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Coisas que todos os catequistas novatos deveriam saber

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terça-feira, 31 de julho de 2012

Carta Apostólica Porta Fidei, de Bento XVI, sobre o Ano da Fé





Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio
Porta Fidei 

com a qual se proclama o Ano da Fé (out/2012 - out/2013)

1. A PORTA DA FÉ (cf. Act 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar aquela porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início com o Baptismo (cf. Rm 6, 4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos crêem n’Ele (cf. Jo17, 22). Professar a fé na Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – equivale a crer num só Deus que é Amor (cf. 1 Jo 4, 8): o Pai, que na plenitude dos tempos enviou seu Filho para a nossa salvação; Jesus Cristo, que redimiu o mundo no mistério da sua morte e ressurreição; o Espírito Santo, que guia a Igreja através dos séculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor.

2. Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado, disse: «A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude» (Homilia no início do ministério petrino do Bispo de Roma, (24 de Abril de 2005): AAS 97 (2005), 710). Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado (Cf. Bento XVI, Homilia da Santa Missa no Terreiro do Paço (Lisboa – 11 de Maio de 2010): L’Osservatore Romano (ed. port. de 15/V/2010), 3.). Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas.
3. Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16). Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De facto, em nossos dias ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: «Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna» (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: «Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?» (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta de Jesus: «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação.
4. À luz de tudo isto, decidi proclamar um Ano da Fé. Este terá início a 11 de Outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de Novembro de 2013. Na referida data de 11 de Outubro de 2012, completar-se-ão também vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu Predecessor, o Beato Papa João Paulo II, (Cf. João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 113-118) com o objetivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé. Esta obra, verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985 como instrumento ao serviço da catequese (Cf. Relação final do Sínodo Extraordinário dos Bispos (7 de Dezembro de 1985), II, B, a, 4: L’Osservatore Romano (ed. port. de 22/XII/1985), 650) e foi realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de Outubro de 2012, tendo por tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Será uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé. Não é a primeira vez que a Igreja é chamada a celebrar um Ano da Fé. O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, proclamou um semelhante, em 1967, para comemorar o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo no décimo nono centenário do seu supremo testemunho. Idealizou-o como um momento solene, para que houvesse, em toda a Igreja, «uma autêntica e sincera profissão da mesma fé»; quis ainda que esta fosse confirmada de maneira «individual e colectiva, livre e consciente, interior e exterior, humilde e franca» (Paulo VI, Exort. ap. Petrum et Paulum Apostolos, no XIX centenário do martírio dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (22 de Fevereiro de 1967): AAS 59 (1967), 196). Pensava que a Igreja poderia assim retomar «exacta consciência da sua fé para a reavivar, purificar, confirmar, confessar» (Ibid.: o.c., 198.). As grandes convulsões, que se verificaram naquele Ano, tornaram ainda mais evidente a necessidade duma tal celebração. Esta terminou com aProfissão de Fé do Povo de Deus, (Paulo VI, Profissão Solene de Fé, Homilia durante a Concelebração por ocasião do XIX centenário do martírio dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, no encerramento do «Ano da Fé» (30 de Junho de 1968): AAS 60 (1968), 433-445) para atestar como os conteúdos essenciais, que há séculos constituem o património de todos os crentes, necessitam de ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado.
5. Sob alguns aspectos, o meu venerado Predecessor viu este Ano como uma «consequência e exigência pós-conciliar» (Paulo VI, Audiência Geral (14 de Junho de 1967): Insegnamenti V (1967), 801), bem ciente das graves dificuldades daquele tempo sobretudo no que se referia à profissão da verdadeira fé e da sua recta interpretação. Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, «não perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte (6 de Janeiro de 2001), 57: AAS 93 (2001), 308). Quero aqui repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: «Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja» (Discurso à Cúria Romana, (22 de Dezembro de 2005): AAS 98 (2006), 52).

