"CHIQUE É CRER EM DEUS"

Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... Mas, Amor e Fé nos  tornam humanos!

Coisas que todos os catequistas novatos deveriam saber

Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.

O catecismo responde.

Respostas sobre dúvidas sonbre o Sacramento do Batismo

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Especial sobre Quaresma

Encontre aqui tudo que já publicamos sobre esse tempo.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Saiba quais são os tipos de jejum

Todos podem fazer jejum, inclusive os que não têm a saúde tão boa. Basta compreender os tipos de jejum que podem ser feitos.


Escolha o melhor jejum para você e tenha uma ótima Quaresma!

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sábado, 25 de março de 2017

Exercícios quaresmais de conversão

Existem exercícios quaresmais que proporcionam a conversão

A liturgia que abre o Tempo da Quaresma manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum.
Toda nossa vida se torna um sacrifício espiritual, o qual apresentamos continuamente ao Pai, em união com o sacrifício de Jesus sofredor e pobre; a fim de que, por Ele, com Ele e n’Ele, seja o Pai em tudo louvado e glorificado. Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial para cada cristão pessoalmente e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo, a noite santa da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Vamos refletir sobre os rumos de nossa espiritualidade até a Páscoa de Nosso Senhor Jesus, ou seja, a vida nova que Ele tem para nós, os exercícios quaresmais de conversão. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas, que abre o Tempo da Quaresma, manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum, conforme Mateus 6,1-8.16-18.

Exercícios Quaresmais de conversão

Oração: A oração é a expressão máxima de nossa fé. Não podemos pensar nela como algo que parte somente de nós, pois, quando o homem se põe em oração, a iniciativa é de Deus, que atingiu, com a Sua graça, o coração desse homem. Toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, uma comunicação com o divino em nós.
Jejum: Jejuar é abster-se de um pouco de comida ou bebida, é estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e respeito, diante do alimento, torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o possa escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, ideias, pessoas, apegos e assim por diante. Jejuar significa fazer espaço em si.
Esmola ou caridade: O que significa esmola? Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, sem egoísmo, sem pedir recompensa, mas em atitude de compaixão. Nisso, o homem imita o próprio Deus no mistério da criação, e a Jesus Cristo, no mistério da redenção.
Celebrar a Eucaristia no tempo da Quaresma significa percorrer com Cristo o itinerário da provação que cabe à Igreja e a todos os homens; é assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos que constituem o sacrifício espiritual. Assim, renovando os compromissos do nosso batismo, na noite pascal, poderemos “passar” para a vida nova de Jesus, Senhor ressuscitado para a glória do Pai na unidade do Espírito.

Para celebrar bem este tempo

1. O Tempo da Quaresma se estende da Quarta-feira de Cinzas até a Missa, na Ceia do Senhor, exclusive. Essa Missa vespertina dá início, nos livros litúrgicos, ao Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, o qual tem seu cume na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição. A semana que precede a Páscoa toma o nome de Semana Santa. Ela começa com o Domingo de Ramos.
2. Os domingos deste tempo se chamam de 1°, 2°, 3°, 4° e 5° Domingo da Quaresma. O 6° domingo toma o nome de “Domingo de Ramos e da Paixão”. Esse dia tem a precedência sobre as festas do Senhor e sobre qualquer solenidade.
3. As solenidades de São José, esposo de Nossa Senhora (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março), como outras possíveis solenidades dos calendários particulares, antecipam sua celebração para o sábado, caso coincidam com esses domingos;
4. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas abre o tempo da Quaresma. Não se dizem nem se cantam o Glória nem o Credo na Missa.
5. Aos domingos da Quaresma, não se canta o hino Glória; faz-se, porém, sempre a Profissão de Fé e o Creio. Depois da segunda leitura, não se canta o Aleluia; o versículo, antes do Evangelho, é acompanhado de uma aclamação a Cristo Senhor. Omite-se o Aleluia também nos outros cantos da Missa.
6. A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é a roxa; para o 4° domingo (Laetare – Alegria) é permitido o uso da cor rosa. No Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa, a cor das vestes litúrgicas e do celebrante é a vermelha, por tratar-se da Paixão do Senhor.
7. Sugestão: em oração, colha de Deus uma penitência ou mortificação pessoal que você possa viver neste tempo de retiro. Por exemplo: deixar algo de que gosta muito de fazer ou de comer, falar menos, diminuir o barulho ao seu redor, assistir menos televisão, reconciliar-se com as pessoas e situações, fazer um bom exame de consciência e confessar-se. Nos dias de jejum, oferecer a quem não tem o que você iria comer e beber etc.
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segunda-feira, 20 de março de 2017

