"CHIQUE É CRER EM DEUS"
Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... Mas, Amor e Fé nos tornam humanos!
Coisas que todos os catequistas novatos deveriam saber
Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.
O catecismo responde.
Respostas sobre dúvidas sonbre o Sacramento do Batismo
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Especial sobre Quaresma
Encontre aqui tudo que já publicamos sobre esse tempo.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Terminando para Começar
Ocorreu entre os dias 20 e 26 do mês de janeiro o quarto e último módulo da terceira turma da Escola Bíblico Catequética do Regional Ne3, Dom Jairo Rui de Matos.
Era notável a alegria dos alunos que aos poucos chegavam. Ali representava o fim de uma caminhada de quase dois anos e a oportunidade de reencontrar talvez pela última vez muitos dos que fizeram parte desta história.
As aulas tiveram inicio no dia 20. Neste módulo passaram por lá auxiliando a entender melhor os mistérios do Reino o Pe. Marcos com as cartas Paulinas e católicas e também com os escritos Joaninos. A Ir. Luciene, que nos ajudou a compreender melhor o uso Bíblia na catequese. O Leandro, da diocese de Alagoinhas, que nos trouxe de modo simples mas esplendoroso a catequese inculturada. A Poliana lá da diocese de Ilhéus, nos auxiliando na catequese com pessoas com deficiência, e por fim o Pe. Jânison, aprofundando ainda mais a formação do Catequista.
Sem sombra de dúvidas os alunos tiveram um belo módulo. Foi um momento profundo de enriquecimentos a nível de conteúdos, mas muito mais que isto, foi um momento de demonstrar a unidade que tinha sido gerada entre os participantes. A importância que cada um que estava ali presente tinha. O que cada um representa para o Outro. Foi o momento de descobrir o que esta Escola representou pra cada um.
A oração da tarde da sexta feira, foi um momento de muita emoção. Foi impossível as lágrimas não rolarem nos rostos de muitos que ali estavam presentes. A emoção de um algum modo se apoderou de todos os que ouviam as preces que eram elevadas a Deus em forma de agradecimentos.
Em uma das preces, um dos alunos da escola dizia: “Quando sai daqui no primeiro módulo, falava prodígios da Escola a todos os que eu encontrava, porque acredito que experimentei um pedacinho do céu aqui, pois estava em um lugar onde as pessoas se amam e amam a Deus. Se o céu for assim já me dou por satisfeito.”
Se pararmos para refletir um pouco mais afundo esta frase, perceberemos que a Escola de Catequese Dom Jairo, vai muito além do intelecto. Não se preocupa em formar catequistas para um trabalho qualquer. Se preocupa em formar catequistas íntegros, que tenham capacidade de amar, que saibam perdoar, e que acima de tudo saibam ver a Jesus em todos quantos passarem diante de ti.
Foi enorme a experiência nestes quatro módulos do “aprender a fazer fazendo”, todos aprenderam com as experiências do outro. Ouvir o que o outro tinha a dizer sobre suas experiências era como que dar uma injeção de ânimo na alma de cada um, de modo que pudessem todos perceber que todos passam por dificuldades, mas o profundo desejo de ser canal do Amor de Deus na vida de todos quantos não o conhecem faz superar todo e qualquer desânimo, toda e qualquer tribulação.
Na noite da sexta-feira, os alunos organizaram a festa de despedida. Ali também foi um momento de fortes emoções. Os coordenadores que sempre estavam atentos aos alunos, procurando dar o melhor de si para que a Escola acontecesse da melhor forma, se tornaram “vítimas” dos alunos, como disse a Ir. Luciene, foram “postos na berlinda”.
