"CHIQUE É CRER EM DEUS"

Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... Mas, Amor e Fé nos  tornam humanos!

Coisas que todos os catequistas novatos deveriam saber

Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.

O catecismo responde.

Respostas sobre dúvidas sonbre o Sacramento do Batismo

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Especial sobre Quaresma

Encontre aqui tudo que já publicamos sobre esse tempo.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

“Este povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim”


          
VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO COMUM (02.09.12)

Mc 7, 1-8.14-15.21-23




          Para que entendamos o alcance do nosso texto de hoje, é necessário entender o contexto religioso do tempo de Jesus. Entre os elementos chaves na prática religiosa do judaísmo daquela época, estavam os conceitos de “puro” e “impuro”. Na nossa teologia, não é possível cometer um pecado inconscientemente; mas, para o povo do tempo de Jesus, o pecado tinha uma existência quase independente das pessoas. Certos atos, certos lugares, certas profissões tornavam as pessoas impuras, isso é, não aptas para participar do culto, sem primeiro passar pelos ritos de purificação. A seita dos Essênios levava a preocupação com a pureza ritual aos extremos; também os fariseus - cujo nome vem de uma palavra que significa “separados” - davam suma importância à pureza ritual, assim, muitas vezes, impossibilitando o acesso do povo comum ao culto do Deus da vida.
            Diante dessa situação, a prática de Jesus era altamente libertadora. Sem recusar-se a participar nos ritos tradicionais, pois era judeu piedoso e praticante, Ele entendeu que nada que vem de fora da pessoa é capaz de deixá-la impura! Jesus recuperava a visão dos profetas, que tradicionalmente tinham conclamado o povo para que vivesse a justiça e a prática da vontade de Deus, em lugar de se preocupar primariamente com rituais externos. Jesus reintegrava as massas pobres, excluídas da vivência comunitária pelas exigências de pureza, impossíveis de serem seguidas na prática pela maioria. Ele voltava a atenção às disposições internas das pessoas, que realmente podiam deixar as pessoas “impuras” diante de Deus: “as más intenções, a imoralidade, os roubos, crimes, adultérios, ambições sem limite, maldade, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo” (v. 21-22).
Assim Jesus recupera o ensinamento de profetas como o Terceiro Isaías (Is 56-66), que diante das injustiças cometidas por pessoas que viviam na pureza ritual enquanto oprimiam os seus irmãos e ainda esperavam a proteção de Deus, denunciava: “O jejum que eu quero é este: acabar com as prisões injustas, desfazer as correntes do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e despedaçar qualquer jugo; repartir a comida com quem passa fome, hospedar em sua casa os pobres sem abrigo, vestir aquele que se encontra nu, e não se fechar à sua própria gente” (Is 58, 6-7).
Também é um desafio hoje examinarmos a realidade de nossa prática religiosa. Sem negar a importância e o papel de celebrações, ritos, rituais e devoções, o nosso texto exige de nós seguidores de Jesus um sério exame de consciência, para que verifiquemos se a nossa religião não está frequentemente semelhante à dos fariseus - perfeita nas expressões externas, mas vazia por dentro - ou se é como aquela que os profetas e Jesus propõem, uma religião de prática de solidariedade e justiça, brotando da fé, e coerente com a nossa fé no Deus da vida, onde os ritos têm o seu lugar, mas como expressão de um verdadeiro compromisso com o Reino de Deus. Que não se torne realidade nossa a denúncia de Jesus diante do legalismo farisaico: “este povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim” (v. 6).


 Pe. Tomaz Hughes SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Setembro: Mês da Bíblia


