"CHIQUE É CRER EM DEUS"
Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... Mas, Amor e Fé nos tornam humanos!
Coisas que todos os catequistas novatos deveriam saber
Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.
O catecismo responde.
Respostas sobre dúvidas sonbre o Sacramento do Batismo
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Especial sobre Quaresma
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sexta-feira, 28 de junho de 2013
FESTA de SÃO PEDRO e SÃO PAULO (30.06.13)
Mt 16, 13-20
“E vocês, quem
dizem que eu sou?”
Aqui temos a versão mateana da
profissão de fé de Pedro, que Marcos (Mc 8, 27-35) coloca como pivô de todo o
seu evangelho. Este trecho levanta as
duas perguntas fundamentais de todos os evangelhos: quem é Jesus? O que é ser
discípulo dele? São duas perguntas
interligadas, pois a segunda resposta depende muito da primeira. A minha visão
de Jesus determinará a maneira do meu seguimento dele.
Como refletimos domingo passado
sobre a versão lucana desse texto (Lc 9, 18-24), remetemo-nos à aquela reflexão
e aqui somente assinalaremos alguns poucos pontos a mais, já levando e conta o
que foi escrito para dia 23 de junho.
Depois de
Jesus interrogar duas vezes os discípulos, o texto de Mateus acrescenta vv.
17-19, pois quer destacar o papel de Pedro (e, por conseguinte, dos líderes da sua própria comunidade), na função
de ligar e desligar da comunidade, que nos Evangelhos somente aqui e em Cap. 18
é chamada de “Igreja”. “As chaves do Reino” não se refere
aqui ao poder de perdoar pecados, mas de integrar e desligar pessoas da
comunidade dos discípulos.
O fundamento, o alicerce, a pedra
fundamental dessa comunidade é o conteúdo da profissão de Pedro “Tu és
o Messsias, o Filho de Deus vivo”.
Mas continuam no ar as duas perguntas que são o cerne do Evangelho: “Quem é Jesus?”, e “o que significa
segui-lo?“ Pois os termos que Pedro
usa são ambíguos, porque cada um os interpreta conforme a sua cabeça. Por isso, Jesus toma uma atitude,
aparentemente estranha: “Ele ordenou os
discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias!”
. Que coisa esquisita! Jesus proíbe que se fala a verdade sobre
ele! Como é que ele espera angariar
discípulos deste jeito? O assunto merece
mais atenção.
Realmente, Pedro acertou em termos de
teologia, de “ortodoxia”, conforme diríamos hoje. Ele usou o termo certo para descrever
Jesus. Mas Jesus quer esclarecer o que
significa ser “O Messias de Deus”.
Pois cada um pode entender este termo conforme os seus desejos. Jesus quer deixar bem claro que ser “messias”
para ele é ser o “Servo de Javé”. É vivenciar o projeto do Pai, que
necessariamente vai levá-lo a um choque com as autoridades políticas,
religiosas, e econômicas, enfim, com a classe dominante do seu tempo, e não o
Messias nacionalista e triunfalista das expectativas de então. Pedro teve que aprender essa exigência do
discipulado, de uma maneira lenta e dolorosa, passando até pela negação de
Jesus na noite da sua prisão. Aprendeu
tão bem que chegou a dar a sua vida como mártir, também morrendo, conforme a
tradição, em uma cruz, no Circo de Nero em Roma, onde atualmente se localiza a
Basílica que traz o seu nome. Aprendeu a duras penas ser discípulo de verdade e
cumprir a missão que recebeu de Jesus na Última Ceia: “Eu rezei por você, para
que a sua fé não desfaleça. E você,
quando tiver voltado para mim, fortaleça os seus irmãos”(Lc 22,32). Aqui temos o essencial do ministério petrino,
continuado no Papa – confirmar e fortalecer a fé dos irmãos e irmãs. A Igreja sempre deve zelar que acréscimos históricos,
mais adequados a monarcas do que a discípulos, não escondem essa missão
essencial.