No momento da festa os coordenadores tiveram que sentar em um lugar preparado especialmente para eles, e então os alunos iniciaram as apresentações. Por primeiro foi apresentado um cordel, vindo de lá de Porto da Folha (Diocese de Propriá), onde sua escritora Dodô, contemplava nele a todos os que passaram pela escola; os coordenadores, professores e alunos. Depois vieram as homenagens aos coordenadores. Cada grupo de convivência ficou responsável de escrever uma carta endereçada a um dos coordenadores, e aí então, era difícil não se emocionar, afinal os alunos falavam dos coordenadores a partir daquilo que viram neles. Havia sido preparado também uma carta para Joelma, uma as coordenadoras que infelizmente não pode estar presente. No momento de sua carta, os alunos telefonaram para ela, colocaram o telefone no viva voz e puseram no microfone. Enquanto era lida a carta para ela foi difícil encontrar alguém que não derramasse uma lágrima. As lágrimas dos alunos e coordenadores se uniam às lágrimas de Joelma que fisicamente estava tão longe dos alunos, mas ao mesmo tempo se encontrava tão próxima por sua imagem deixada nos corações de cada um.
Após o momento de leitura e entrega das cartas, Reizinha cantou uma bela música sobre a amizade e em seguida, continuaram as homenagens para os coordenadores. Os alunos haviam trazido um pouco de seus dons para partilhar com os coordenadores. Lembranças de modo que jamais eles esquecerão os rostos dos que passaram por esta terceira turma da Escola.
Por fim, os alunos concluíram este momento em uma grande roda cantando “amigos para sempre.” Em seguida é claro os alunos foram para os comes e bebes porque ninguém é de ferro.
No sábado pela manhã houve a avaliação da Escola pelos os alunos e em seguida a Missa de encerramento e envio que foi presidida pelo Arcebispo de Feira de Santana, Dom Itamar. Nesta celebração foram apresentados também os novos coordenadores da Escola Dom Jairo Rui de Matos.
Após o almoço o doloroso momento da partida. Cada um voltando para suas casas, para suas paróquias, para suas realidades . Encontrar esse povo de Deus novamente? Quem sabe um dia... Mas a certeza que todos partiam dali no coração era a de que, aquela Escola terminava pra que cada um pudesse começar... começar a sua Missão, com um jeito novo, com o Jeito de Cristo, com o ardor Missionário que com certeza floresceu cada vez mais a partir do primeiro encontro desta turma que aconteceu em Julho de 2011.
Essa turma passou escola e fez história. Você também pode se juntar a nós e fazer história também, na Escola e no Reino. Esperamos você que deseja fazer parte desta grande ciranda Catequética na próxima turma que se inicia no próximo dia 30 de junho. Que você possa olhar pra Cristo e dizer “Onde estaria eu, se não fosse o teu amor Senhor? Como seria feliz se não fizesse o que me manda o meu Senhor?”
Te esperamos ansiosamente!
Deivide Marcklai
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
“O Espírito do Senhor está sobre mim”
TERCEIRO
DOMINGO COMUM (27.01.13)
Lc 1, 1-4;
4,14-21
O
texto relata a primeira experiência da Vida Pública de Jesus. Deu-se na sua
terra de criação - Nazaré. Na linguagem de hoje, Jesus foi para a capela da
comunidade e foi convidado a fazer parte da equipe litúrgica, para fazer a
segunda leitura! Naquela época, o culto da sinagoga tinha duas leituras - a
primeira tirada da Lei, a segunda dos Profetas. Jesus, abrindo o livro do
Profeta Isaías, encontrou a passagem que diz: “O Espírito do Senhor está sobre
mim, porque Ele me consagrou para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me
para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para
libertar os oprimidos, e para proclamar um ano da graça do Senhor” (4, 18-19).