“A Bíblia foi escrita para nos ajudar a decifrar o mundo,
para nos devolver o olhar da fé e da contemplação, para transformar nossa realidade numa grande revelação de Deus”.
(Santo Agostinho)
A Bíblia, desde sempre, faz parte da caminhada do povo de Deus. “É nela que penduramos todo o nosso trabalho”, conforme nos ensina frei Carlos Mesters. A partir do Concílio Vaticano II, marco fundamental para o florescimento de uma Pastoral Bíblica da Igreja no Brasil, a Bíblia foi conquistando espaço e recuperando sua condição de valor fundamental na vida e na missão da Igreja.
No Brasil, o desejo de conhecimento e de vivência da Palavra fez surgir, com muito sucesso, a prática da leitura e reflexão da Bíblia nas famílias, nos quarteirões, nos círculos bíblicos, em grupos de reflexão, grupos de rua.
O Mês da Bíblia, criado em 1971 com a finalidade de instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e a difusão da Bíblia, também foi fundamental para aproximar a Bíblia do povo de Deus. Propondo um livro – ou parte dele – para ser estudado e refletido a cada ano, o Mês da Bíblia tem contribuído eficazmente para o crescimento da animação bíblica de toda pastoral.
Em continuidade a esta história, a Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-catequética da CNBB definiu que, no Mês da Bíblia dos próximos quatro anos (2012-2105), serão estudados os evangelhos de Marcos (2012), Lucas (2013) e Mateus (2014), conforme a sequência do Ano Litúrgico, completando com o estudo de João em 2015.
Esta sequência repete a experiência feita entre 1997-2000, por ocasião da celebração do Jubileu 2000. O enfoque, agora, é outro. Visa reforçar a formação e a espiritualidade dos agentes e dos féis através do seguimento de Jesus, proposto nos quatro evangelhos. Está tanto na perspectiva de discípulos missionários e da Missão Continental, conforme nos pede a Conferência de Aparecida, quanto no esforço da Nova Evangelização proposta pelo papa Bento XVI.
Cada evangelho será relido na perspectiva da formação e do seguimento, destacando o que é específico de cada evangelista, bem como da comunidade que está por trás de cada evangelho.
No Mês da Bíblia deste ano de 2012, será estudado o evangelho de Marcos a partir do tema “Discípulos Missionários a partir do evangelho de Marcos” e do Lema “Coragem! Levanta-te, ele te chama!”  (Mc 10,49).
O material – livro para aprofundamento e círculos bíblicos- já está pronto e poderá ser adquirido no Secretariado Regional da CNBB: vendascnbbne3@gmail.com / (71) 3329 4168.
E também nas Edições CNBB Nacional -  vendas@edicoes.cnbb.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. .
Carlos Mester diz: “Deus através da Bíblia quer entrar numa conversa bem viva conosco. As Palavras da Bíblia são palavras do amor de Deus, o criador para as suas criaturas, homens e mulheres semelhantes a ele. E acrescenta: A VIDA AJUDA A LER A BÍBLIA E A BÍBLIA AJUDA A LER A VIDA”.
Equipe Regional

sábado, 25 de agosto de 2012

Mensagem ao Catequista


“Deus é testemunha do quanto queremos bem a vocês com a ternura de Jesus Cristo” (Fl 1,8).




No espírito da rede de comunhão que fortalece nossa ação evangelizadora, queremos expressar com o apóstolo Paulo, o quanto cada um/a de vocês catequista, educador da fé, são importantes para a Dimensão Bíblico-Catequética. Bendito seja Deus por tudo! Um hino de louvor a nossa Divindade Maior, o Deus da Vida! Somos gratos a todos/as pelo empenho na diaconia/serviço que prestam à Igreja no Brasil, particularmente a Igreja do Regional Nordeste 3 - Bahia e Sergipe, nas suas respectivas dioceses. Obrigada pela dedicação à missão evangelizadora e catequética de apaixonar as pessoas para se encontrarem com Jesus.

Construímos neste trabalho catequético uma grande cirando. Uma roda que no seu girar sonoro e brincante foi tecendo laços de afetos, de compromisso, de fé, de disciplina, de prazer, de tenacidade... Foi rodando e configurando o espaço de encanto, de amadurecimento da fé, do sagrado, do humano, onde mora a utopia, se encarna a esperança e a vontade de nos tornarmos Discípulo Missionário de Jesus Cristo. Tudo isso foi possível graças à partilha de vossos dons! Por isso, o nosso presente a você catequista é um grande abraço fraterno do nosso querer bem e um muito obrigado!
Agradecemos e abraçamos a todos e todas que fazer parte dessa ciranda humanizadora da catequese: os coordenadores diocesanos, os assessores, os alunos da Escola Dom Jairo, os seminaristas, os padres, os bispos, as famílias, e demais pessoas, servidoras do Reino, que em sua vocação e missão cumpre a tarefa de educar na fé.
Essa comemoração deve nos lembrar, portanto, que nesta caminhada temos o grande desafio e compromisso de juntos tornarmos sempre mais a nossa Igreja “casa da iniciação à vida cristã” e um “lugar de animação bíblica da vida e da pastoral”. É o que está presente nas DGAE, nas duas Urgências na Ação Evangelizadora, que dizem respeito diretamente ao nosso agir bíblico-catequético.
Que a Palavra de Deus inspire em nós o desejo de vivermos a comunhão a exemplo das primeiras comunidades cristã.  “... Diariamente, todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povoE a cada dia o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação”. At  2, 46-47
Parabéns! Que o Espírito Santo, a Ruah do Deus Criador que possibilita a Vida nos faça maior do que nossa pequenez.
“...Nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove...., é o que dá sentido à vida...”
  (Cora Coralina)
Cordialmente, Ir. Luciene Macedo – CF
Pela equipe de coordenação do Regional NE3

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

“Tu tens palavras de vida eterna”