Para viver bem a quaresma

Para viver bem a quaresma

É preciso ganhar tempo,  aproveitá-lo,  antecipar-se,  não perdê-lo! Estas são expressões que falamos com extrema frequência.
O tempo da Quaresma é o tempo da criança,  dos sonhos dos adolescentes com a vida,  dos anciãos,  carregado de memórias.  Tempo medido e contado,  ou tempo a ser desfrutado,  ou,  quem sabe,  desperdiçado.  Tempo simbólico,  quarenta anos ou quarenta dias,  vinte e cinco ou cinquenta anos,  aniversários e jubileus,  como o Jubileu da Misericórdia,  o qual estamos celebrando!

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Fomos feitos por Deus e mergulhados no tempo,  não apenas naquele estudado pela física ou marcado pelo relógio,  mas no tempo presente,  dado por Ele,  carregado de sentido porque se torna história da nossa salvação.
A sabedoria milenar na Igreja construiu,  pouco a pouco,  o que se chama”Ano litúrgico”,  com o qual,  a partir da morte e ressurreição,  seu”mistério pascal”,  os cristãos percorrem os eventos da vida do Senhor nesta terra,  para O reconhecerem sempre presente (Mt 28,20),  até Sua vinda gloriosa no final dos tempos.

Acolher as graças oferecidas por Deus

A pedagogia da Igreja nos faz reencontrar os mesmos acontecimentos salvíficos,  mas nos espera crescidos e mais maduros,  capazes de acolher melhor as graças de cada época do ano.  Todas as suas etapas são “tempo oportuno”.  Atualiza-se o apelo do Apóstolo São Paulo”Como colaboradores de Cristo,  nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus,  pois ele diz: “No momento favorável,  eu te ouvi,  no dia da salvação,  eu te socorri”.  E agora o momento favorável,  é agora o dia da salvação (2Cor 6,1-2).

A que se dedicar na quaresma

Quarenta dias dedicados à oração,  à fraternidade e ao jejum!  Todas as pessoas que fazem uma experiencia”religiosa”,  mesmo em outras vertentes,  até não cristãs,  descobrem a necessidade de um relacionamento com Deus,  um novo trato com o próximo e as exigências de equilíbrio das forças de sua própria natureza.  Observa-se que muitas delas fazem dietas ou jejuns muito mais estritos e exigentes do que a Igreja propõe para a Quaresma,  por motivos espirituais,  estéticos ou por prescrições médicas.  E que não faz mal a ninguém orar,  amar o próximo e educar a própria vontade.

O que fazer para viver bem a quaresma

Entretanto,  a Igreja celebra a Quaresma com um olhar mais amplo e profundo.  Como os cristãos assim se chamam por terem recebido no Batismo a vida nova nascida do próprio Cristo morto e ressuscitado,  celebram,  cada semana,  no domingo,  a Sua Páscoa e a comemoram anualmente,  preparados pela Quaresma,  renovando,  como num aniversário de Batismo,  a fé professada e sua renúncia ao pecado e ao Demônio.
A Quaresma tem os olhos voltados para a Vigília Pascal. A vela acesa no Círio Pascal,  para a renovação das promessas feitas,  será um dos grandes símbolos da vida em Cristo.  O mesmo Cristo,  as mesmas celebrações,  mas um tempo novo!
Que durante a Quaresma chegue a todos o convite da Igreja a intensificarem o tempo de oração. Comecemos pela participação na Missa Dominical, preparada de preferência, em família. Propomos ainda a retomada de bonito costume: a ida da família à igreja, com todos os seus membros, escolhendo um horário que dê certo para todos, marcando presença na Missa paroquial e acolhendo os dons de Deus que são oferecidos em abundância. Depois a oração pessoal, especialmente com a Bíblia, descobrindo a riqueza da chamada leitura orante da Palavra de Deus.
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quarta-feira, 15 de março de 2017

Cuidado com as penitências absurdas na Quaresma

É preciso ter bastante cuidado com as penitências absurdas na Quaresma

Quaresma é tempo de lutar contra nossos pecados, pois ele é a pior realidade para nós. O Catecismo diz: “Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro” (n. 1489).