Paulo, que
durante os seus primeiros anos da vida adulta, perseguia os discípulos, também
teve a graça da conversão, chegando a afirmar que não queria saber nada a não
ser Jesus Cristo e Jesus Cristo Crucificado!!! (I Cor 1,2). Ele também pagou com a sua vida essa decisão
pelo discipulado.
No nosso
tempo, quando é moda apresentar um Jesus “light”, sem exigências, sem paixão,
sem Cruz, sem compromisso com a transformação social, o texto nos desafia para
que clarifiquemos em que Jesus acreditamos.
O Jesus quebra-galho, que existe para resolver os meus problemas pessoais,
tão propagado por setores da mídia e por diversos movimentos e pregadores, ou o
Jesus bíblico, o Servo de Javé, que veio para dar a vida em favor de todos?
Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Cronograma de Atividades: Julho e Agosto de 2013
JULHO
30 de junho a 06 de julho - I Módulo da Escola D. Jairo em Feira de Santana (4ª turma)
23 a 28 - Jornada Mundial da Juventude
Local: Rio de Janeiro-RJ
AGOSTO
23 a 25: Seminário sobre o uso das mídias na Catequese
Local: a confirmar
sexta-feira, 21 de junho de 2013
DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO COMUM (23.06.13)
Lucas 9, 18-24
“Se alguém quer em seguir,
renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e me siga”
Aqui temos a versão lucana da profissão
de fé de Pedro, que Marcos põe no caminho de Cesaréia de Filipe (Mc 8, 27-35) e
coloca como pivô de todo o seu evangelho.
Este trecho levanta as duas perguntas fundamentais de todos os
evangelhos:
- quem é Jesus?
-
o que é ser discípulo dele?
São duas
perguntas interligadas, pois a segunda resposta depende muito da primeira. A
minha visão de Jesus determina a maneira do meu seguimento dele.
O Evangelho de Lucas situa o texto em um
contexto diferente dos outros dois Evangelhos Sinóticos – diz que Jesus “estava
rezando em um lugar retirado, e os discípulos estavam com ele”, enquanto em
Marcos e Mateus o evento se dá na estrada de Cesaréia de Filipe. Uma atitude típica de Jesus em Lucas. Muitas vezes no Terceiro Evangelho,
especialmente antes de momentos importantes na sua vida, Jesus se acha em
oração. Pois ele faz nada por vontade
própria, mas escutando a vontade do Pai.
O diálogo começa com uma pergunta um
tanto inócua:
“Quem dizem as multidões que eu sou?”
É inócua, pois não compromete - o “diz que”
não compromete ninguém, pois expressa a opinião dos outros. Por isso, chove respostas da parte dos
discípulos: “João Batista, Elias, um dos
antigos profetas que ressuscitou!”. Mas Jesus não quer parar aqui, - esta
pergunta foi só uma introdução. Depois vem a facada!:
“E
vocês, quem dizem que eu sou?”
Agora não
chove respostas, pois quem responde vai se comprometer - não será a opinião dos
outros, mas a opinião pessoal! Esta
opinião traz conseqüências práticas para a vida. Finalmente, Pedro se arrisca: “O Messias de Deus”.(Os termos “Messias” em
hebraico e “Cristo” em grego têm o mesmo sentido = o Ungido de Deus.)
Mas a reação de Jesus é no mínimo estranha!:
“Ele
proibiu severamente que eles contassem isso a alguém”. Que coisa esquisita! Jesus proíbe que se fala a verdade sobre
ele! Como é que ele espera angariar
discípulos deste jeito? O assunto merece
mais atenção.
Realmente, Pedro acertou em termos de
teologia, de “ortodoxia”, conforme diríamos hoje. Ele usou o termo certo para descrever
Jesus. Mas Jesus quer esclarecer o que
significa ser “O Messias de Deus”. Pois cada
um pode entender este termo conforme a sua cabeça, conforme os seus
desejos. Jesus quer deixar bem claro que
ser “messias” para ele é ser o “Servo Sofredor” de Javé. É vivenciar o projeto
do Pai, que necessariamente vai levá-lo a um choque com as autoridades
políticas, religiosas, e econômicas, enfim, com a classe dominante do seu
tempo:
“O
Filho do Homem deve sofrer muito,ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos
sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia”.