Jo 6, 60-69
21º domingo do tempo comum

Aqui temos a conclusão do grande discurso sobre o Pão da Vida. Mais uma vez, a bíblia deixa claro que diante de Jesus e das suas palavras, o ouvinte tem que tomar uma decisão radical. Os versículos do nosso texto não escondem o fato que nem todos conseguem optar por Jesus.
As primeiras palavras de hoje, “depois de ter ouvido isso”, demonstram que a divisão nasceu a partir de algum ensinamento de Jesus, sem explicitar o motivo exato da discussão. As preocupações comunitárias dos versículos anteriores, a afirmação de Jesus de que Ele dá o seu corpo como pão da vida e o fato que o texto se dirige aos discípulos, indicam que provavelmente foi o discurso eucarístico a fonte de divisão. Porém, a afirmação de Jesus de que ele “dá a vida” - o que causou já uma divisão em 5, 19-47, e a identificação da sua palavra reveladora com “o pão vindo do céu” na primeira parte do discurso, talvez tenham criado a controvérsia. De qualquer maneira é importante notar que a divisão não se dá entre “os judeus”, mas entre os próprios discípulos, muitos dos quais abandonam Jesus neste momento. Sem dúvida, essa história reflete a experiência da Comunidade do Discípulo Amado, na década de 90, quando estava sentindo na pele as dores de divisão, pois muitos dos seus membros estavam abandonando-a (essa divisão é o pano do fundo das três Cartas Joaninas).
        É muito interessante a reação de Jesus diante do abandono da maioria dos seus discípulos. Ele não arreda o pé mas, com toda calma, até convida os Doze para saírem, se não podem aceitar a sua palavra. Jesus não se preocupa com números - mas com a fidelidade ao Pai. Talvez até fique sozinho, mas não vai diluir em nada as exigências do seguimento da vontade do Pai. Um exemplo importante para nós, pois muitas vezes caímos na tentação de julgar o êxito pelos números! Igrejas cheias indicam sucesso! Mas nem sempre é assim - é mais importante ser coerente com o Evangelho, custe o que custar, do que “fazer média” com a sociedade, às vezes através de uma pregação tão insossa, que reduz a religião a mero sentimentalismo, sem consequências sociais.
Mas devemos cuidar de não interpretar erradamente as palavras de Jesus em v. 63 quando diz que “É o Espírito que vivifica, a carne para nada serve”. Às vezes, usa-se essa frase (e outras de João) para justificar uma religião dualista, onde tudo que é “espírito” é bom e tudo que é material é do mal! Aqui João não distingue duas partes do ser humano; mas, duas maneiras de viver! A “carne” é a pessoa humana entregue a si mesma, incapaz de entender o sentido profundo das palavras e dos sinais de Jesus; o “espírito” é a força que ilumina as pessoas e abre os seus olhos para que possam entender a Palavra de Deus que se pronuncia em Jesus.
Diante do desafio de Jesus, Pedro resume a visão dos que percebem em Jesus algo mais do que um mero pregador. A quem iriam? Pois só Jesus tem as palavras de vida eterna! Declaração atual, pois é moda na nossa sociedade - até entre muitos católicos praticantes - de correr atrás de tudo que é novidade: supostas aparições, videntes, esoterismo, religiões orientais, gnosticismo e tantas outras propostas, às vezes até esdrúxulas, enquanto se ignora a Palavra de Deus nas Escrituras.
O texto de hoje nos convida a nos examinarmos, a verificarmos se estamos realmente buscando a verdade onde ela se encontra, ou se a deixamos de lado, achando - como a multidão no texto - que o seguimento de Jesus “é duro demais”! No meio de tantas propostas de vida, estamos convidados a reencontrarmos a fonte da verdadeira felicidade e da verdadeira vida, fazendo a experiência de Pedro, que descobriu que Jesus “tem palavras de vida eterna”.

Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br

sábado, 18 de agosto de 2012

Terceira semana: Vocação para a vida Consagrada: religiosos(as) e consagrados(as) seculares