Olhando para Jesus, desfigurado e destruído na cruz, entendemos o horror que é o pecado. Foi preciso a morte de Cristo para que nos livrássemos do pecado e da morte eterna, a separação da alma de Deus. Então, a Igreja nos propõe 40 dias de penitência, de resistência contra o pecado na Quaresma.
Essa prática é baseada na vida do povo de Deus. Durante 40 dias e 40 noites, caiu o dilúvio que inundou a terra e extinguiu a humanidade pecadora (cf. Gn. 7,12). Durante 40 anos, o povo escolhido vagou pelo deserto, em punição por sua ingratidão, antes de entrar na terra prometida (cf. Dt 8,2). Durante 40 dias, Ezequiel ficou deitado sobre o próprio lado direito, em representação do castigo de Deus iminente sobre a cidade de Jerusalém (cf. Ez 4,6). Moisés jejuou durante 40 dias no Monte Sinai antes de receber a revelação de Deus (cf. Ex 24, 12-17). Elias viajou durante 40 dias pelo deserto, para escapar da vingança da rainha idólatra Jezabel e ser consolado e instruído pelo Senhor (cf. 1 Reis 19,1-8). O próprio Jesus, após ter recebido o batismo no Jordão, e antes de começar a vida pública, passou 40 dias e 40 noites no deserto, rezando e jejuando (cf. Mt 4,2). É um tempo de luta contra o mal.
São Paulo nos oferece uma indicação precisa: “Nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça”. Porque Ele diz: “No tempo favorável, eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio’’. Este é o “tempo favorável”, este é “o dia da salvação” (2 Cor 6,1-2). A liturgia da Igreja aplica essas palavras de modo particular ao tempo da Quaresma. “Convertei-vos e crede no Evangelho” e “Lembra-te de que és pó e ao pó hás de voltar”.

Convite à conversão

O primeiro convite é à conversão, é um alerta contra a superficialidade de nossa maneira de viver. Converter-se significa mudar de direção no caminho da vida: uma verdadeira e total inversão de rumo. Conversão é ir contra a corrente, contra a vida superficial, incoerente e ilusória, que frequentemente nos arrasta, domina e torna-nos escravos do mal ou pelo menos prisioneiros dele. Jesus Cristo é a meta final e o sentido profundo da conversão; Ele é o caminho ao qual somos chamados a percorrer, deixando-nos iluminar pela sua luz e sustentar pela sua força. A conversão é uma decisão de fé, que nos envolve inteiramente na comunhão íntima com a pessoa viva e concreta de Jesus. A conversão é o ‘sim’ total de quem entrega sua vida a Jesus pela vivência do Evangelho. “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).

Penitência não é para fazer mal

Para vencermos a nós mesmos, nossas fraquezas e paixões desordenadas, a Igreja recomenda, sobretudo na Quaresma, o jejum, a esmola e a oração como “remédios contra o pecado”, a fim de dominar as fraquezas da carne e aproximar-se de Deus. Portanto, não se deve fazer uma penitência exagerada, uma mortificação que leve a pessoa a ficar doente ou a se sentir mal. O jejum exige, sim, passar um pouco de fome durante o dia, mas sem causar mal à pessoa, sem tirar a sua condição de trabalhar, rezar etc.