(v 22)
Essa visão que
Jesus tinha do Messias, não era a comum - em geral o pessoal esperava um
messias triunfante, glorioso e guerreiro.
O relato em Marcos (mas não a versão em Lucas) nos mostra que Pedro
partilhava essa visão errada, ao ponto de tentar corrigir Jesus, e de ganhar de
Jesus uma correção dura:“Fique atrás de
mim, Satanás! Você não pensa as coisas
de Deus, mas as coisas dos homens”. (Mc 8,33)
Não basta ter
os termos e títulos certos - temos que ter o conteúdo certo. Normalmente todos nós temos os títulos certos
para descrever Jesus e a sua missão – aprendemos desde a infâqncia, desde a
catequese para a Primeiro Comunhão. Mas o que significam esses títulos para nós
na nossa vivência diária?? Professamos
qe Jesus é o Cristo, o Salvador, o Redentor, o Filho de Deus – mas como ‘de que
a minha vida é diferente porque tenho essa crença? Ele realmente é o meu Senhor, o meu Salador, da
maneira que procuro reproduzir e atualoizar as
sua so[coes a tritudes na minha vida, não osmente no que crio, mas nas
minhas atitudes na vida pública, profissional, familar e social? A Bíblia nos conta que Deus criou o homem e a
mulher na sua imagem e semelhança, mas na verdade, nós criamos Deus em nossa
imagem, e semelhança, para que ele não nos incomode. A nossa tendência é de seguir um messias
triunfante, e não o Servo Sofredor. Mas,
para Jesus, não há meio-termo. O discípulo tem que andar nas pegadas do seu
mestre:“Se alguém quer me seguir,
renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga”. (Lc 9,23)
O seguimento de Jesus leva à cruz, pois
a vivência das atitudes e opções dele vai nos colocar em conflito com os
poderes contrários ao Evangelho.
Carregar a cruz, não é agüentar qualquer sofrimento, não. Assim, a religião seria masoquismo! Carregar a cruz é viver as conseqüências de uma
vida coerente com o projeto do Pai, manifestado em Jesus. Segui-lo não é tanto fazer o que Jesus fazia,
mas o que ele faria, se estivesse aqui hoje.
Como ele foi morto, não pelo povo, mas por grupos de interesse bem
claros “os anciãos ,os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei”, (a
elite dominante em termos econômicos, religiosos e ideológicos), os seus
seguidores entrarão em conflito com os grupos que hoje representam os mesmos
interesses. Por isso sempre haverá a
tentação de criarmos um Jesus “light”, sem grandes exigências, limitado a uma
religião intimista e individualista, sem conseqüências políticas, econômicas ou
ideológicas. Seria cair na tentação de
Pedro, conforme o relato de Marcos.
O texto faz ressoar para cada
um de nós as duas perguntas de Jesus. É
fácil responder o que os homens dizem dele - o que dizem o Papa, o Bispo, o
catequista, os teólogos, a TV. Mas esta
pergunta não é tão importante. É a
segunda que cada um tem que responder : “Quem É Jesus para mim?” E a resposta se dará não tanto com os lábios,
mas com as mãos e os pés. Respondemos
quem é Jesus para nós, pela nossa maneira de viver, pelas nossas opções
concretas, pela nossa maneira de ler os acontecimentos da vida e da
história. Tenhamos cuidado com qualquer
Jesus que não seja exigente, que não traz conseqüências sociais, que não nos
engaja na luta por uma sociedade mais justa.
Pois o Jesus real, o Jesus de Nazaré, o Jesus do Evangelho, não foi
assim, e deixou bem claro:“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome
cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem
quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará”(Lc 9,24)
Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br
domingo, 16 de junho de 2013
sexta-feira, 14 de junho de 2013
DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO COMUM (16.06.13)
Lucas 7,36 - 8,3.