Um dia para a vida religiosa. No terceiro domingo do mês vocacional celebramos a vocação religiosa. Quando nos referimos à vida religiosa temos presente os homens e mulheres que vivendo em comunidade, buscam a perfeição pessoal e assumem a missão própria do seu Instituto, Ordem ou Congregação. Na solenidade da Assunção de Maria ao céu, a Igreja lembra que a Mãe de Jesus é modelo para todos os cristãos, e, de forma particular, dos que se consagram a Deus pelos conselhos evangélicos: pobreza, castidade e obediência. Hoje existem diferentes formas de vida consagrada, desde os que testemunham a fé em comunidades, apostólicas, contemplativas e monásticas, até os que, pessoalmente, se inserem nas realidades profissionais e evangelizadoras, e aí vivem sua consagração e missão. Recordamos aqui os inúmeros Institutos Seculares. Na Igreja do Brasil lembramos dos consagrados e consagradas no terceiro domingo de agosto. O Papa João Paulo II instituiu uma data especial para a vida consagrada, dia 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor.
A vocação à vida consagrada. O fundamento evangélico da vida consagrada está na relação que Jesus estabeleceu com alguns de seus discípulos, convidando-os a colocarem sua existência ao serviço do Reino, deixando tudo e imitando mais de perto a sua forma de vida. A origem da vida consagrada está, pois, no seguimento de Jesus Cristo a partir da profissão pública dos conselhos evangélicos. A referência vital e apostólica são os carismas de fundação. Sua função consiste em dar testemunho de santidade e do radicalismo das bem-aventuranças. Exige-se dos consagrados total disponibilidade e testemunho de vida, levando a todos o valor da vocação cristã. São sinais visíveis do absoluto de Deus através do sinal de Jesus Cristo histórico pobre, casto e obediente.
A missão da vida consagrada. A vida consagrada, em suas diversas formas, tanto apostólica como contemplativa e monástica, é evangelizadora pela sua própria existência. As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil dizem que a vida consagrada evangeliza na medida em que “vive radicalmente a experiência cristã e testemunha a entrega total no seguimento de Cristo”. Não só, o melhor serviço está na “força pastoral que lhe vem, sobretudo do fato de ser expressão do seguimento de Cristo no meio do Povo de Deus que é sinal de esperança para ele”. A presença dos consagrados e consagradas em nossas comunidades é significativa e imprescindível, pelo que são e pelos serviços que prestam nos diferentes campos pastorais. Os religiosos e religiosas encontraram novas maneiras de viver em comunidades inseridas e de animar as comunidades eclesiais e as pastorais específicas. Ou seja, em tudo a vida consagrada tem aprofundado sua consagração a Deus na vivência dos conselhos evangélicos em vista da construção do Reino.
Vamos rezar pelos religiosos e religiosas, pelos consagrados e consagrados, para que sejam entre nós sinais vivos e confiáveis do amor de Deus e de seu Reino. Com eles vamos formar a grande comunidade, que é a Igreja, em sua missão de evangelização.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

“Você é bendita entre as mulheres"

FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA (19.08.12)

Lucas 1, 39-45



        Para entender bem a finalidade de Lucas em relatar os eventos ligados à concepção e nascimento de Jesus, é essencial conhecer algo da sua visão teológica. Para ele, o importante é acentuar o grande contraste, mesmo que haja também continuidade, entre a Antiga e a Nova Aliança. A primeira está retratada nos eventos que giram ao redor do nascimento de João Batista, e tem os seus representantes em Isabel, Zacarias e João; a segunda está nos relatos ao redor do nascimento de Jesus, com as figuras de Maria, José e Jesus. Para Lucas, a Antiga Aliança está esgotada - os seus símbolos são Isabel, estéril e idosa, Zacarias, sacerdote que duvida do anúncio do anjo, e o nenê que será um profeta, figura típica do Antigo Testamento. Em contraste, a Nova Aliança tem como símbolos a jovem virgem de Nazaré que acredita e cujo filho será o próprio Filho de Deus. Mais adiante Lucas enfatiza este contraste nas figuras de Ana e Simeão, no Templo, (Lc 2, 25-38), especialmente quando Simeão reza: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz. Porque meus olhos viram a tua salvação” (2, 29).  Por isso, não devemos reduzir a história de hoje a um relato que pretende mostrar a caridade de Maria em cuidar da sua parenta idosa e grávida. Se a finalidade de Lucas fosse essa, não teria colocado versículo 56, que mostra ela deixando Isabel antes do nascimento de João: “Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa”.  É só depois que Lucas trata no nascimento de João.
        Também não é verossímil que uma moça judia de mais ou menos quatorze anos enfrentasse uma viagem tão perigosa como a da Galiléia à Judéia! A intenção de Lucas é literária e teológica. Ele coloca juntas as duas gestantes, para que ambas possam louvar a Deus pela sua ação nas suas vidas, e para que fique claro que o filho de Isabel é o precursor do filho de Maria. Por isso, Lucas tira Maria de cena antes do nascimento de João, para que cada relato tenha somente as suas personagens principais: de um lado, Isabel, Zacarias e João; do outro lado, Maria, José e Jesus.
        O fato que a criança “se agitou” no ventre de Isabel faz recordar algo semelhante na história de Rebeca, quando Esaú e Jacó “pulavam” no ventre dela, na tradução da Septuaginta de Gn 25, 22. O contexto, especialmente versículo 43, salienta que João reconhece que Jesus é o seu Senhor. Com a iluminação do Espírito Santo, Isabel pode interpretar a “agitação” de João - é porque Maria está carregando o Senhor.
        As palavras referentes à Maria: “Você é bendita entre as mulheres, e bendito é o fruto do seu ventre” (v. 42) fazem lembrar mais duas mulheres que ajudaram na libertação do seu povo: Jael (Jz 5, 24) e Judite (Jd 13, 18). Aqui Isabel louva a Maria que traz no seu ventre o libertador definitivo do seu povo.
        Finalmente, vale destacar o motivo pelo qual Isabel chama Maria de “bem-aventurada” (v. 45): “Bem-aventurada aquela que acreditou”. Maria é bendita em primeiro lugar, não pela sua maternidade, mas pela fé - em contraste com Zacarias, que duvidou. Aqui Maria é principalmente modelo de fé.
        Podemos também acrescentar que neste primeiro capítulo nós encontramos as frases da primeira parte da oração da “Ave Maria”: “Ave Maria” (1, 28); “Cheia de graça” (1, 28); “O Senhor é convosco” (1, 28); “Bendita sois vós entre as mulheres” (1, 42); “Bendito o fruto do vosso ventre” (1, 42). Juntos com Isabel, saibamos honrar Maria, mãe do Senhor, modelo de fé para todos nós! Mas, a fé de Maria - como, aliás, sempre é na Bíblia - não foi uma adesão somente intelectual a Deus. Era o assumir do projeto de Deus - justiça, libertação, solidariedade e salvação integral. Por isso, Lucas põe na boca de Maria o grande Cântico do Magnificat, atualizando o Canto de Ana, (1 Sm 2, 1-10), cantando a grandeza do nosso Deus, que se põe ao lado dos humilhados e sofridos, e derruba os poderosos e prepotentes!
O texto de hoje nos lembra que Maria era uma mulher lutadora, totalmente comprometida com o projeto de Deus para um mundo fraterno. Se ela estivesse entre nós hoje, sem dúvida ela - como também Jesus - estaria nos movimentos e pastorais sociais, lutando pela vida digna de todos e celebrando com os irmãos e irmãs a fé no Deus de Justiça, Libertação e Salvação.



Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Anjinhos do Brasil: Divulguem, as crianças precisam conhecer!

Quem já conhece o Anjinhos do Brasil ? 

Com cores e imagens muito bonitas o site apresenta de forma alegre e bem divertida uma proposta de evangelização voltada para crianças. O projeto é organizado pela CNBB!

Uma prévia...









domingo, 12 de agosto de 2012

Ser pai: Uma bela vocação!

O pai tem o filho, não para si, mas para que a humanidade seja presenteada.



Um poder misterioso no ser humano é a capacidade de transmitir a vida. Damo-nos conta que recebemos a nossa vida pelos nossos pais, podemos transmitir a vida através dos nossos filhos e nos relacionamos para gerar novas vidas. Essa regra de transmissão da vida mostra que não há indivíduos isolados.

Somos profundamente marcados pelos nossos pais. " tal pai, tal filho", mostra que a identidade de cada pessoa não está desligada da sua origem. Temos uma história. A nossa vida é uma soma de múltiplas relações. Não recebemos de nosso pai apenas o aspecto biológico da vida. A condição humana foi acumulando ao longo da história, muitos valores. Sempre achamos que progredimos na visão das coisas e no comportamento humano.

Somos mais filhos da nossa cultura do que da natureza. Desde o nascimento, o pai biológico vai introduzindo seu filho na sua cultura, para adquirir modos e normas. As atitudes humanas vão sendo moldadas. Dizemos que somos educados, mas a base da educação está no coração de nossos pais. É o amor.

Sentimos que somos amados pelos nossos pais. Eles nos acolhem e nos ensinam tudo da vida. Aprendemos a conservar, proteger e transmitir a vida. Para conservar, a vida necessita de cuidados especiais e alimentação adequada. Toda forma de violência põe em risco a proteção e a transmissão da vida é uma responsabilidade diante das gerações futuras.

A vocação de ser pai, portanto está ligada ao tema da vida. Tem a ver com a cultura, o mundo do trabalho, o sistema educacional, a religião, a saúde, a maturidade afetiva e psicológica...Pela paternidade passamos questões que envolvem o ser humano. Não importa onde, ou quando seja o nascimento.

Diz a experiência: " Aprendemos a ser filhos depois que nos tornamos pais; a ser pais depois que somos avós". Vemos que na nossa trajetória de vida há uma constante: a condição de aprendiz. Ser pai significa abertura para a vida. Ser pai é a expressão de amor. Ser pai é ir ao encontro da condição de herói e exemplo para alguém. É assumir o papel para o outro orgulhar-se dele. Ser pai é abraçar a co-autoria na transmissão da vida. 

O provérbio ensina: " um pai trata de dez filhos e dez filhos não tratam de um pai". Os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos. Eles crescem independentes dos pais que ficam exilados dos filhos. Mais um exemplo da obra que sai do controle do seu criador. O pai tem o filho, não para si, mas para que a humanidade seja presenteada.

Ser pai é vocação.

Feliz Dia dos Pais!