Não que Ele encontrasse esta passagem por acaso! Pelo contrário - Jesus
procurou até achar, pois Ele identificava a sua missão com aquela descrita pelo
profeta. Por isso, na hora da homilia, começou com a frase chocante: “Hoje se
cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir” (4, 21). Jesus
identificou a sua missão com a do Capítulo 61 de Isaías. Nós, como discípulos
d’Ele, temos a mesma missão. Olhemos os elementos:
a) “Anunciar a Boa Notícia aos pobres”: O
evangelho é “Boa-Notícia” - não uma série de leis, nem uma lista de práticas
rituais, nem uma moral (embora tenha todos estes elementos), mas uma
experiência de Deus que traz alegria, felicidade, - para os pobres! Portanto,
Ele toma posição - o que é boa notícia para uns, é má-notícia para outros! O
que é boa notícia para o oprimido, é má notícia para o opressor! Não existe uma
Boa-Notícia neutra, igualmente boa para todos! E não devemos diluí-lo a termo
“pobre” - aqui não é o pobre de espírito, nem de coração, nem de fé... é o
pobre mesmo, aquele/a que não tem o necessário para uma vida digna (Lucas usa o
termo grego “ptochois”, que significa
mais ou menos “indigente”). Com certeza, na nossa sociedade inclui todos os
excluídos.
b) “Proclamar a libertação aos presos”: Não só
aos na cadeia, mas que estão sem a liberdade dos filhos de Deus - presos hoje
pelas consequências do neo-liberalismo, do desemprego, do salário mínimo; pelas
correntes de racismo, machismo, clericalismo, e tudo que oprime! Também aos
presos no seu próprio egoísmo, pois o assumir dos valores evangélicos vai
libertá-los. Porém, esta libertação passa pela mudança radical na sua maneira
de viver.
c)
“Aos cegos a recuperação da vista”: Quanta gente cega hoje! E não por doença
dos olhos, mas cegada pela ideologia dominante que não deixa ver a realidade do
mundo e dos sofridos; pelas falsas utopias alienantes e pela manipulação de
informação pelos meios de comunicação, dominados pela elite, que “fazem a
cabeça”; quantos cegos diante da possibilidade de mudança através da força
histórica dos oprimidos! Vale a pena notar que o texto enfatiza a “recuperação”
da vista - não a doação dela. Ou seja, trata-se de ajudar os/as que uma vez
viram a realidade com os olhos de Deus, mas foram cegados pela ideologia
dominante ao ponto de não enxergarem mais a verdade.
d)
“Libertar os oprimidos”: Aqui há o eixo fundamental de toda a Bíblia - o Êxodo,
como processo permanente. No livro de Êxodo, Deus se identificou como o Deus
que liberta os oprimidos (Êx 3, 76-10). Jesus se coloca - e coloca todos os
seus seguidores - neste mesmo compromisso. Hoje a época é diferente, mas a
opressão continua, e Deus nos conclama para que todos nós nos empenhemos nesta
luta para concretizar a libertação dos oprimidos.
e)
“Proclamar o ano de graça do Senhor”: O Ano da Graça - o Ano Jubilar! Memória
da proposta do Lv 25, o ano do perdão das dívidas, da libertação dos escravos,
da devolução das terras aos seus donos originais!
Como
concretizar, na realidade do Brasil de hoje, esta visão? O que significa hoje o
perdão das dívidas, a libertação dos escravos e a devolução das terras?
Questões evangélicas da fé, que têm fortes consequências políticas e econômicas
(como veremos logo na Campanha de Fraternidade) e desafiam a tendência à uma
religião intimista, individualista e desencarnada da realidade. Pois júbilo,
alegria, não pode ser decretado - tem que brotar de algum motivo profundo.
Aqui
o próprio Jesus fala da sua missão, que é também a nossa. Pois, fomos todos
“consagrados com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres, para
proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para
libertar os oprimidos, e para proclamar o ano da graça do Senhor” (4,
18-21).
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Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail:
thughes@netpar.com.br
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
EBC - Dom Jairo - 3ª Turma
Recomeçou!
Neste dia 20 de janeiro começou o 4º e ultimo módulo desta 3ª turma da Escola Bíblico-Catequética Dom Jairo.
Em espírito fraterno de comunhão com os irmãos, nos unimos em oração para que desta escola bons e numerosos frutos saiam em prol da construção do Reino de Deus.
Em breve, um resumo do que foi este recomeço para essa turma perseverante.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
“Façam tudo o que ele lhes disser”
SEGUNDO
DOMINGO DO TEMPO COMUM (20.01.13)
Jo
2,1-11
A
primeira parte do Quarto Evangelho é comumente chamada “O Livro dos Sinais”, pois o evangelista relata uma série de sete
sinais que, passo por passo, revelam quem é Jesus, e qual é a Sua missão.