Saber calar pode ser uma boa penitência

Há formas boas de mortificação, como cortarmos aquilo que nos agrada, seja para o corpo ou para o espírito, mas há pessoas que fazem excessos: peregrinações longas demais, penitências até com feridas, prejudicando a saúde. Deus não quer isso, Ele não nos pede o impossível.
Qual mortificação eu preciso fazer? É aquela que abate o meu pecado. Se eu sou soberbo, então minha penitência deve ser o exercício de humildade: vencer todo orgulho, ostentação, vaidade, exibicionismo, desejo de aparecer, de impor-se aos outros e saber calar.
Se seu pecado é o apego aos bens materiais e ao dinheiro, então eu preciso exercitar muito a boa e farta esmola, o desprendimento do mundo e das criaturas. Se meu mal é a luxúria e a impureza, então vou exercitar a castidade nos olhos, ouvidos, leituras, pensamentos e atos. Se sou irado, vou conquistar a mansidão; se sou invejoso, vou buscar a bondade; se sou preguiçoso, vou trabalhar melhor e ser diligente em servir aos outros sem interesses.

Perdoar pode ser mais importante



São Francisco de Sales, doutor da Igreja, dizia que a melhor penitência é aceitar, com resignação, os males que Deus permite que nos atinjam, porque Ele sabe do que precisamos, e assim nossos pecados são vencidos. A penitência que Deus nos manda é melhor do que aquela imposta por nós mesmos. Então, aceite, especialmente na Quaresma, sem reclamar, sem culpar ninguém, todos os males, dores, aborrecimentos e injurias que sofrer, e ofereça tudo a Deus pela sua conversão. Pode ser que dar o perdão a quem lhe ofendeu seja mais importante do que ficar 40 dias sem fazer isso ou aquilo. Uma visita a um doente, a um preso, o consolo de alguém aflito pode ser mais importante que uma peregrinação demorada. Tudo é importante, mas é preciso observar o mais importante para a realidade espiritual.
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sexta-feira, 10 de março de 2017