6. A renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de facto, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou. O próprio Concílio, na Constituição dogmática Lumen Gentium, afirma: «Enquanto Cristo “santo, inocente, imaculado” (Heb 7, 26), não conheceu o pecado (cf. 2 Cor 5, 21), mas veio apenas expiar os pecados do povo (cf. Heb 2, 17), a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação. A Igreja “prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus”, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha (cf. 1 Cor 11, 26). Mas é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen Gentium, 8).
Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. Act 5, 31). Para o apóstolo Paulo, este amor introduz o homem numa vida nova: «Pelo Baptismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova» (Rm 6, 4). Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afectos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A «fé, que actua pelo amor» (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de acção, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17).
7. «Caritas Christi urget nos – o amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28, 19). Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de facto, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim de se tornarem seus discípulos. Os crentes – atesta Santo Agostinho – «fortificam-se acreditando» (De utilitate credendi, 1, 2). O Santo Bispo de Hipona tinha boas razões para falar assim. Como sabemos, a sua vida foi uma busca contínua da beleza da fé enquanto o seu coração não encontrou descanso em Deus (Cf. Confissões, 1, 1). Os seus numerosos escritos, onde se explica a importância de crer e a verdade da fé, permaneceram até aos nossos dias como um património de riqueza incomparável e consentem ainda a tantas pessoas à procura de Deus de encontrarem o justo percurso para chegar à «porta da fé».
Por conseguinte, só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus.
8. Nesta feliz ocorrência, pretendo convidar os Irmãos Bispos de todo o mundo para que se unam ao Sucessor de Pedro, no tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o dom precioso da fé. Queremos celebrar este Ano de forma digna e fecunda. Deverá intensificar-se a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver. Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo.
9. Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança. Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 10).  Simultaneamente esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada (Cf. João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum(11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 116) e reflectir sobre o próprio acto com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano.
Não foi sem razão que, nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados a aprender de memória o Credo. É que este servia-lhes de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido com o Baptismo. Recorda-o, com palavras densas de significado, Santo Agostinho quando afirma numa homilia sobre a redditio symboli (a entrega do Credo): «O símbolo do santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras sobre as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor. E vós recebeste-lo e proferiste-lo, mas deveis tê-lo sempre presente na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas praças e não o esquecer durante as refeições; e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso coração continue de vigília por ele» (Sermo 215, 1).
10. Queria agora delinear um percurso que ajude a compreender de maneira mais profunda os conteúdos da fé e, juntamente com eles, também o acto pelo qual decidimos, com plena liberdade, entregar-nos totalmente a Deus. De facto, existe uma unidade profunda entre o acto com que se crê e os conteúdos a que damos o nosso assentimento. O apóstolo Paulo permite entrar dentro desta realidade quando escreve: «Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé» (Rm 10, 10). O coração indica que o primeiro acto, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e acção da graça que age e transforma a pessoa até ao mais íntimo dela mesma.
A este respeito é muito eloquente o exemplo de Lídia. Narra São Lucas que o apóstolo Paulo, encontrando-se em Filipos, num sábado foi anunciar o Evangelho a algumas mulheres; entre elas, estava Lídia. «O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia» (Act 16, 14). O sentido contido na expressão é importante. São Lucas ensina que o conhecimento dos conteúdos que se deve acreditar não é suficiente, se depois o coração – autêntico sacrário da pessoa – não for aberto pela graça, que consente de ter olhos para ver em profundidade e compreender que o que foi anunciado é a Palavra de Deus.
Por sua vez, o professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos. O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um facto privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. E este «estar com Ele» introduz na compreensão das razões pelas quais se acredita. A fé, precisamente porque é um acto da liberdade, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita. No dia de Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública do crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente. É o dom do Espírito Santo que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o franco e corajoso.
A própria profissão da fé é um acto simultaneamente pessoal e comunitário. De facto, o primeiro sujeito da fé é a Igreja. É na fé da comunidade cristã que cada um recebe o Baptismo, sinal eficaz da entrada no povo dos crentes para obter a salvação. Como atesta o Catecismo da Igreja Católica, «“Eu creio”: é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do Baptismo. “Nós cremos”: é a fé da Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral, pela assembleia litúrgica dos crentes. “Eu creio”: é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: “Eu creio”, “Nós cremos”» (Catecismo da Igreja Católica, 167).
Como se pode notar, o conhecimento dos conteúdos de fé é essencial para se dar o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto é proposto pela Igreja. O conhecimento da fé introduz na totalidade do mistério salvífico revelado por Deus. Por isso, o assentimento prestado implica que, quando se acredita, se aceita livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o próprio Deus, que Se revela e permite conhecer o seu mistério de amor (Cf. Conc. Ecum. Vat. I, Const. dogm. sobre a fé católicaDei Filius, cap. III: DS 3008-3009; Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Revelação divina Dei Verbum, 5)

Por outro lado, não podemos esquecer que, no nosso contexto cultural, há muitas pessoas que, embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo. Esta busca é um verdadeiro «preâmbulo» da fé, porque move as pessoas pela estrada que conduz ao mistério de Deus. De facto, a própria razão do homem traz inscrita em si mesma a exigência «daquilo que vale e permanece sempre» (Bento XVI, Discurso no «Collège des Bernardins»(Paris, 12 de Setembro de 2008): AAS 100 (2008), 722). Esta exigência constitui um convite permanente, inscrito indelevelmente no coração humano, para se pôr a caminho ao encontro d’Aquele que não teríamos procurado se Ele não tivesse já vindo ao nosso encontro (Cf. Santo Agostinho, Confissões, 13, 1). É precisamente a este encontro que nos convida e abre plenamente a fé.
11. Para chegar a um conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável no Catecismo da Igreja Católica. Este constitui um dos frutos mais importantes do Concílio Vaticano II. Na Constituição Apostólica Fidei depositum – não sem razão assinada na passagem do trigésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II – o Beato João Paulo II escrevia: «Este catecismo dará um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial (...). Declaro-o norma segura para o ensino da fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial» (João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 115 e 117). 
É precisamente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no  Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de facto, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé.
Na sua própria estrutura, o Catecismo da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária. Repassando as páginas, descobre-se que o que ali se apresenta não é uma teoria, mas o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja. Na verdade, a seguir à profissão de fé, vem a explicação da vida sacramental, na qual Cristo está presente e operante, continuando a construir a sua Igreja. Sem a liturgia e os sacramentos, a profissão de fé não seria eficaz, porque faltaria a graça que sustenta o testemunho dos cristãos. Na mesma linha, a doutrina do Catecismo sobre a vida moral adquire todo o seu significado, se for colocada em relação com a fé, a liturgia e a oração.
12. Assim, no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante no nosso contexto cultural. Com tal finalidade, convidei a Congregação para a Doutrina da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes Organismos da Santa Sé, uma Nota, através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver, nos moldes mais eficazes e apropriados, este Ano da Fé ao serviço do crer e do evangelizar.
De facto, em nossos dias mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que, particularmente hoje, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. Mas, a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas tendem, embora por caminhos diferentes, para a verdade (Cf. João Paulo II, Carta enc. Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 34.106: AAS 91 (1999), 31-32.86-87).