Embora algumas bíblias traduzem o termo grego que João usa por “milagre”, a tradução mais acertada é “Sinal”. O primeiro desses sinais
aconteceu no contexto das bodas de Caná, o evangelho de hoje. Como todo o
Evangelho de João, o relato está carregado de simbolismo, onde pessoas, números
e eventos funcionam simbolicamente, para nos levar além da aparência das
coisas, numa caminhada de descoberta sobre a pessoa de Jesus.
Um
dos temas centrais do quarto evangelho é o da “hora” de Jesus. A “hora” não se
refere à cronometria, mas a hora de glorificação de Jesus, por sua morte e
ressurreição. Em resposta ao pedido feito por Maria (João nunca se refere a Ela
pelo nome, mas pelo título “mulher”), usando de uma maneira até estranha este
termo para a sua mãe, João quer indicar que Jesus rejeita uma esfera meramente
humana de ação para Maria, para reservar para ela um papel muito mais rico, ou
seja, o da mãe dos seus discípulos. Maria somente vai aparecer mais uma vez
neste evangelho - ao pé da cruz, onde Ela e o Discípulo Amado assumem um
relacionamento de Filho e Mãe. Devemos lembrar que o Discípulo Amado simboliza
a comunidade dos discípulos do Senhor, ou seja, nós hoje.
Apesar
da nossa tradição piedosa mariana, é importante não reduzir a ação da Maria no
texto à de uma incomparável intercessora. Embora seja comum esta interpretação
na devoção popular, não se sustenta do ponto de vista exegético. É melhor ver
Maria aqui como discípula exemplar, pois embora a resposta de Jesus indique um
distanciamento entre a Sua expectativa e a visão d’Ele, ela continua com
confiança n’Ele e leva outros a acreditar n’Ele.
O
simbolismo da água tornada vinho é também importante. Não era qualquer água -
era a água da purificação dos judeus. Com essa história, João quer mostrar que
doravante os ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira
purificação vem através de Jesus. Podemos entender isso como a mudança de uma
prática religiosa baseada no medo do pecado, uma prática que excluía muita
gente, para uma nova relação entre Deus e a humanidade, a partir de Jesus.
Assim, em Caná, Jesus começa a substituir as práticas do judaísmo do Templo,
que vai continuar ao longo do Evangelho de João.
A quantia do vinho chama a atenção -
600 litros! O vinho em abundância era símbolo dos tempos messiânicos, e, na
tradição rabínica, a chegada do Messias seria marcada por uma colheita
abundante de uvas. Assim João quer dizer que a expectativa messiânica se
realiza em Jesus. As talhas transbordantes simbolizam a graça abundante que
Jesus traz. A figura do mestre-sala é também simbólica, bem como os serventes.
Aquele, que devia saber a origem do vinho da festa, não sabia, enquanto estes,
sim. Assim, o mestre-sala representa os chefes do Templo que não sabiam a
origem de Jesus enquanto os servos representam os discípulos que acreditaram
n’Ele.
Fazendo comparação entre o vinho
antigo e o novo, João quer reconhecer que a Antiga Aliança era boa, mas a Nova
a superou. Os ritos e práticas judaicos, ligados à purificação e ao sacrifício,
não têm mais sentido, pois uma nova era de relacionamento entre a humanidade e
Deus começou em Jesus.
O ponto culminante do relato está em
v. 11: “Foi em Caná que Jesus começou os seus sinais, e os seus discípulos
acreditaram n’Ele”. A fé deles não é intelectual ou teórica; mas, o seguimento
concreto do Mestre, na formação de novos relacionamentos de amor. Passo por
passo, o autor vai revelando Jesus através de sinais para que nós, os leitores,
possamos “acreditar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que,
acreditando, tenhamos a vida em seu nome” (Jo 20, 31).