Dúvidas sobre a Quaresma

Como viver bem a Quaresma  e quais atitudes devemos ter como cristãos

Reunimos para você algumas dicas de como viver bem os 40 dias de Quaresma e como escolher uma penitência para esse tempo. Por essa razão, nós fizemos uma enquete no Facebook para que os internautas deixassem suas dúvidas a respeito desse assunto. E convidamos o diácono Renan Félix, missionário da Comunidade Canção Nova, para respondê-las.
O que é a Quaresma? E qual é a melhor atitude que o cristão pode ter, durante esse tempo, para que, realmente, este período tenha sentido em sua vida?
A Quaresma é esse tempo litúrgico que antecipa todo o período da Semana Santa, da Morte e da Ressurreição de Nosso Senhor, do mistério Pascal. Então, é um grande tempo que a Igreja nos dá para que possamos preparar o nosso coração, viver verdadeiramente o tempo da Páscoa.
A Quaresma é um tempo de recolhimento para que possamos rever a nossa vida, rever até que ponto a nossa vida de cristão corresponde àquilo que Nosso Senhor nos pede. Ela serve para analisarmos se estamos verdadeiramente amando Deus sobre todas as coisas ou se outras coisas estão dominando o nosso coração. É um tempo de balanço geral em nossa vida, de pararmos, silenciarmos e refletirmos. É bonito como a Liturgia vai nos levando até isso por meio das leituras, das Missas de cada dia. A Liturgia nos conduz a fazermos essa experiência de rever a vida, de fazer dela uma vida diferente e poder entrar no tempo Pascal desejoso de uma vida nova.
Não comer carne nem chocolate, não tomar refrigerante e não abusar das mensagens no celular. Mas do que vale tudo isso?
Vale para colocar Deus como o centro da nossa vida. Achei legal falar das mensagens no celular! Quanto tempo temos demorado nas redes sociais e quanto tempo temos nos dedicado a Deus? Coloque isso na ponta do lápis e você verá quem tem ganhado mais espaço na sua vida. Então, se o tempo do Facebook e do Watsapp têm sido maior do que o tempo que você reza, que se dirige a Deus, você vai entender quem está dominando a sua vida.
Todas as vezes que botamos freio em alguma realidade, principalmente no tempo da Quaresma, é para colocarmos Deus em um centro. Então, o que nós gostamos de comer não nos domina, o que assistimos não nos domina, o que ouvimos não nos domina, porque o nosso amor está todo para Deus.
Diz a Palavra de Deus que onde está o seu tesouro, ali está o seu coração. Infelizmente, muitas vezes, os nossos tesouros estão enterrados em solos que não são os do coração de Deus. Então, a Quaresma é esse tempo. Por isso vale largar o chocolate, o refrigerante, as mensagens, para poder fazer a experiência de colocar o Senhor como o centro na nossa vida. Vale a pena! Por este motivo, temos de recolocar Deus onde Ele deveria estar na nossa vida.
Na mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2014, ele fala sobre a miséria material, moral e espiritual. Ele finaliza dizendo: “Não nos esqueçamos de que a verdadeira pobreza doí. Não seria válido um despojamento sem essa dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem doí.
Nesta Quaresma, como podemos ajudar as pessoas que vivem a miséria material, moral e espiritual? Como seria a caridade nestes três âmbitos?
A miséria moral é exercer a caridade com uma pessoa que está trilhando um caminho errado, é chamá-la a exercer um pouco da verdade, aconselhá-la e mostrar a ela que existe outra realidade. Por exemplo, se você conhece um amigo da faculdade que está trilhando um caminho de bebida, de alcoolismo, chame-o, gaste do seu tempo com ele para poder instruí-lo e, talvez, tentar tirá-lo dessa realidade de miséria moral.
A miséria espiritual vai para o mesmo caminho. São pessoas que, às vezes, precisam de uma palavra, de um consolo ou aconselhamento. são pessoas que precisam ser ouvidas, precisam de alguém que se sente e as escute. É uma miséria espiritual, ou seja, ela tem a necessidade de alguém que reze com ela, que a assuma em oração. Nós podemos sanar a miséria espiritual dos nossos irmãos dando-lhes a nossa vida em oração, sentando com eles, rezando por eles.
A miséria moral e a espiritual estão muito relacionadas ao nosso tempo, à nossa vida. Mas existe a miséria material, sobre a qual o Papa está insistindo. Como a Igreja pensa as práticas da Quaresma: oração, jejum, penitência, caridade e esmola? A oração nos leva para Deus quando nos lançamos para Ele. Quando revemos, na nossa vida, tudo o que está em excesso, aí entra a necessidade de jejum e penitência. Mas se isso parar apenas na nossa vida, e não transbordar na vida do irmão, não tem valor. É aí que entra a caridade e a esmola.
A sintonia é perfeita, porque nós nos lançamos em Deus, avaliamos nossa vida e refazemos o nosso relacionamento com Deus. Refazemos as coisas, refazemos nosso relacionamento com os irmãos, com a caridade que ela pode se dar nesse sentido; de se dar tempo, mas também no sentido concreto material.
Então, vamos para o exemplo: eu faço uma penitência de não tomar refrigerante, vou pegar essa que é uma bem simples, durante toda a Quaresma, aí você calcula, quanto eu gasto por dia com refrigerante. Ah, eu gasto dez reais de refrigerante por semana, eu transformo aqueles dez reais em esmola para uma família que precisa.
Este é o sentido da esmola, aquilo que a gente jejua e que gastaria algo, entregamos aos pobres. De ir ao encontro, de fazer um rateio, de chamar outras pessoas. Os seus dez reais, mais os dez reais de outro; porque não faz uma cesta básica para uma família que está passando fome? Então, temos um costume muito egoísta: Ah tá bom, vou ficar sem tomar refrigerante, vai me sobrar dinheiro. Não esse dinheiro não é seu e, sim do outro! É por isso, que a Igreja sempre nos propôs essas três realidades juntas. Porque elas nos lançam nos outros, elas nos lançam na realidade dos outro. Agora, uma realidade que fica fechada no meu relacionamento com Deus e, na minha vida de uma conversão interior e não transborda em amor por outro.
O Papa Francisco fala muito da cultura do encontro, de ir ao encontro do outro. Ela vai ser uma Quaresma estéril, sem fecundidade, porque ela vai ser igual a um tripé com o pé quebrado, ela não vai ficar de pé. Agora, se eu revejo o meu relacionamento com Deus com oração, revejo o meu relacionamento com as criaturas, com as coisas, com o jejum e com a penitência e revejo o meu relacionamento com meu irmão com a caridade, aí eu me coloco em uma Quaresma concreta. Pode ser alguém que você precise dar perdão, que você precise perdoar, que você precise ir ao encontro. Alguém que você vacilou com ela e, você precisa pedir perdão por este ato que fez. Isso tudo é maneira concreta de viver a caridade e de ir de encontro com essa miséria moral, espiritual ou real que, muitas vezes, as pessoas se encontram.