13. Será decisivo repassar, durante este Ano, a história da nossa fé, que faz ver o mistério insondável da santidade entrelaçada com o pecado. Enquanto a primeira põe em evidência a grande contribuição que homens e mulheres prestaram para o crescimento e o progresso da comunidade com o testemunho da sua vida, o segundo deve provocar em todos uma sincera e contínua obra de conversão para experimentar a misericórdia do Pai, que vem ao encontro de todos.
Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2): n’Ele encontra plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se homem, do partilhar connosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N’Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação.
Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigénito, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egipto a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. Act 1, 14; 2, 1-4).
Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (cf. Mc 10, 28). Acreditaram nas palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na sua Pessoa (cf. Lc 11, 20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a sua doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos como seus discípulos depois da morte d’Ele (cf. Jo 13, 34-35). Pela fé, foram pelo mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16, 15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram fiéis testemunhas.
 Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida à volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em comum aquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (cf. Act2, 42-47).
Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho que os transformara, tornando-os capazes de chegar até ao dom maior do amor com o perdão dos seus próprios perseguidores.
Pela fé, homens e mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o Senhor, que não tarda a vir. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma acção em prol da justiça, para tornar palpável a palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos (cf. Lc 4, 18-19).
Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cf.Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados.
Pela fé, vivemos também nós, reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história.
14. O Ano da Fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da caridade. Recorda São Paulo: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade» (1 Cor13, 13). Com palavras ainda mais incisivas – que não cessam de empenhar os cristãos –, afirmava o apóstolo Tiago: «De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta. Mais ainda! Poderá alguém alegar sensatamente: “Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé”» (Tg 2, 14-18). 
A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra de realizar o seu caminho. De facto, não poucos cristãos dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo. Em virtude da fé, podemos reconhecer naqueles que pedem o nosso amor o rosto do Senhor ressuscitado. «Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40): estas palavras de Jesus são uma advertência que não se deve esquecer e um convite perene a devolvermos aquele amor com que Ele cuida de nós. É a fé que permite reconhecer Cristo, e é o seu próprio amor que impele a socorrê-Lo sempre que Se faz próximo nosso no caminho da vida. Sustentados pela fé, olhamos com esperança o nosso serviço no mundo, aguardando «novos céus e uma nova terra, onde habite a justiça» (2 Ped 3, 13; cf. Ap 21, 1).
15. Já no termo da sua vida, o apóstolo Paulo pede ao discípulo Timóteo que «procure a fé» (cf. 2 Tm 2, 22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2 Tm 3, 15). Sintamos este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé. Esta é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim.
Que «a Palavra do Senhor avance e seja glorificada» (2 Ts 3, 1)! Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro. As seguintes palavras do apóstolo Pedro lançam um último jorro de luz sobre a fé: «É por isso que exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar aflitos por diversas provações; deste modo, a qualidade genuína da vossa fé – muito mais preciosa do que o ouro perecível, por certo também provado pelo fogo – será achada digna de louvor, de glória e de honra, na altura da manifestação de Jesus Cristo. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, credes n’Ele e vos alegrais com uma alegria indescritível e irradiante, alcançando assim a meta da vossa fé: a salvação das almas» (1 Ped 1, 6-9). A vida dos cristãos conhece a experiência da alegria e a do sofrimento. Quantos Santos viveram na solidão! Quantos crentes, mesmo em nossos dias, provados pelo silêncio de Deus, cuja voz consoladora queriam ouvir! As provas da vida, ao mesmo tempo que permitem compreender o mistério da Cruz e participar nos sofrimentos de Cristo (cf. Cl 1, 24) , são prelúdio da alegria e da esperança a que a fé conduz: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10). Com firme certeza, acreditamos que o Senhor Jesus derrotou o mal e a morte. Com esta confiança segura, confiamo-nos a Ele: Ele, presente no meio de nós, vence o poder do maligno (cf. Lc 11, 20); e a Igreja, comunidade visível da sua misericórdia, permanece n’Ele como sinal da reconciliação definitiva com o Pai.
À Mãe de Deus, proclamada «feliz porque acreditou» (cf. Lc 1, 45), confiamos este tempo de graça.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 11 de Outubro do ano 2011, sétimo de Pontificado.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