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Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail:
thughes@netpar.com.br
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Manifesto contra os decretos de extermínio
Com o objetivo de denunciar o genocídio, assassinatos e a violência, o
Cimi lança o documento Povos Indígenas: aqueles que devem viver - Manifesto
Contra os Decretos de Extermínio. O manifesto foi apresentado durante audiência
na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 4.
Na ocasião, a Associação dos Juízes pela Democracia (AJD) e o Cimi entregaram
manifesto subscrito por mais de 20 mil pessoas que aderiram à campanha Eu Apoio
a Causa Indígena.
“Se durante a ditadura militar a resistência dos Waimiri Atroari ante a
construção da rodovia transamazônica, na década de 1970, foi reprimida com
bombas, metralhadoras e até armas químicas, hoje tal premissa genocida segue em
curso na busca por uma identidade nacional desenvolvimentista, homogênea, sem a
presença das comunidades em seus territórios tradicionais. Um exemplo é a
construção de megaprojetos (estradas, hidrelétricas e projetos de mineração),
que por onde passam deixam rastros de destruição e morte”, lê-se no site do
Cimi.
O extermínio contra os indígenas continua através do confinamento dos
povos e comunidades em terras insuficientes, da morosidade do governo na
condução dos processos de demarcação das terras de povos que vivem em
acampamentos provisórios, com o descaso na área da saúde e educação. Segue
ainda na omissão do poder público diante das agressões cotidianas sofridas
pelos povos, além da invasão do território tradicional por madeireiros,
fazendeiros, narcotraficantes. A violência sistemática é cometida contra como um
decreto de extermínio que nunca foi revogado pelas forças anti-indígenas.
Alguns exemplos concretos podem ser apresentados, como é o caso do povo
Xavante de Marãiwatsédé, no Mato Grosso, em luta pela extrusão do seu
território invadido por fazendeiros. Também dos Guarani Kaiowá e Terena do Mato
Grosso do Sul, expropriados de suas terras pelo agronegócio, vivendo em
situações desumanas. No mesmo estado, os Kadiwéu tiveram suas terras demarcadas
há mais de 100 anos e correm o risco de serem novamente expulsos.
Chamam também a nossa atenção as dezenas de acampamentos à beira de
rodovias, espalhados na região sul do país, nos quais os povos Guarani e
Kaingang enfrentam baixas temperaturas e o perigo dos atropelamentos. No
Maranhão, os Awá-Guajá sofrem as mais diversas pressões, com destaque para
assassinatos e invasões de terras homologadas.
Embora seja consenso a importância da pluralidade étnica e cultural, por
outro lado não existem políticas concretas em defesa do modo de viver dos
indígenas, em pese tais povos tenham seus direitos resguardados pela
Constituição Federal. Após quase 40 anos (1974) da publicação do documento
Y-Juca-Pirama: O índio aquele que deve morrer - que denunciou a política
genocida do governo brasileiro e gerou impacto junto à opinião pública nacional
e internacional, durante os anos da ditadura - muita das ameaças aos povos
indígenas denunciadas pelo Cimi naquela ocasião ainda persistem.
O Cimi publica esse segundo manifesto no intuito de concretizar a
profecia anunciada pelo Y- juca Pirama: “Chegou o momento de anunciar, na
esperança, que aquele que deveria morrer é aquele que deve viver”.
O sumário do manifesto ainda traz um bloco de artigos sobre o projeto de
vida dos povos indígenas, os principais documentos indígenas dos últimos 40
anos e a republicação do Y Juca Pirama, lançado em 1974. Como anexo, as terras
e povos indígenas afetados pelos grandes empreendimentos.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Festa do Batismo do Senhor
Lc 3, 15-16.