“A quem foi perdoado pouco, demonstra pouco amor”
O
trecho de Lucas de hoje - por sinal riquíssimo - trata de três temas
características deste Evangelho:
- a misericórdia de Deus
- o relacionamento de Jesus com
as mulheres
- o perigo que todos nós
corremos de nos considerarmos “justos”, desprezando os outros.
Lucas é um verdadeiro artista de
palavras. Seria quase impossível ler ou
ouvir este trecho sem imaginar a cena.
Jesus e os convidados, não sentados à mesa, como nós no ocidente, mas reclinados
sobre almofadas; a chegada da mulher, desprezada na vila por todos, com certeza
sentindo-se humilhada, mas movida por uma força maior que a faz enfrentar
corajosamente o desprezo dos outros e penetrar por dentro da casa de um fariseu
- coisa inédita! Mas quem é impulsionado
pelo amor e pela experiência de Deus não mede esforços. Depois, as lágrimas - não de tristeza, mas de
gratidão, de alívio, de uma profunda alegria do ser - o enxugar dos pés, o
perfume.
E a reação de Simão, o fariseu! Ele, que se julga “justo” e não “pecador” -
com razão, segundo os critérios da sociedade e da religião oficial do tempo -
se dá o direito de julgar tanto a mulher, como a Jesus. Para ele, como para muitos de nós, ser justo
é cumprir as leis, e assim deixar de ser pecador. Cumprir as leis, Simão faz com afinco! Assim, ele se justifica (se torna justo),
dispensando, na realidade, a graça e o perdão de Deus. Quem considera que não esteja necessitado de
perdão, jamais será capaz de entender a sua força transformadora, que nos
capacita para o amor.
Jesus, porém, reage de uma maneira bem
diferente. Através da parábola dos dois
devedores, ensina que é a experiência de ser perdoado que leva ao amor. Não o contrário! A mulher na história não foi perdoada porque ela antes
muito amou, mas muito amou porque ela foi antes perdoada!! O amor é a conseqüência da ação do perdão de
Deus. Quem nunca foi perdoado,
dificilmente vai perdoar; quem nunca foi amado, terá dificuldade em amar. O perdão de Deus não é a reação d’Ele à nossa
iniciativa de amar - pelo contrário, é Deus quem toma a iniciativa de perdoar,
e essa experiência de sermos perdoados nos capacitará para que possamos
amar. O nosso amor é a nossa resposta à
iniciativa gratuita e amorosa do Pai - não temos que conquistar este amor e
este perdão, nem merecê-los, mas aceitá-los, assumi-los e responder a eles. Com
certeza, esta mulher deve ter se encontrado antes com Jesus na vila e, talvez
pela primeira vez sentiu-se amada e perdoada por Deus. Assim transborda de alegria e emoção, fazendo
o que fez na casa do fariseu.
Todos nós corremos o risco de agirmos
como Simão! A sua formação rígida e
legalista o impediu de acolher a mulher e também de reconhecer em Jesus a
compaixão e misericórdia de Deus. Muitas
vezes temos recebido uma formação espiritual que na verdade era em grande parte
“farisaica”, baseada no cumprimento de leis e práticas externas de piedade, que
são importantes, como se nós pudéssemos nos justificar diante de Deus. Temos de refazer a experiência de Paulo,
fariseu ferrenho, que descobriu que nenhuma prática religiosa - por tão
importante que seja - pode nos justificar.
A vida de Paulo mudou quando ele fez a experiência da gratuidade do amor
de Deus, e o resto da sua vida foi uma resposta a este amor gratuito. Mas a conseqüência de uma formação errada
pode ser de nos darmos o luxo de julgar, classificar e desprezar os outros, que
são “pecadores”, conforme os nossos critérios.
Cuidemos com o fermento dos fariseus!!