domingo, 5 de março de 2017

A Quaresma deve nos levar à conversão, penitência e misericórdia

O caminho quaresmal deve nos levar à conversão, penitência e misericórdia

“Chegaram algumas pessoas trazendo a Jesus notícias a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando o sangue deles com o dos sacrifícios que ofereciam. Ele lhes respondeu: ‘Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro morador de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo'” (Lc 13,1-15).

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Alguém pode até pensar que se trata de crônica policial, com fatos hoje corriqueiros e incapazes de nos assustar, tal a frequência de massacres, violência e acidentes! Mas aqui se trata de uma proposta séria de reação inteligente, baseada na fé, diante dos acontecimentos. Não dá para passar ao largo de todas as muitas provocações vindas do dia a dia, sem acolher a misteriosa e efetiva mensagem que Deus quer efetivamente nos oferecer, exigindo nossa reação. Deus nos fala continuamente e pede sempre o mesmo, a conversão, palavrinha provocante que significa mudar de mentalidade e de rota.

Todos devem sair da confissão com alegria no coração

Mudar de mentalidade! A Campanha da Fraternidade em curso remete os cristãos que dela participam e apela a todas as pessoas de boa vontade ao cuidado com a nossa casa comum, a partir do intrigante tema do saneamento básico. Impressiona o fato de que se torna necessário que os responsáveis pela vida eclesiástica tenham de vir a público, quase a suplicar que alguém se desperte e tome providências efetivas quanto ao cuidado com a água, o recolhimento do lixo, o esgoto sanitário e daí por diante! São elementos tão “escondidos” até debaixo da terra, cujo cuidado já deveria ser dado por descontado pela cidadania e pelos responsáveis pela administração pública! Só que a mente precisa ser mudada para que as ações a ela correspondam. O bem dos outros e o bem comum, no qual cada um de nós está incluído, há de passar na frente do escandaloso prazer de sujar ruas e praças ou desperdiçar água ou ainda destruir o patrimônio público! Mais ainda, há de mudar a banalização da vida, vilipendiada e destruída diante dos olhos de todos.
Podemos ir mais a fundo na questão, com a coragem de perguntar ao conjunto da sociedade a respeito dos motivos para tanta inversão de valores! É que começamos a plantar há muito tempo. Quando Deus deixa de ser o centro e o polo de referência, todo o resto desmorona. O ser humano, a natureza ou qualquer outro ideal, jogam fora o próprio sentido, quando Deus é excluído! Não somos fruto do acaso. Quando a humanidade “escolheu o acaso”, gerou o individualismo, espalhou-se como relativismo, confundiu as peças do tabuleiro da sociedade e da vida! Reconstruir tudo, ajuntando os cacos, já está dando trabalho e pedirá muito esforço do conjunto da sociedade.
A Palavra de Deus e a experiência sofrida e maravilhosa dos cristãos suscitaram alguns passos. É incrível, mas começa quando paramos, tomamos consciência de nossos inúmeros erros, temos a coragem de reconhecê-los como “pecados”, descobrimos que prejudicar os outros ou a própria vida e ainda a natureza toca na raiz de nossa existência! E lá vai o pecador, arrependido e suplicante, corajoso para se enrubescer de vergonha no confessionário, pedir perdão e sair disposto a recomeçar pela enésima vez, levantar a cabeça e melhorar! Vem da sabedoria do Papa Francisco uma magnífica palavra: “A confissão não deve ser uma tortura. Todos devem sair da confissão com a alegria no coração, com o rosto radiante de esperança, mesmo se, às vezes, como sabemos, molhado pelas lágrimas da conversão e da alegria”. Sim, o mundo já mudou para melhor quando alguém começou a ser diferente!