“Pegou os pães, agradeceu a Deus e os distribuiu”


DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO COMUM (29.07.12)

Jo 6, 1-15



            A liturgia de hoje interrompe as leituras do Evangelho de Marcos e insere um trecho tirado do capítulo sexto de João - o que comumente chamamos o milagre da “Multiplicação dos Pães”. Logo, vale lembrar que este é o único milagre contado pelos quatro evangelhos, tanto pela tradição sinótica como da Comunidade do Discípulo Amado. Isso mostra claramente que, para as primeiras comunidades cristãs de diversas tradições, a história hoje relatada possuía um grande valor e uma mensagem muito importante.

            Os quatro relatos seguem basicamente o mesmo fio da meada, com as divergências próprias a cada tradição e teologia. O enfoque mais “sacramental” ou “eucarístico” é do João, mostrando mais uma vez uma das características da comunidade do Discípulo Amado: a de ter uma teologia eucarística mais desenvolvida.

            Embora seja um dos relatos mais conhecidos dos evangelhos, vale a pena sublinhar um elemento que talvez possa parecer estranho: embora nós sempre nos refiramos ao milagre da “multiplicação dos pães”, em nenhum dos quatro relatos usa-se o verbo “multiplicar”! Usam-se outros termos nos quatro evangelhos: “pegar”, “benzer” “distribuir”, “partilhar”! Não é o caso de discutir aqui o que foi que Jesus fez! Nem teríamos condições de descobrir. O enfoque é outro. Se os evangelistas tivessem colocado a ênfase sobre o “multiplicar”, ou seja, sobre o estritamente milagroso, então a história não teria grandes conseqüências para nós hoje, pois nós não temos o poder de fazer milagres! Mas, colocando a ênfase sobre a o “partilhar” e o “distribuir”, então os evangelistas nos desafiam hoje! Pois, partilhar e distribuir estão ao nosso alcance!

            No Brasil, com tanta gente assolada pela injustiça e miséria, não precisamos multiplicar nada! O Brasil não precisa multiplicar terras - somos um dos maiores países do mundo! Nem precisa multiplicar a renda - somos a oitava ou nona potência econômica do mundo! Não! O que precisamos é de uma partilha e uma redistribuição das terras e da renda. O que precisamos é uma mudança de mentalidade, de coração e das estruturas, e não milagres paliativos. A história de João e dos outros evangelistas insiste que a solução para a carência se acha na solidariedade, na partilha e na redistribuição, a partir da nossa fé no Deus da Vida.

            Outro elemento importante no relato joanino do evento é a atuação do menino que tinha cinco pães de cevada e dois peixinhos - o seu lanche. Mesmo sendo suficiente somente para ele, ele dispõe dos pães e peixes, através do André. Esse gesto de partilha, abençoado por Jesus, faz com que todos se fartem! O relato ressalta que foram pães de cevada - a comido do pobre. Também aqui há uma releitura de um evento na vida do profeta Eliseu, que também “multiplicou” pães de cevada (II Rs 4, 42-44.) Sem a colaboração deste rapaz simples, oferecendo o pouco que tinha, Jesus não poderia ter alimentado essas pessoas. Assim o texto nos desafia para descobrirmos quais são os “cinco pães de cevada” que cada um tem, e de colocá-los a serviço da comunidade. Quando todos partilham o pouco que têm, sobrará! Quando cada um que tem algo segura para si, falta para muitos!

            Já mencionamos que João, colocando o relato no capítulo sexto, onde tem o discurso do Pão da Vida, focaliza o aspecto eucarístico. Participar da Eucaristia é comprometermo-nos com o mundo de solidariedade e partilha, onde os bens materiais - mais do que suficientes - serão distribuídos e partilhados, criando assim, de uma maneira real entre nós, o Reinado de Deus. Como diz um canto de comunhão, “Comungar é tornar-se um perigo, viemos pra incomodar”. A mensagem da “multiplicação” dos pães incomoda, e muito, pois aponta para as conseqüências da nossa participação na Eucaristia!

Tomaz Hughes SVD
thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Missa e Celebração da Palavra com as crianças - Parte 2


O que levar em conta na preparação da Missa e da celebração da Palavra com crianças? Não basta que haja um grupo de crianças e um padre dispostos a celebrar.  Há toda uma estrutura especial que precisa ser pensada, organizada e executada, que exige dos catequistas e das equipes de liturgia um jeito apropriado de se organizar. Não é demais lembrar que a Missa é com crianças e não para elas, o que exige que tudo facilite a sua participação.
Elas constituem a assembleia orante prioritária, e são, juntamente com os adultos, os celebrantes e sujeitos da celebração.