Pe. Luiz Rodrigues Batista C.Ss. R.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

“Quem come deste pão viverá para sempre”


Jo 6, 41-51
19º domingo do tempo comum

Neste texto nos encontramos no meio do discurso de Jesus sobre o “Pão da Vida”. O gancho que João usa para pendurar o discurso é o pedido dos judeus em v. 35: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. Em resposta Jesus começa o seu grande discurso. Divide-se em duas partes. Na primeira parte (vv. 35-50), que inclui o texto de hoje, o pão celestial que nos nutre é a revelação ou o ensinamento de Jesus (o tema sapiencial); na segunda parte (vv. 51-58) será a eucaristia (tema sacramental). O redator da comunidade joanina combinou “o pão do céu” com o material eucarístico da Última Ceia e assim formou a segunda parte do discurso como texto paralelo à primeira. Isso explica a ausência de um relato da instituição da Eucaristia nos textos da Ceia em João - pois o seu conteúdo básico foi colocado aqui.
Como os seus antepassados murmuravam no deserto contra o pão que Deus mandava - o maná - agora eles se queixam do novo maná. Aqui logo aparece uma característica do João - a ironia. Os judeus (aqui se entende as autoridades judaicas e não o povo judeu) dizem que conhecem a origem de Jesus, pois só pensam na sua família de origem; Jesus mostra que na verdade não a conhecem, pois eles não viram o Pai, a sua verdadeira origem. Aqui também aparece em v. 47 mais uma característica joanina - a “escatologia realizada”. Enquanto para os Sinóticos o juízo é algo que acontece no último dia, para João, frequentemente, já aconteceu, pois a pessoa é salva ou condenada já, pela sua aceitação ou não de Jesus como o Filho de Deus.
Aqui, de novo, João nos dá o que talvez seja uma variante das palavras da instituição da Eucaristia: “O pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida” (v. 51). João enfatiza que o Verbo Divino se tornou carne e tem entregado a sua carne como alimento da vida eterna.
        O texto não é fácil, pois é extraído de um discurso muito mais comprido e que forma uma unidade. Mas está ligado à multiplicação dos pães - a participação eucarística no corpo e sangue de Jesus exige uma vivência de partilha e solidariedade. Esse tema é caro a João e é retomado na sua Primeira Carta.

Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Celebração para o dia do Catequista 2012





QUERIDAS(OS) CATEQUISTAS!

É certamente já uma tradição consagrada celebrar a diversidade das vocações na Igreja, durante o mês de agosto, e entre elas a vocação de catequista. No último domingo do mês se destaca o “Dia da(o) Catequista”. Neste dia se faz a experiência, tão recomendada pelo Diretório da Catequese, de unirmos sempre mais intimamente liturgia e catequese, para chegarmos a uma catequese litúrgica.

Também existe um hábito saudável da Comissão Bíblico-catequética da CNBB: oferecer uma proposta de celebração para o Dia da(o) Catequista. Sabemos que em toda parte já existem experiências magníficas de preparar estas celebrações com muita criatividade e grande unção. Mas também acreditamos que algumas indicações em nível nacional podem servir de inspiração para enriquecer as propostas locais.

Neste espírito de partilha e sintonia, oferecemos com simplicidade este pequeno subsídio. Esperamos que ajude a reforçar a beleza e grandeza dessa vocação tão fundamental para a vida e a missão da Igreja. E queremos nos alegrar profundamente e cantar louvores ao Senhor nesse dia, por tantas vidas a serviço do processo de educação da fé em nossas comunidades. 

QUE DEUS ABENÇOE TODAS (OS) AS(OS) CATEQUISTAS DO BRASIL!
 O DIA DA(DO) CATEQUISTA SERÁ CELEBRADO NO DIA 26 DE AGOSTO
Preparando o ambiente: Círio Pascal e Bíblia em destaque, outros símbolos que representem o servir do ministério catequético (conforme realidade local). Obs.: Os símbolos podem já estar em local visível ou ser levados na procissão de entrada por catequistas e catequizandos.

1 – Chegada: silêncio, oração pessoal (com fundo musical)

2 – Canto de entrada: “Missão de todos nós”, ou “Discípulos e Missionários”, ou outro mais conhecido da comunidade.

3 – Sinal da Cruz e saudação inicial

4 – Recordação da vida (sentados)

Animador: Neste dia de ação de graças pela vocação da(o) catequista, nos reunimos em torno da Mesa da Palavra de Deus e da Mesa da Eucaristia, para celebrar a presença do Ressuscitado. Ele é a razão da nossa fé, que a catequese quer despertar e amadurecer.

Queremos aproveitar a ocasião para expressar nossa alegria e gratidão pelo lindo presente que nossos bispos nos deram, o novo Documento com o nome: “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja”. Resume bem nosso agir na catequese: somos antes de tudo discípulos, que escutam e aprendem do mestre, para então ser servidores da Palavra através do testemunho e do anúncio, e assim colaborar na missão de realizar o Reino de Deus.

Neste ano também trazemos presente os 50 anos do início do Concílio Vaticano II, os 40 anos do Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (o RICA) e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica. São todos marcos significativos na história da catequese. Por isso, o papa Bento XVI proclamou um Ano da Fé a partir de outubro , para reavivar e atualizar estes acontecimentos, que como Maria guardamos em nosso coração. (Sugestão: que esses documentos sejam apresentados nesse encontro).

5 – Ato penitencial – Introdução bem objetiva relacionando-o com as motivações colocadas.

6 – Glória – Escolher uma melodia conhecida e bem vibrante.

