se refletir na treva do mundo a luz do sol, a luz de Cristo. Assim, quando a Igreja fala dela mesma, não é para ficar preocupada consigo própria, mas para melhor viver, testemunhar e anunciar Jesus Cristo, nosso único caminho, nossa única salvação.
            Outro aspecto importante. O Concílio contempla a Igreja primeiramente como mistério, isto é, como parte do plano eterno de Deus para a salvação da humanidade. Assim: “Aos que acreditam em Cristo, (o Pai) quis convocá-los na santa Igreja, a qual, já prefigurada desde a origem do mundo e preparada admiravelmente na história do povo de Israel e na antiga aliança, e instituída nos últimos tempos (por Jesus Cristo), foi manifestada pela efusão do Espírito Santo (em Pentecostes) e será consumada em glória no fim dos séculos” (LG 2). A Igreja é, portanto, parte do plano de salvação de Deus. Ela não é nossa, é de Deus. Sua missão é ser o lugar, o espaço, a comunidade onde a humanidade pode encontrar Deus em Jesus Cristo e ser santificada no seu Espírito Santo. Por isso a Igreja, preparada pelo Pai, fundada pelo Filho e continuamente santificada pelo Espírito, é semente do Reino de Deus que nela já atua misteriosamente (cf. LG 3). É na Igreja que se experimenta de modo mais intenso o Reino trazido por Jesus!
            Essa Igreja fundada por Cristo está continuamente unida a ele, como o corpo à cabeça. Cristo, pela ação do Espírito presente nos sacramentos, a santifica, a sustenta, a vivifica (cf. LG 7). Mas, onde se encontra a Igreja de Cristo? “Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste (permanece toda inteira) na Igreja católica governada pelo Sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele ainda que fora do seu corpo se encontrem realmente vários elementos de santificação e de verdade” (LG 8).
            O Concílio privilegia uma imagem para descrever a Igreja: o Povo de Deus. Dedica todo um capítulo a essa descrição. Dizer que a Igreja é Povo de Deus é recordar que nela se cumpre tudo quanto Deus havia preparado em Israel, é também afirmar que esse povo é caminheiro, peregrino neste mundo e, portanto, sempre necessitado de conversão. A pátria deste povo é o céu (cf. LG 9). Significa também afirmar que, neste povo, todos têm uma mesma dignidade, conferida pelo Batismo. Mais que ser padre, freira, papa, bispo... o importante é ser cristão! Tudo o mais decorre daí. Assim, todo batizado é membro do povo sacerdotal que, unido a Cristo se oferece ao Pai pela humanidade e procura construir o Reino de Deus enquanto caminha no mundo (LG 10-13). Este povo de Deus é um povo que estar no mundo a serviço da salvação de toda a humanidade. A Igreja não existe para si mesma, mas para levar Cristo, Luz dos povos, a todos os homens. Por isso, todos os membros do Povo de Deus têm responsabilidade na ação missionária da Igreja. Mas, quem são os membros desse povo? Somente os batizados em Cristo Jesus. É muito importante deixar claro que “povo” aqui é o povo dos batizados, independente de classe social, raça, cultura ou modo de pensar. Então, o Povo de Deus é a Igreja nascida da Trindade Santa, peregrina neste mundo, testemunha e construtora do Reino trazido e anunciado pelo Senhor Jesus na potência do Espírito, e peregrina rumo à Pátria.
            Depois de deixar claro que todo cristão é membro do Povo de Deus, o Concílio olha os dois grandes grupos presentes neste povo: os cristãos leigos e os cristãos ordenados para o ministério (Bispos, padres e diáconos). Aí, afirma que os Bispos são sucessores dos Apóstolos, em comunhão com o Papa, Sucessor de Pedro. Eles têm a autoridade para pastorear, ensinar e santificar em nome de Cristo. Afirma-se também que os padres são colaboradores dos Bispos e que os diáconos são servidores da comunidade, auxiliando o Bispo e os padres no seu ministério (LG 18-29). Os Bispos são verdadeiros representantes de Cristo na sua Igreja diocesana, a qual pastoreiam com a cooperação de seus padres. Ali ele edifica, no Espírito Santo, a Igreja, pela pregação da Palavra de Deus de acordo com a Tradição católica e apostólica, e também pela celebração dos santos sacramentos, pelos quais Cristo age e santifica o seu rebanho. Depois o Documento detém mais uma vez no papel do leigo para mostrar que eles, como membros do Povo de Deus, participam da missão de Cristo, já que receberam a unção no Batismo e na Crisma e são alimentados pela Eucaristia. Os leigos têm a missão profética de anunciar o Cristo Jesus e testemunhá-lo diante do mundo (cf. LG 30-38).
            Depois a Lumen Gentium recorda que todos na Igreja são chamados à santidade, isto é, a uma vida de profunda comunhão com o Senhor. Este é o maior testemunho e a maior obra da Igreja! (cf. LG 39-42). Depois o Documento trata de um carisma que, no meio do Povo de Deus, de vê ser especial sinal dessa santidade: a vida religiosa (cf. LG 43- 47).
            Sendo Povo de Deus peregrino, a Igreja nunca pode esquecer que sua pátria é o céu e é para lá que ela deve conduzir a humanidade toda. Por isso mesmo ela tem um papel importantíssimo neste mundo, que ninguém, a não ser ela, pode realizar: ser sinal do Reino que está para acontecer plenamente na glória. A Igreja deve despertar nos homens a saudade do céu e a fidelidade ao Cristo na terra! Por isso, tudo quanto de bom os homens construírem, tem a aprovação e solidariedade da Igreja... mas ela sabe, que a plenitude do Reino somente se dará na Glória (cf. LG 48-51)!
            Finalmente, o Documento termina por contemplar a Virgem Maria como modelo de cristã e modelo da Igreja. Membro mais belo da Igreja, ela já nos espera na Glória, como sinal daquilo que todos nós seremos e a Igreja toda será em Cristo Jesus (cf. LG 52-69).
            Leia a Lumen Gentium. Será uma fonte de conhecimento e amor à Igreja!