A)   A linguagem apropriada

Essa deverá levar em conta as crianças, ainda que adultos também participem da Missa. No entanto, deve-se tomar o cuidado para que essa linguagem não seja infantilizada, isto é, reduzida a conceitos e imagens por demais enfadonhos, superficiais, esvaziando, assim, os conteúdos teológicos e espirituais da Liturgia. Há textos e orações próprias pra crianças, bem como lindas orações eucarísticas.

B) O carisma do animador e do presidente da celebração

Quem faz a animação, cuide para não se transformar num mero “narrador” de acontecimentos, como quem transmite um jogo de futebol. Evite os comentários desnecessários e explicações, o que torna a celebração muito discursiva e pouco orante.
Atenha-se a convidar para a oração, fazendo pequenas colocações e chamando a atenção da assembleia para alguns aspectos relevantes da celebração. Pela postura orante, o (a) animador (a) é sempre um referencial seguro para toda a assembleia celebrante. Para tanto, precisa ter uma boa formação litúrgica.
Quanto ao padre presidente, esse deve se esforçar para aproximar-se das crianças na linguagem e no afeto. Conseguirá naturalmente isso se for amigo delas! É importante que ele não se esqueça que seu ministério litúrgico é central na celebração e dele depende muito o bom andamento da mesma.

C) Os variados ministérios litúrgicos

A proclamação da Palavra pode ser feita por crianças, desde que essas saibam fazê-la bem, sem prejuízo para a assembleia que deseja ouvir e entender a Palavra de Deus.
É importante que haja, na comunidade, um grupo de crianças capacitadas para esse serviço litúrgico. Aprendam elas as questões básicas de postura, uso do microfone, comunicação com a assembleia e, sobretudo, a valorização e o amor à Palavra que proclamam!
Outro ministério de fundamental importância é o dos responsáveis pela animação musical. Há uma variedade de canções, compostas e gravadas especificamente para Missas com Crianças. Elas respeitam a linguagem das crianças e suas melodias são bem simples e, principalmente, belas!
Seria de muito valor que se organizassem grupos de crianças para cantar e tocar instrumentos nas suas celebrações. Com a assessoria de adultos capacitados, que as próprias crianças escolham as músicas apropriadas para a Missa e facilitem a participação, sempre alegre, das outras crianças e também dos adultos presentes na celebração.
Outros serviços litúrgicos podem ser confiados crianças, como a distribuição de folhetos de canto, o manuseio de fantoches, a participação nas procissões de entrada, da Palavra e da apresentação dos dons, o cuidado das crianças menores etc.




Pe Vanildo Paiva
Publicado originalmente no Jornal Mundo Jovem em Março de 2010

sexta-feira, 20 de julho de 2012

“Jesus teve compaixão”


DÉCIMO SEXTO DOMINGO COMUM (22.07.12)

Mc 6, 30-34
            Até uma leitura superficial do texto de hoje faz saltar aos olhos um tema muito central - o da “compaixão” de Jesus. Aliás, os evangelhos todos - e especialmente Lucas - enfatizam este aspecto da personalidade e da missão de Jesus. Ele demonstrou a quem o encontrasse a verdadeira natureza de Deus: de ter compaixão para todos os que sofrem.

            Os versículos de hoje demonstram este traço de Jesus no seu relacionamento com os discípulos e com as multidões.

            Com os discípulos, Ele ressalta a necessidade de descanso depois das tarefas apostólicas. Quando voltam empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças. Jesus tem critérios que não correspondem com o grande critério da nossa sociedade - o da eficácia! Para Ele, os apóstolos não eram máquinas, mas pessoas humanas que necessitavam de serem tratadas como tal. O trabalho - mesmo o trabalho missionário - não é o absoluto. Jesus reconhece a necessidade de um equilíbrio entre todos os aspectos da vivência humana. Aqui há uma lição para muitos cristãos engajados hoje - embora devamos nos dedicar ao máximo pelo apostolado, não devemos descuidar das nossas vidas particulares, do cultivo de valores espirituais, da saúde e do relacionamento afetivo com os outros. Caso contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras máquinas ou funcionários do sagrado, que não mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai.

            Mais ainda, o texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo sofrido. Era tão procurado pelo povo, rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. Quando Ele se retirava, o povo ia atrás d’ Ele. O que atraía tanta gente? Com certeza não foi em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de irradiar compaixão, de demonstrar de uma maneira concreta o amor compassivo de Deus. Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, literalmente, sofria junto, e tinha uma empatia pelos sofredores, que se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da personalidade de Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros hoje, para que não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai. Infelizmente a frieza humana freqüentemente marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral. Em um mundo que exclui, que marginaliza e que só valoriza quem consome e produz, o texto de hoje nos desafia para que nos assemelhemos cada vez mais a Jesus, irradiando compaixão diante das multidões, hoje, como dois mil anos atrás, semelhantes a “ovelhas sem pastor”.