21-22
“Este é o
meu Filho amado, que muito me agrada”
Hoje, no Domingo seguinte à
Epifania, celebra-se a Festa do Batismo do Senhor. O batismo de Jesus por João
Batista no Rio Jordão é tão importante teologicamente que é tratado por cada um
dos Sinóticos, cada qual da sua maneira, dependendo da situação da sua
comunidade e dos seus interesses teológicos. A história logo se tornou um
problema para os primeiros cristãos, pois levantava a questão de como Jesus,
sem pecado, podia ter sido batizado num ritual de purificação dos pecados. Por
isso, Mateus deixa fora a referência de Mc 1, 4 ao perdão dos pecados, e
adiciona os vv. 14 e 15. Para João, o batismo era tão difícil de ser
harmonizado com a sua cristologia, que omite qualquer referência ao atual
evento, e no seu lugar, faz com que João Batista indica Jesus como o “Cordeiro
de Deus” (Jo 1, 29-34).
O texto já nos apresenta o programa
da vida e missão de Jesus. Lucas se destaca pela insistência em situar Jesus
como membro do seu povo - identificando-se com aquela camada do povo
marginalizada e menosprezada como “impuro” pela teologia oficial, atrelada ao
poder político das elites. Como disse o saudoso Padre Alfredinho, fundador da
Fraternidade do Servo Sofredor: “No dia do seu batismo, Jesus entrou na fileira
dos excluídos para nunca mais sair dela!” Com o seu batismo, Jesus assume a
fidelidade radical à vontade de Deus. O significado disso será mostrado ao
longo do Evangelho. Também Jesus, unindo-se aos pecadores, já está, desde o
começo, rejeitando a visão de um Messianismo triunfalista.
Os sinóticos ressaltam o fato que “o
céu se abriu”. Marcos é o mais contundente quando enfatiza que “os céus se
rasgaram”. É uma maneira simbólica de expressar que em Jesus acontece a união
definitiva entre o céu e a terra (At 7, 56; 10, 11-16; Jo 1, 51) e uma
revelação celeste (Is 63, 19; Ez 1, 1; Ap 4, 1; 19, 11). A revelação maior é a
confirmação da identidade de Jesus como o Servo de Javé. Mateus, escrevendo num
ambiente de polêmica contra o judaísmo formativo do fim do primeiro século,
muda a tradição original (Mc 1, 9-11), mantida por Lucas, onde as palavras do
Pai se dirigiam a Jesus, para dirigi-las aos ouvintes: “Este é o meu Filho
muito amado, aquele que me aprouve escolher” (v. 17). Em ambas as tradições,
essas palavras associam a terminologia de Sl 2, 7, que repete a profecia de
Natã em 2Sm 7, 14 (tu és meu filho...) a Is 42, 1 (meu bem amado que me aprouve
escolher). A passagem de Isaías apresenta o Servo que não levanta a voz (42,
2), nem vacila, nem é quebrantado (42, 4). (A tradução grega da Septuaginta
usou uma palavra que podia expressar tanto os termos hebraicos para “filho” e
para “servo”). Fazendo fusão desses textos do Antigo Testamento, o texto une em
Jesus duas figuras proféticas - a do Filho da descendência real davídica e do
Servo de Javé. Assim, prevê que o messianismo de Jesus implica a vocação do
Servo Sofredor, e rejeita pretensões messiânicas triunfalistas. Podemos dizer
que o Batismo é para Jesus o assumir público da sua missão como Servo de Javé.
A voz do céu confirma a sua opção de vida. O Pai confirma que Ele reconhece
Jesus, desde o início do seu ministério público, como seu Filho (Sl 2, 7), seu
bem-amado, objeto da sua predileção.
Um dos sentidos mais importantes do
nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai. Todos
nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus -
cada um de nós também é verdadeiramente filho(a) do Pai celeste (1Jo 3, 1), a
quem aprouve escolher-nos. Nada pode fazer com que o Pai abandone esse amor
incondicional e gratuito - nem a nossa fraqueza, nem o pecado (Rm 8, 39).
Importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe
a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do
Pai, no seguimento de Jesus (1Jo 4, 10-11). Jesus não achou privilégio ser o
amado do Pai, mas assumiu as consequências - uma vida de fidelidade, que o
levava até a Cruz - e a Ressurreição (Fl 2, 6-11).