Este trecho dá
grande destaque às mulheres. Jesus
rompeu com as tradições patriarcais e machistas do seu tempo. Não só se deixou tocar por mulheres
“pecadoras” - assim, se tornando impuro conforme as leis do tempo - como se fez
acompanhar nas suas andanças pela Galiléia por várias mulheres, que faziam
parte do seu grupo de seguidores/as. Não
é claro se Lucas salienta este ponto para refletir a grande liderança de
mulheres nas suas comunidades, ou, pelo contrário, para contestar uma tendência
machista de cortar esta liderança, lembrando aos seus leitores que Jesus não
aceitava nenhuma discriminação baseada em gênero. Durante séculos a Igreja, em grande parte,
perdeu esta novidade de Jesus, assumindo os padrões patriarcais e machistas da
sociedade dominante. Devemos voltar a
esta visão de fraternidade e igualdade entre homens e mulheres, como pede o
Papa João Paulo II na sua Exortação Apostólica “Vita Consacrata”, quando ele conclama as mulheres a serem
protagonistas de um “novo feminismo”(VC
58):
“Por
certo, não se pode deixar de reconhecer o fundamento de muitas reivindicações
relativas à posição da mulher nos diversos âmbitos sociais e eclesiais. Do mesmo modo, é forçoso assinalar que a nova
consciência feminina ajuda também os homens a reverem os seus esquemas mentais,
o modo de se autocompreenderem, de se colocarem na história e de a
interpretarem, de organizarem a vida social, política, econômica, religiosa,
eclesial.” (VC 57)
Que o Evangelho de Lucas nos
ajude a recuperarmos as atitudes de Jesus, para que as nossas comunidades sejam
realmente comunidades de fraternidade, igualdade, perdão, misericórdia e amor!!
Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br
sexta-feira, 7 de junho de 2013
DÉCIMO DOMINGO COMUM (09.06.13)
Lucas 7,11-18
Novamente nos deparamos com um
dos temas centrais de Lucas - a compaixão de Jesus, ou melhor, a compaixão de
Deus manifestada em Jesus. Em qualquer
sociedade, em qualquer época, a morte do filho único de uma viúva seria
trágica. Mas na sociedade patriarcal do
tempo de Jesus, mais ainda. Pois uma
mulher, sem marido e sem filho, seria totalmente desamparada, sem segurança
qualquer. “Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela” ( v.13).
Ele nem a conhecia, não sabia se era
‘gente boa”, “gente de fé”, ou não.
Bastava ver o seu sofrimento para que Jesus sentisse compaixão
dela. Lucas aqui desafia a todos nós
para que superemos o moralismo e a mania de julgar, para simplesmente ver as
pessoas com os seus sofrimentos, como Jesus as vê; para termos “coração de carne e não coração de pedra” (cf. Ez 36,26). Peçamos este dom - pois realmente é uma graça
de Deus!
Jesus disse-lhe “Não chore!” Quantas vezes ouvimos estas palavras de “pano quente”
dirigidas às pessoas sofridas, para que escondem o seu pranto e parem de nos
incomodar. Mas na boca de Jesus não são
meras palavras paliativas - mas garantia de esperança! Ele não conforta com palavras vazias, mas faz
o que pode. Tais palavras só têm sentido
quando pronunciadas por pessoas solidárias, que tomam passos concretos para
aliviar as dores alheias.
“E
Jesus o entregou à sua mãe”( v 15b).
Com esta frase, Lucas evoca a figura do
Profeta Elias, que devolveu o filho único morto à viúva de Sarepta (cf. 1 Rs
17,23). Neste gesto de Jesus, feito em
solidariedade e com compaixão, a multidão vê a presença do Deus misericordioso
e amoroso: “Glorificavam a Deus dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo.” (v.16)
É certo que nós não temos poder de
ressuscitar fisicamente os defuntos - mas podemos lutar pela vida, pela saúde,
contra a morte prematura, em favor de um sistema social adequado de saúde! Podemos ressuscitar pessoas desanimadas, com
palavras de coragem e ânimo: “O Senhor
Javé me deu a capacidade de falar como
discípulo, para que eu saiba ajudar os desanimados com uma palavra de coragem.”(Is
50,4)
Podemos sentir
e manifestar compaixão, ser solidários, ser sinal da presença do Deus de
vida. Lucas nos desafia mais uma vez,
para que a nossa vivência cristã leve os sofridos a dizer: “Realmente
Deus visitou o seu povo!”
Tomaz Hughes SVD
e-mail: thughes@netpar.com.br