 Tomaz Hughes SVD
thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Missa e Celebração da Palavra com as crianças - Parte 1


A IMPORTÂNCIA DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

A celebração Eucarística é, por excelência, a mais completa forma de celebrar a fé e a vida. Se toda a liturgia é ponto de chegada e ponto de partida da vida da Igreja (cf. SC 10), muito mais se pode dizer da Missa. A presença do Ressuscitado é sinal de esperança e coragem, para que vençamos nossa história cotidiana de paixão e vejamos florescer, em nosso meio, os sinais da vida em plenitude.

Para a Catequese, a celebração Eucarística tem um sentido muito forte. Na verdade, a catequese inicial tem na Eucaristia uma das suas maiores referências. Ainda que a Eucaristia não seja ponto final da caminhada catequética, mas passagem sempre constante e renovadora, ela ocupa grande parte da atenção e esforços do processo catequético.

TEM SENTIDO “MISSA COM CRIANÇAS”?

Há um antigo documento da CNBB, “Diretório para missas com grupos populares”, número 11, que traz interessantes considerações sobre a Missa com crianças.  Lá, se lê: “Portanto, os catequistas devem se empenhar nessa tarefa, a fim de que as crianças, conscientes de um certo sentido de Deus e das coisas divinas, experimentem, segundo a idade e o progresso pessoal, os valores inseridos na celebração eucarística, tais como: ação comunitária, acolhimento, capacidade de ouvir, bem como a de pedir perdão, ação de graças, percepção das ações simbólicas, da convivência fraterna e da celebração festiva.”.

A comunhão eucarística é uma das maneiras privilegiadas da presença do próprio Senhor na vida de seu povo. (cf. SC 07) O mesmo Deus, que se dá em alimento no mistério do Pão e do Vinho consagrados, também se oferece em alimento na sua Palavra, que antecede e prepara a comunhão eucarística, na unidade das duas “mesas”.·.
                    
A constituição conciliar sobre a Palavra de Deus, Dei Verbum, já proclamava: “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo do Cristo o pão da vida, e o distribui aos fiéis” (21).

Sendo assim, a Missa com Crianças tem mais sentido e é realmente uma iniciação à Eucaristia se conta com boa participação das crianças que já fizeram a sua Primeira Eucaristia e também com a presença de adultos que comungam.

O exemplo de amor e devoção à Eucaristia é assimilado na coparticipação das crianças na mesma assembleia litúrgica, ainda que não participem do Pão e do Vinho consagrados.  Todos, no entanto, são alimentados pela Palavra, assim como tantos  que estão excluídos do Sacramento da Eucaristia são exortados à escuta da Palavra na celebração da Missa (cf. Encíclica Familiaris Consortio, 84).

Isso não dispensa, pelo contrário, incentiva outras modalidades de celebração, com alguns elementos comuns à própria Missa.  Sobretudo a escuta da Palavra deverá marcar esses encontros celebrativos, além de símbolos que ajudem na oração e conduzam à participação mais plena e consciente da Missa (cf. SC 11) e à vivência do ano litúrgico (cf. SC 102).
(continua...)                      