Celebrando
essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo,
comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de contribuir à
criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a
verdadeira paz. O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato
permanente de criação, fazendo crescer o Reino d’Ele, que “já está no meio de
nós” (Mc 1, 14).
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Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail:
thughes@netpar.com.br
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
O Catequista e o Ano da Fé
O Ano da Fé teve início dia 11 de
outubro e se encerrará dia 24 de novembro de 2013. O Papa Bento XVI na
Exortação Apostólica Porta Fidei, em que proclama o Ano da Fé, diz os
objetivos: “Queremos uma conversão a Deus cada vez mais completa,
para fortalecer a nossa fé n’Ele e para anuncia-lo
com alegria ao homem do nosso tempo”. A Renovação da Fé deve ser prioridade!
1. É também um ano para
celebrar:
Ø 50 anos do Concílio
Vaticano II (1962 a 1965).Ø 20 anos do Catecismo da Igreja Católica (1992)
Ø Assembleia Sinodal sobre a Nova Evangelização (que foi realizada em Roma mês passado).
2. Finalidades do Ano da Fé:
§ Renovação da Igreja.
§ Nova Evangelização.
3. Algumas ações fundamentais:
v Refletir (aprofundar
o conteúdo da fé).
v Confessar a fé
(confissão pública e individual do CREDO).
a) O Catecismo da Igreja
Católica (que contém a síntese ou conteúdo da fé).
b) A “história da fé” (memória dos homens e mulheres que testemunharam a
fé ontem e hoje).
c) Testemunho da caridade, porque a fé sem obras é morta.
Algumas ações durante o Ano da Fé:
1. Rever a Formação dos
Catequistas
Em que cremos?
Por que cremos?
É preciso e possível
proporcionar espaços de formação sobre o CREDO e sobre a Trindade. O Catecismo
da Igreja Católica pode ser a fonte de inspiração. Também a Palavra de Deus que
é a grande fonte da catequese. Mais do que a doutrina, a Palavra “amacia” o
coração.
Também é importante
reforçar a formação básica dos novos catequistas. Sem formação a catequese
perde seu vigor. Sem a verdadeira orientação sobre o núcleo da Fé cristã, o
catequista costuma “encher” os encontros catequéticos de coisas que não são
essenciais a fé, ao seguimento de Jesus Cristo. Daí a importância de
reforçarmos a formação dos catequistas.
2. Cuidar da Espiritualidade do
Catequista
Mais do que nunca
será importante oferecer espaço de cultivo da intimidade com Deus. É possível
pensar em manhãs, tardes ou dias de Espiritualidade (uma vez por semestre, pelo
menos). Quem sabe até, um final de semana de retiro com o grupo de catequista.
Sem o cultivo da
intimidade com o Amado, a vida vai perdendo o sabor, a catequese perde sua
razão de ser. É a espiritualidade que mantem acesa a chama do Amor e a missão.
Será importante rever
o conteúdo da catequese que está sendo feita com crianças, jovens e adultos. Se
o grupo usa um manual (livro) como instrumento, também deve ser
avaliado. Há muitos “roteiros” ou “temas” dos encontros catequéticos que
acentuam algum aspecto da história da salvação e não privilegia a vida de
Jesus, por exemplo. Muitos manuais levam um ano para “contar” a história do
povo de Jesus e há poucos temas sobre Jesus... Outros catequistas comunicam sua
religiosidade pessoal (devoção) e não o essencial que é Jesus Cristo.
É preciso analisar,
estudar o que é essencial a ser comunicado pela catequese, assim não perdemos
tempo com o que é assessório. O Centro da Catequese é Jesus Cristo e sua
mensagem: o Reino de Deus.
“Apresentar a pessoa
de Jesus, sem maquiagem e fundamentalismos, como sentido máximo para a vida,
muito além da Instituição, é fundamental! Proporcionar o encontro com Ele e a
experiência do seu amor...Isso exige uma catequese mais “enxuta”, voltada para
o essencial, despojada de tantos conteúdos e temas que podem ser compreendidos
ao longo de toda a vida cristã”. Pe. Vanildo Paiva
Continuaremos a refletir sobre o
catequista e o ano da fé...