Ao sair da confissão é preciso mudar de rota

Ao sair dos muitos confessionários à disposição, trata-se de mudar a rota! Começar a amar o próximo que está ao nosso redor, tratar os bens da natureza com maior carinho, privilegiar o bem que é feito, diminuir a amargura com a qual se comentam os fatos da sociedade, fazer menos propaganda dos crimes correntes, relatar experiências positivas, participar de iniciativas comunitárias, quem sabe reaprender a sorrir e cumprimentar com maior delicadeza, fazer-se um com os outros, sem pretender justificar as opções egoístas de quem quer ficar “na sua” e ainda afirma que ninguém tem nada com isso!
A quem considera irreais tais propostas, aqui está o resto da conversa de Jesus, por sinal à disposição dos interessados nas Missas do terceiro domingo da Quaresma. Vale a pena acolhê-la e ainda ir à Missa para ouvir a Boa Nova proclamada e celebrada na Igreja: “Jesus contou esta parábola: ‘Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi lá procurar figos e não os encontrou. Então disse ao agricultor: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Para que está ocupando inutilmente a terra?’ Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa-a ainda este ano. Vou cavar em volta e pôr adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então a cortarás'” (Lc 13, 6-9). O tempo não perdoa quem não o respeita! Há que aproveitá-lo e transformá-lo em oportunidade de salvação. Não desperdiçar a paciência de Deus, que oferece de tudo para o nosso crescimento e a conversão. Fazer penitência para afofar a terra de nosso coração, acreditar nas graças que são oferecidas! Temos tempo!

Peça a Deus o dom das lágrimas, o dom da conversão

Há poucos dias, em Ciudad Juarez, no México, o Papa Francisco, referindo-se à pregação do profeta em Nínive, assim se expressou: “Jonas ajudou a ver, a tomar consciência. Que se passa depois? O seu apelo encontra homens e mulheres capazes de se arrependerem, capazes de chorar: deplorar a injustiça, deplorar a degradação, deplorar a opressão. São as lágrimas que podem abrir o caminho à transformação; são as lágrimas que podem abrandar o coração, são as lágrimas que podem purificar o olhar e ajudar a ver a espiral de pecado em que, muitas vezes, se está enredado. São as lágrimas que conseguem sensibilizar o olhar e a atitude endurecida, sobretudo adormecida perante o sofrimento alheio. São as lágrimas que podem gerar uma ruptura capaz de nos abrir à conversão. Foi assim com Pedro, depois de ter renegado Jesus; chorou e as lágrimas abriram-lhe o coração. Hoje, essa palavra ressoa vigorosamente no meio de nós; essa palavra é a voz que clama no deserto e nos convida à conversão. Neste Ano da Misericórdia, quero implorar convosco, neste lugar a misericórdia divina, pedir convosco o dom das lágrimas e o dom da conversão”. Pedindo o dom da conversão, deixemo-nos envolver com o manto da misericórdia!

quarta-feira, 1 de março de 2017

Um convite na Quarta-feira de Cinzas

Entramos no tempo da Quaresma, período que antecede a Semana Santa
Ocasião de nos preparemos para a maior de todas as celebrações da Igreja: a Ressurreição de Cristo, nossa Páscoa. E este tempo de preparação se inicia hoje, na Quarta-feira de Cinzas. Na celebração deste dia, cinzas são colocadas na nossa cabeça ou na testa para que nos lembremos de onde viemos e para onde vamos: “Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem, porque ele sabe de que é que somos feitos, e não se esquece de que somos pó” (Sl 102,14).