Pe Vanildo Paiva
Publicado originalmente no Jornal Mundo Jovem em Março de 2010

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Evangelho de São Marcos


O evangelista Marcos (também se chamava João Marcos) foi participante das comunidades cristãs primitivas. Conheceu a Jesus através do testemunho marcante de sua mãe, chamada Maria (cf. At 12,12). Em sua casa, em Jerusalém, reunia-se uma comunidade. Aí os cristãos e cristãs faziam orações, celebravam a ceia e recordavam as palavras e ações de Jesus. O próprio São Pedro frequentava esta casa. Mais tarde, Marcos tornou-se missionário junto com seu primo Barnabé e Paulo (cf. At 12,25; 13,5). Acompanhou também a Pedro que tinha por Marcos uma predileção muito especial: ele o chamava de filho (cf. 1Pd 5,13).
A Tradição da Igreja atribui a Marcos a redação do primeiro Evangelho. É o primeiro, não na lista do Novo Testamento como está na Bíblia, mas porque foi escrito antes dos outros Evangelhos. Foi ao redor do ano 70. Nesta época, as comunidades cristãs passavam por muitos conflitos, perseguições e problemas internos. A cidade de Jerusalém, onde morava a família de João Marcos, foi destruída pelo exército romano. Foi destruído também o Templo, centro político-religioso dos judeus.
Este acontecimento foi precedido pela chamada “guerra judaica”, onde o grupo dos Zelotes liderou um movimento de forte oposição ao Império Romano. Certamente os cristãos se perguntavam se deviam ou não participar deste movimento. Alguns a favor, outros contra: criaram-se divisões internas. Além disso, entre as lideranças comunitárias, existiam conflitos de poder, competições, invejas, ciúmes... Conflituoso também era o relacionamento entre os cristãos de origem judaica com as pessoas estrangeiras. Havia ainda problemas sociais muito sérios: gente marginalizada, doente, oprimida...
Dá para imaginar que estas situações causavam crises muito sérias que afetavam profundamente a vida das comunidades cristãs. Muitas pessoas até se perguntavam se valia a pena seguir a Jesus; algumas desistiram deste caminho e seguiram outras propostas menos exigentes, acomodando-se no ninho do poder e buscando seus próprios interesses...
Marcos e sua comunidade, inspirados e fortalecidos pelo Espírito Santo, sentem que devem fazer alguma coisa para ajudar a superar estas crises. Constatam, em suas reflexões, que há graves desvios da prática de Jesus, expressos no cotidiano da vida das comunidades cristãs. Decidem, então, resgatar, por escrito, a pessoa e a proposta de Jesus Cristo. E o fazem em forma de “Evangelho”: Boa Notícia que ilumina e transforma a vida de todas as pessoas que a lêem, a ouvem atentamente e a põem em prática.
O grande objetivo do Evangelho de Marcos é revelar quem é Jesus. Desde o início vai deixando claro que Ele é o Filho de Deus. Esta revelação está no começo, na apresentação do Evangelho (1,1) e confirmada por Deus Pai no Batismo de Jesus (1,11); está no meio, quando Pedro, em nome de todo o grupo dos discípulos, expressa que Jesus é o Cristo (8,29) e novamente confirmada por Deus Pai na Transfiguração (9,7); e está no fim, no momento da morte de Jesus, quando o centurião declara: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus” (15,39).
Podemos dividir o Evangelho de Marcos em duas grandes partes. O texto divisor é o da declaração de fé de Pedro (8,27-30). A grande preocupação da primeira parte é narrar as ações de Jesus, com a intenção primordial de mostrar que o Filho de Deus veio ao mundo para libertar o ser humano de tudo o que o oprime. Grande parte do Ministério de Jesus acontece ao redor do Mar da Galiléia, no meio de pessoas necessitadas, com incursões rápidas para regiões vizinhas. Vemos que Jesus é normalmente acompanhado pelos discípulos e uma grande multidão. Os discípulos, porém, têm uma grande dificuldade de entender quem é, realmente, Jesus. Olham para ele e o acompanham, imaginando que fosse um grande líder que poderia tornar-se rei, à moda dos poderosos deste mundo. Assim, eles também poderiam satisfazer suas ambições, tornando-se grandes. Estão, na verdade, totalmente cegos.
Na segunda parte, Jesus vai preocupar-se essencialmente com a formação de uma nova consciência nos discípulos. As multidões diminuem. Aqui, a intenção é mostrar que tipo de Messias é Jesus. Os discípulos precisam ser curados de sua cegueira. A caminho de Jerusalém, Jesus insiste que vai ser perseguido, preso, condenado e morto. Os discípulos não entendem e não admitem que tal coisa aconteça. Pelo contrário, discutem entre si quem vai ser o maior. Na verdade, somente vão entender quem é Jesus, após sua morte.
O Evangelho de Marcos, portanto, nos revela o verdadeiro rosto de Jesus, o Filho de Deus, que morou entre nós e nos resgatou de nossa condição de pecadores para uma vida em plenitude. Ele veio para servir e não para ser servido. Este é um dos principais recados deste Evangelho: os seguidores e seguidoras de Jesus não devem entrar no jogo do poder. O Reino de Deus – o mundo de fraternidade, de justiça e de paz -, somente acontecerá se promovermos entre nós, a partir de nossa casa e de nossa comunidade, relações baseadas no serviço mútuo, no perdão recíproco, na tolerância respeitosa, na partilha segundo a necessidade de cada pessoa... Enfim, o Reino de Deus está no meio de nós, na medida em que assumimos atitudes cotidianas que expressem o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Celso Loraschi 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

“Dava-lhes poder sobre os espíritos maus”


DÉCIMO QUINTO DOMINGO COMUM (15.07.12)





Mc 6, 7-13



            Estes versículos dão início ao terceiro e último bloco da primeira parte do Evangelho de Marcos,( 6,6b-8,21) que podemos intitular “a cegueira dos discípulos”. É a continuidade dos primeiros dois blocos que tratavam da cegueira das autoridades e dos parentes de Jesus. O nosso texto trata da missão dos discípulos. Vale a pena examinar mais de perto as frases que Marcos usa.

            O primeiro elemento é que a missão de Jesus, o de construir o Reino de Deus, continua na missão dos discípulos. A base da missão é o compromisso com Jesus e o seu projeto. Em nossos termos hoje, cumpre lembrar que a origem da missão está no nosso batismo. Todos somos Discípulos-Missionários. Se somos clero, religiosos ou leigos é secundário. A missão comum vem do batismo comum de todos nós. A maneira de vivenciarmos a missão pode ser diferente e variar; mas, a missão é fundamentalmente igual.

            Ele os enviou dois a dois. Uma maneira bonita de mostrar que a missão cristã é comunitária! Não existe um cristianismo individualista. A nossa fé tem conseqüências profundas comunitárias. Um alerta para que não caiamos na tentação de criarmos uma religião individualista e intimista, tão comum no nosso mundo de competitividade e pós-modernidade.