Côn. Henrique Soares da Costa
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¹ Esse artigo foi publicado originalmente em 10 de maio de 2009

sábado, 9 de junho de 2012

“Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

A partir desta semana  contamos com a colaboração das reflexões do Evangelho de domingo realizadas pelo Pe. Tomaz Hughes .Que Deus o abençoe padre Tomaz!


Décimo Domingo Comum (10.06.12)
Mc 3, 20-35

“Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

            Esta segunda parte do terceiro capítulo de Marcos nos apresenta uma característica bastante usada neste Evangelho. O autor intercala uma discussão com os escribas (vv. 22-30) em uma cena em que Jesus se defronta com a incompreensão da sua família (vv. 20-21. 31-35). Ele usa o mesmo procedimento em 5, 21-43; 6, 7-33; 11, 11-21 e 14, 1-11. A finalidade é para que o leitor interprete um evento à luz do outro. Assim, no texto de hoje, devemos nos perguntar com os versículos que tratam dos familiares de Jesus e o trecho referente à discussão com os escribas lançam luz um sobre o outro. Na verdade, em ambos os casos, Jesus é objeto de acusações falsas, e é incompreendido, ou até rejeitado, pelos seus familiares, bem como pelas autoridades de Jerusalém.
            Não há dúvida que a atividade de Jesus causa espanto e choque. Trabalhando até a noite em prol dos excluídos e sofridos, misturando-se com gente considerada impura pela religião oficial, e portanto, com esta ideia introjetada na visão do povo comum, e criticando fortemente as lideranças religiosas do seu tempo, Jesus parecia para muitos “louco” ou possuído por um demônio, ou algo semelhante. Numa cultura onde “honra” e “vergonha” eram conceitos chaves para qualquer família, os familiares de Jesus resolveram conter o problema, indo “segurá-lo” e trazê-lo para a casa da família.
            O confronto com a família continua nos vv. 31-35. É interessante como Marcos constrói a cena. Quando os parentes chegam ao local onde ele está pregando, eles nem tentam entrar para escutá-lo ou para conversar com ele. Eles deliberadamente ficam do lado de fora e mandam chamá-lo. Isso contrasta muito com a cena de dentro - onde uma multidão está sentada ao redor de Jesus - a atitude de discípulo. Quando é informado da presença dos seus parentes fora, Jesus olha aos que estão ao redor dele e faz uma declaração espantosa e contundente: “Aqui está minha mãe e meus irmãos!” O texto logo explica o sentido dessa afirmação: “quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe!” Na verdade, Jesus não está denegrindo a sua família, mas insistindo nas novas relações que nascem do discipulado d’Ele. Parentesco não traz privilégio nenhum - o importante é ser discípulo e cumprir a vontade de Deus. Assim Jesus afirma que na medida em que nós nos tornamos discípulos/as, teremos a mesma dignidade que a sua mãe e parentes. Tudo se relativiza diante das exigências do Reino e do seguimento!
            Embora não seja uma questão de grande importância, talvez umas palavras sobre o sentido da frase “irmãos e irmãs de Jesus”. É bom lembrar que na tradição do Oriente Médio, não se define a família como o pequeno núcleo de pai, mãe e filhos, mas inclui parentes próximos e distantes. A versão grega do Antigo Testamento usa a palavra: “adelfos” (irmão) nos dois sentidos, restrito e amplo (Gn 29, 12 e 24, 48). Podemos dizer que na tradição cristã, existem três tipos de interpretação para esta questão. Primeiro, entende-se o termo “irmão” no sentido do uso oriental. Segundo, usando um documento apócrifo (não canônico) do século IV chamado Proto-Evangelho de Tiago, se diz que a Maria casou com um viúvo idoso, José que já tinha seis filhos/as: Judas, Tiago, Joset, Simão, Lídia, Lísia. Assim, os “irmãos” seriam só da parte de José e não da Maria. Terceiro, seguindo São Jerônimo, se diz que são primos de Jesus em primeiro grau. O importante é saber que a concepção virginal de Jesus está claramente ensinada na Bíblia e faz parte do Credo Apostólico. Mas, a questão da virgindade perpétua de Maria não é tocada nos Evangelhos, e não adianta buscar argumentos neles em favor ou contra. Essa doutrina faz parte da fé católica desde os primórdios.
            A disputa com os escribas também intriga umas pessoas quando fala do “pecado contra o Espírito Santo” que não tem perdão. Em que consiste? Segunda a nota do rodapé da Bíblia TEB, “este pecado consiste em negar-se a reconhecer o poder que atua por meio de Jesus, atribuindo a Satanás as obras que ele realiza pelo Espírito Santo. Tal recusa à conversão contraria o perdão”. Mas, as palavras fortes referentes a este pecado não devem tirar a nossa atenção de algo muito mais importante - que todos os outros pecados, por tão “pesados” que possam ter, têm perdão. Esse fato é um grande “Evangelho”, ou “Boa Notícia” e deve nos animar que para que sejamos portadores dessa mensagem de perdão e reconciliação a todos.

Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Estudo sobre a Dei Verbum



O programa Por trás das palavras está com uma nova séria, o estudo da Dei Verbum. Neste vídeo, Denis Duarte te convida a se aprofundar neste documento da Igreja que trata sobre a revelação divina.



O que é a Dei Verbum?

Neste programa, Denis Duarte nos mostra por que precisamos estudar a Dei Verbum e ressalta sua importância para todo cristão católico.


Revelação na Sagrada Escritura

A Dei Verbum em seu primeiro capítulo fala sobre a Revelação Divina, e Denis Duarte, nesse programa, explica um pouco mais sobre essa revelação.



















Tradição Apostólica nas Escrituras

Um dos pontos a se estudar na Dei Verbum trata da Tradição Apostólica nas Sagradas Escrituras. Assista esse vídeo e nos acompanhe nesta série "A Dei Verbum", no programa Por trás das palavras, com Denis Duarte.



Sagradas Escrituras e Tradição Oral

A Dei Verbum também trata da importância que a Tradição Oral tem sobre o ensinamento e estudo da Bíblia, e Denis Duarte usa como exemplo os ensinamento de Santo Agostinho. Acompanhe!


















Sagradas Escrituras, Tradição e Magistério

Outro ponto que a Dei Verbum aborda e a grande relação entre Sagradas Escrituras, Tradição e Magistério. Denis Duarte esclarece a importância de manter clara essa relação.

  

Inspiração e Interpretação Bíblica

Denis Duarte, cientista da religião e especialista em Bíblia, nos fala nesse vídeo sobre a Inspiração e a Interpretação da literatura bíblica, utilizando para isso a Dei Verbum. 



Importância do Antigo Testamento

Continuando a série "A Dei Verbum", Denis Duarte hoje nos fala sobre a importância do Antigo Testamento para o estudo e o entendimento Bíblico.




Entender o Novo Testamento

O que a Dei Verbum nos ensina sobre o Novo Testamento? Denis Duarte explica a importância dos textos bíblicos do novo testamento e os Evangelhos.







A Bíblia na vida da Igreja

As Sagradas Escrituras na vida da Igreja é o tema que contempla o ultimo capítulo da Dei Verbum em seis tópicos, neste programa, Denis Duarte explicará os três primeiros tópicos.






A Bíblia na vida Da Igreja II

Ainda estudando o ultimo capítulo da Dei Verbum, onde o tema é a Sagrada Escritura Na Vida Da Igreja, Denis Duarte explica os três tópicos restantes.