7 – Oração do dia...

8 – Liturgia da Palavra (Do 21º Domingo do Tempo Comum)
• 1ª Leitura: Josué 24,1-2a.15-17.18b
• Salmo: 33 (cf. Lecionário)
• 2ª Leitura: Efésios 5,21-32
• Evangelho: João 6,60-69 (sugestão: proclamar duas vezes o Ev. uma vez que será objeto principal da leitura orante na homilia).
• Homilia (em forma de leitura orante).

1º Passo – LEITURA: O QUE DIZ O TEXTO?

Para ajudar:
• No capítulo 6 do Evangelho de João, Jesus faz primeiro o povo viver a experiência do sinal messiânico da partilha do pão.
• A partir desse fato, começa a fazer uma catequese sobre o Pão do Céu, que é Ele próprio, e insiste na necessidade de comer sua carne e beber seu sangue para participar do seu projeto de vida.
• O texto proclamado hoje relata a reação dos ouvintes diante dessa linguagem que Jesus usa. São palavras duras para muitos, que se escandalizam e de fininho vão caindo fora.
• Jesus aproveita a crise que isto gera para testar a firmeza ou não dos seus principais companheiros, os 12. 
• Estes, no entanto, reagem bem, e Pedro em nome de todos faz esta fantástica profissão de fé: “Tu tens Palavras de Vida Eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que Tu és o Santo de Deus”. É a expressão equivalente à de Josué e ao povo de Israel quando proclamam: “ Nós serviremos ao Senhor, porque ele é nosso Deus”, que vimos na 1ª leitura. São profissões de fé históricas.

2º Passo - MEDITAÇÃO: O QUE DIZ O TEXTO PARA MIM/ PARA NÓS, HOJE?

Para ajudar:
• Nossa catequese de iniciação à Vida Cristã tem como meta principal conduzir à experiência pessoal com Jesus e ao compromisso com seu Projeto. A partir desse texto podemos perguntar:
• Que imagem de Jesus apresentamos? Temos coragem de mostrar as exigências que o discipulado traz ou apenas falamos das coisas bonitas, para não assustar?
• A fé que despertamos no processo catequético é uma fé superficial, que se escandaliza diante das “durezas” da caminhada, ou é uma fé fundamentada na Palavra de Deus, que resiste mesmo diante dos duros desafios que a vida hoje apresenta?
• Como catequistas, somos daqueles que abandonam tudo quando o processo catequético fica “pesado”, ou seguimos firmes como os 12, confiando nas palavras de vida eterna?
• Temos a disposição de Josué e do povo de Israel, que abandonaram os ídolos para proclamar: “Nós serviremos o Senhor, porque ele é nosso Deus”? Somos verdadeiros servidores da Palavra de Deus na educação da fé em nossas comunidades?

3º Passo – ORAÇÃO: O QUE O TEXTO ME LEVA/ NOS LEVA A DIZER A DEUS?

Preces espontâneas, ou versículos de Salmos, ou mantras...

4º Passo – CONTEMPLAÇÃO: COMO O TEXTO ILUMINA O MEU/ O NOSSO AGIR?

Fazer silêncio para mergulhar no Mistério de Deus. E depois assumir algum compromisso concreto (pessoal ou comunitário), em vista de sermos discípulos e servidores sempre conectados à fonte da Palavra.

9 – Liturgia Eucarística (Intercalada com cantos apropriados)
10 – Ritos Finais:
Rito de Envio: Uma vez que focamos principalmente o “servir” no processo de educação da “Fé”, sugerimos que neste momento o presidente da celebração, como catequista primeiro da comunidade, acenda no Círio Pascal velas menores e as entregue a todas(os) catequistas presentes. Com as velas acesas em uma das mãos e a oração da(o) catequista na outra, podem rezá-la juntos, como renovação de seu serviço à Palavra de Deus e à vivência da fé nesta comunidade:

ORAÇÃO DA(DO) CATEQUISTA:

SENHOR,
Como os discípulos de Emaús, somos peregrinos.
Vem caminhar conosco!
Dá-nos teu Espírito, para que façamos da catequese caminho para o discipulado.
Transforma nossa Igreja em comunidades 
orantes e acolhedoras,
Testemunhas de fé, de esperança e de caridade.
Abre nossos olhos para reconhecer-Te 
nas situações em que a vida está ameaçada. 
Aquece nosso coração, 
para que sintamos sempre a tua presença.
Abre nossos ouvidos para escutar a tua Palavra, 
fonte de vida e missão.
Ensina-nos a partilhar e comungar do Pão, 
alimento para a caminhada. 
Permanece conosco!
Faze de nós discípulos missionários, 
a exemplo de Maria sempre fiel,
sendo testemunhas de tua Ressurreição.
Tu que és o Caminho para o Pai. Amém! 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Blog da Pastoral da Catequese em Vitória da Conquista!