            Jesus dava-lhes poder sobre os espíritos imundos! Claro, aqui se expressa uma realidade importante nos termos da cosmovisão da época. “Espíritos imundos” significam tudo que pudesse se opor ao Reino. Tudo cujos valores fossem diferentes do Reino. Infelizmente, ainda hoje muitos interpretam essas palavras ao pé da letra, e criam uma religião que sataniza e demoniza quase tudo, uma religião de exorcismos e diabos - mas sempre no nível intimista e individual. Devemos nos perguntar - quais os espíritos imundos em nós, nas nossas comunidades, na nossa sociedade, que precisam ser expulsos? Não é difícil achá-los: tudo que se opõe à vida, à dignidade humana, à justiça e à solidariedade. Onde se vive o Evangelho, não há lugar para o espírito de individualismo, de competitividade, de exclusão, que é característica da nossa sociedade neoliberal, nossa sociedade de morte! O cristão não pode compactuar com tal sociedade e com as suas estruturas. As nossas celebrações não são para nos refugiarmos nelas, mas para nos fortalecermos na luta pelo mundo novo, pela utopia de Jesus! Por isso, em primeiro lugar, os discípulos tinham que se libertar do espírito de acúmulo - não levar coisas, como sinal da chegada do Reino.

            Mas, Jesus os adverte que nem todos iriam acolher a sua mensagem - pois a mensagem de Jesus necessariamente entra em conflito com o espírito do egoísmo, enraizado na sociedade. Vale para os nossos tempos - uma Igreja comprometida com os valores do Evangelho será uma Igreja rejeitada pelos poderes desse mundo. Quando somos bem aceitos por todos, é porque não questionamos, porque perdemos a nossa voz profética! A Igreja verdadeira suscita mártires (literalmente, testemunhas) e não acomodados!

            O nosso texto nos convida a um exame de consciência sobre a “missionariedade” da nossa vida. A minha vida, a da minha comunidade, se resumem na vivência interna das estruturas da Igreja, ou me leva a ser testemunha no meio da sociedade, profetizando e demonstrando a chegada do Reino, não tanto pelas palavras, mas pelos valores que vivencio? Uma Igreja que não seja missionária (que não significa ser prosélita) é uma Igreja morta. Lembremo-nos que, pelo batismo, somos todos discípulos-missionários, continuadores da missão de Jesus! 

 Tomaz Hughes SVD
thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Programação do Ano da Fé


Foi apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé o programa de atividades para o Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI de 11 de outubro a 24 de novembro de 2013.
No ato estiveram presentes o Presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella e o Subsecretário do dicasterio, Dom Graham Bell.
Conforme foi informado à imprensa, os eventos mais importantes deste especial ano contarão com a presença do Santo Padre e serão realizados em Roma. Entre estes destaca-se a abertura do Ano da Fé na Praça de São Pedro (na quinta-feira 11 de outubro) com uma solene Eucaristia, concelebrada por todos os Padres sinodais, os presidentes das Conferências Episcopais e alguns clérigos que participaram do Concílio Vaticano II.

Em 21 de outubro se canonizarão sete mártires e confessores da fé. Entre eles o francês Jacques Barthieu; o filipino Pedro Calugsod; o italiano Giovanni Battista Piamarta; a espanhola María Del Carmen; a iroquesa Katheri Tekakwhita e as alemãs Madre Marianne (Barbara Cope) e Anna Schäffer.

Em 25 de janeiro de 2013, na tradicional celebração ecumênica na Basílica de São Pablo Extramuros, rezará-se para que “através da profissão comum do Símbolo os cristãos (…) não esqueçam o caminho da unidade”.

No dia 28 de abril o Santo Padre celebrará a crisma de um grupo de jovens e no domingo 5 de maio estará dedicado à piedade popular e ao trabalho das confrarias.
No dia 18 de maio, vigília de Pentecostes, haverá um encontro de movimentos eclesiais na Praça de São Pedro. No domingo 2 de junho, celebração do Corpus Christi, haverá uma solene adoração Eucarística, que será realizado à mesma hora em todas as catedrais e igrejas do mundo.

O domingo 16 de junho estará dedicado ao testemunho do Evangelho da Vida. No dia 7 de julhoconcluirá na Praça de São Pedro a peregrinação dos seminaristas, noviças e noviços de todo o mundo.

No dia 29 de setembro haverá uma celebração pelo aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica enquanto o 13 de outubro estará dedicado à presença da Maria na Igreja.

Finalmente, em 24 de novembro de 2013 se celebra a jornada de encerramento do Ano da Fé.

Do mesmo modo, indicou-se que os diversos dicastérios têm programadas iniciativas publicadas no calendário. Entre os eventos culturais destaca-se uma exposição sobre São Pedro em Castel Sant’Angelo (7 fevereiro- 1 maio 2013) e um concerto na Praça de São Pedro (22 de junho 2013).

A Jornada Mundial da Juventude, que será celebrada no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho de 2013 também ocorrerá no contexto do ano da Fé e contará com a presença do Santo Padre.