Nossa agenda regional para o Ano da Fé decidida no ultimo encontro
regional em maio:
·
Seminário Regional com os
coordenadores diocesano da Dimensão Bíblico-catequética – de 17 a 19 de maio de
2013 com assessoria do Pe. Décio (assessor nacional).
Coordenação da Dimensão Bíblico-catequética
Regional
NE3 – Bahia e Sergipe
Novembro
de 2012
domingo, 6 de janeiro de 2013
Solenidade da Epifania do Senhor
Mt 2, 1-12
“Viemos
prestar-lhe homenagem”
Hoje
celebramos uma das grandes festas do Ciclo de Natal - a Manifestação do Senhor
(“Epifania” em grego), onde comemoramos o fato de que Jesus foi manifestado,
não somente ao seu próprio povo, mas a todos os povos e nações, representados
pelos Magos do Oriente. Embora a festa tenha muita popularidade folclórica,
também proclama uma grande verdade da fé - que a salvação em Jesus é para todos
os povos, sem distinção de raça, cor ou religião. Retomando a grande intuição
do profeta Isaías, celebramos hoje a salvação universal em Jesus.
O
texto de hoje é altamente simbólico - usa uma técnica da literatura judaica
chamada “midraxe”, ou seja, uma releitura de passagens bíblicas, com o intuito
de atualizá-las. Assim, Mateus quer ensinar algo sobre Jesus, usando figuras e
símbolos tirados de diversos textos do Antigo Testamento. Por exemplo:
-
Vêm os magos (nem três, nem reis!) buscando o Rei dos Judeus. Esses magos
lembram os magos que enfrentavam e foram derrotados por Moisés (Êx 7, 11.22; 8,
3.14-15; 9,11) e acabaram reconhecendo o poder de Deus nas maravilhas feitas
por Ele.
-
A estrela é sinal da vinda do Messias, relendo a profecia de Balaão em Nm 24,
17.
-
O menino nasce em Belém, conforme a profecia de Miquéias (Mq 5, 1)
-
Os presentes lembram as profecias de Segundo e Terceiro-Isaías, e dos Salmos,
sobre os estrangeiros que viriam a Jerusalém trazendo presentes para Deus (Is
49, 23; 60,5; Sl 72, 10-11).
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Herodes, como o Faraó, massacra os filhos do povo de Deus (Êx 1, 8.16).
O
texto chama a atenção pelas reações diferentes diante do nascimento de Jesus.
Os que deveriam reconhecer o messias - pois são versados nas Escrituras - ficam
alarmados, pois para eles, opressores do povo através da religião e da
política, Jesus e a sua mensagem constituem uma ameaça. Outros, pagãos do
oriente, buscando sem ter certeza, arriscam muito para descobrir o verdadeiro
Deus, e entregam-lhe presentes, sinal da partilha, grande característica do
Reino que Jesus veio pregar.
Hoje
em dia, verificam-se as mesmas reações diante de Jesus e do seu Evangelho.
Muitos querem reduzir os eventos religiosos a algo folclórico com shows e
cantos, mas que de forma alguma possa questionar a nossa sociedade e os seus
valores. Para outros, o menino na estrebaria é um sinal do novo projeto de
Deus, o mundo fraterno, onde todas as pessoas de boa vontade têm que se unir,
seja qual for a sua raça, nação, gênero ou religião, para construir a
fraternidade que Deus quer.
Jesus
não precisa de presentes, mas, sim do nosso esforço na vivência do seu Reino.
Na prática, temos que optar - para a vivência religiosa vazia como a de Herodes
e dos Sumos Sacerdotes, ou pela mensagem libertadora do Menino de Belém, que
convoca todas as pessoas de boa vontade, sem distinção de raça, cultura ou
tradição religiosa, representados hoje pelos magos, para a construção do mundo
de paz, fraternidade e justiça, pois Jesus veio para que “todos tenham a vida e
a tenham plenamente.” (Jo 10, 10)
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Pe. Tomaz Hughes, SVD
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