Nos alegramos e acolhemos em nossa rede mais um blog Diocesano!
Desta vez quem, a Diocese de Vitória da Conquista/Ba, junta-se a nós nesse evangelizar na rede.
Confiram na nossa lista de blogs!


sábado, 4 de agosto de 2012

Dia do Sacerdote!

E o catequista também celebra o dia do sacerdote, afinal todo sacerdote deve ser um grande catequista e certamente para chegar onde chegou lembra-se com carinho dos seus catequistas: seus pais e àqueles que o educaram na fé na Pastoral da Catequese.

A todos os sacerdotes e em especial àqueles que impulsionam a Catequese no Regional Nordeste III, o nosso muito obrigado!

Deus seja louvado todos os dias no sim de vocês!

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

“Eu Sou o Pão da Vida”


Jo 6, 24-35

18º Domingo do tempo comum

        Continuamos uma série de leituras dominicais a partir do sexto Capítulo de João. Este capítulo é extraordinariamente denso em conteúdo e muito carregado com a simbologia judaica da época de Jesus. Hoje o tema central versa sobre Jesus como “O Pão da Vida”
No Antigo Testamento muitas vezes o termo “pão” é usado como símbolo da Palavra de Deus; por exemplo, Is 55,10-11; Amós fala de fome, mas não de pão, nem sede de água, mas fome de escutar a Palavra de Deus em Am 8, 11-12; A Sabedoria convida os simples a comer do seu pão e beber do sua seu vinho em Pr 9, 5; Sirac (Eclesiástico) fala da sabedoria que alimenta as pessoas com o pão de compreensão e a água de sabedoria (Eclo 15, 4). Até o maná no deserto chegou a ser usado como símbolo da Torá, ou Lei (Dt 8, 2-3). Podemos ligar essas idéias com Cap. 6 de João.
Divisão do Capítulo:
- 1-15:       Multiplicação dos pães
- 16, 21: Jesus anda sobre as águas
- 22-24: Situa o discurso
- 25-29: Introdução ao discurso
- 30-40: Discurso
- I parte: 30-34
- II parte: 35-40
- 41-51: Segunda Parte
- 52-58: Terceira Parte
- 50: Aparte
- 60-61: Reação e opção dos discípulos
        O início do relato deixa claro que a multidão reconheceu o poder de Jesus, mas era incapaz de entrar mais profundamente no sentido dos seus sinais. Lembremos que o Quarto Evangelho não usa o termo “milagre” para as sete ações principais de Jesus, (Água transformada em vinho em 2, 1-12; a cura do filho do funcionário real em 4, 46-54; a cura de um paralítico na piscina em 5, 1-18; a partilha dos pães em 6, 1-15; o caminhar sobre as águas em 6, 16-21; a cura do cego de nascença em 9, 1-41, e a ressurreição de Lázaro em 11, 1-44), mas “sinais”, embora haja ainda edições da Bíblia que traduzem de maneira errada. Eles buscam as vantagens imediatas que podem receber de Jesus, mas Jesus insiste que a fé nasce da capacidade de reconhecer as obras d’Ele como sinais que demonstram uma verdade mais profunda - que Jesus é o alimento que faz viver. Assim, o Filho do Homem vem do céu e os sinais que Ele opera garantem a sua origem e a sua missão. Jesus quer que creiam e recebam o que Deus lhes oferece n’Ele.
        A turba quer saber de um sinal para que pudesse “ver” e “crer” em Jesus. Mas, na visão do João, o “ver” real é conseguir descobrir a realidade completa de quem realiza os sinais, e não parar só nos sinais externos. No fundo a multidão quer que Jesus confirme as suas expectativas messiânicas, realizando milagres - e não entendem a profundidade da mensagem de Jesus, que ultrapassa tais expectativas.
        Os próprios judeus começam a falar da história do maná no deserto. No tempo de Jesus, muitos doutores da Lei ensinavam que o dom do maná era o maior prodígio do tempo do Êxodo. Jesus reformula as expectativas apocalípticas da época, que esperavam de novo maná do céu, insistindo que o verdadeiro pão da vida é dado pelo Pai e não por Moisés; que o Pai “dá”, não “deu”, e que o pão que o Pai dá é aquele que veio dar a vida ao mundo. Jesus é realmente o “pão da vida” porque crer n’Ele é participar da verdadeira vida.
        Nesse trecho encontramos Jesus usando a frase “Eu Sou” - o que soava aos ouvidos dos judeus da época como referência ao nome de Deus na história do Êxodo “Eu Sou aquele que sou” (Êx 3, 14). Tudo aponta para a verdadeira origem de Jesus, e o fato que a verdadeira vida só se acha n’Ele.
        Hoje também esses versículos nos desafiam para que ultrapassemos os limites de uma religião superficial, e para que nos mergulhemos no mistério de Jesus, criando relacionamento cada vez mais profundo com Ele e assumindo uma vida de verdadeiros discípulos-missionários, apaixonados por Ele e pelo seu projeto, o projeto d’Aquele que veio para que “todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).

Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br