Este é um tempo favorável a nós. Mas para que possamos ressuscitar com Cristo, talvez seja necessário mudarmos a direção da nossa vida. Por isso, no momento em que recebemos as cinzas, ouvimos o seguinte versículo bíblico: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (cf. Mc 1,15). Mas vamos antes entender onde está situado este importante alerta de conversão.
No Evangelho de São Marcos, esse trecho está no capítulo 1 (um). O livro tem uma abertura, na qual apresenta o objetivo principal do Evangelho: a afirmação de que Jesus é o Filho de Deus (1,1). Segue com a apresentação de João Batista (1,2-8). No versículo 9, Cristo aparece pela primeira vez no Evangelho para ser batizado por João (1,9-11). Por fim, Ele passa 40 dias no deserto onde é tentando pelo demônio (1,12-13).
No Evangelho de São Marcos, todas estas passagens são apresentadas sem que se ouça a voz de Jesus. Todos os diálogos d’Ele, nestas cenas que conhecemos de outros Evangelhos, São Marcos suprime. A primeira fala de Jesus colocada por esse evangelista é a primeira pregação feita pelo Mestre, e é sobre conversão: Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus e dizia: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
Essa primeira fala de Jesus, no Evangelho de São Marcos, pode ser divida em três partes:
1) Cumpriu-se o tempo – a espera das promessas do Antigo Testamento relacionadas à vinda do salvador acabou, pois Ele está no meio de nós.
2) O Reino de Deus está próximo – Este reino é o próprio Jesus. Ele que vem ao encontro de cada um de nós.
3) Convertei-vos e crede no Evangelho – mas para que nós experimentemos essa presença real de Jesus, para que vivamos o seu reino é preciso conversão.
E converter significa mudar de caminho. É necessário assumir o caminho proposto no Evangelho, que é o próprio Cristo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Cf. Jo,14,6).
Assim começamos a Quaresma na Quarta-feira de Cinzas, ouvindo, segundo o Evangelho de Marcos, a primeira pregação de Jesus, um convite à conversão. Um convite para que, nestes quarenta dias, possamos refletir por quais caminhos temos andado. Um convite para conhecermos e seguirmos pelo caminho que é o próprio Cristo. Um convite para, no caminho que é Cristo, encontrarmos uma vida nova, a ressurreição.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Qual o sentido da Quarta-feira de Cinzas?

A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma

A Quarta-feira de Cinzas foi instituída há muito tempo na Igreja; marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus se sentar sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As Cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer; que somos pó e que ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19) para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa para não mais perecer.



Foto: Wesley Almeida/ cancaonova.com

Qual é o sentido?

A intenção deste sacramental é levar-nos ao arrependimento dos pecados, marcando o início da Quaresma; e fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu.
A maioria das pessoas, mesmo os cristãos, passa a vida lutando para “construir o céu na terra”. É um grande engano. Jamais construíremos o céu na terra; jamais a felicidade será perfeita no vale em que o pecado transformou num vale de lágrimas. Devemos, sim, lutar para deixar a vida na terra cada vez melhor, mas sem a ilusão de que ficaremos sempre aqui.
Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim aqui nesta vida. Qual seria o desígnio do Senhor nisso? A cada dia de nossa vida temos de renovar uma série de procedimentos: dormir, tomar banho, alimentar-nos, etc… Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do coração e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete, sem cessar, suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório… nada eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha; todo dia que nasce logo se esvai… e assim tudo passa, tudo é transitório.

Por que será? Qual a razão de nada ser duradouro?

Com­pra-se uma camisa nova e, logo, já está surrada; compra-se um carro novo e, logo, ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos, e assim por diante.
A razão inexorável dessa precariedade das coisas também está nos planos de Deus. A marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre. A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que o Senhor nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna, perene.
Em cada flor que murcha e em cada homem que falece, sinto Deus nos dizer: “Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia.”

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Coisas que todo catequista novato deveria saber

Para você que está começando agora e tem medo de errar ( o que é inevitável!) resumo algumas das coisas básicas que um catequista precisa saber para não errar muito e nem brincar de “professor de religião” como muitos pensam e fazem. Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.


  • CATEQUESE É ASSUNTO DE FÉ E NÃO DE MÉTODO SOMENTE


Ser catequista não é ser um “professor de religião” como muitos acreditam e brincam de ser. Ser catequista é mais do que fazer um encontro animado e participativo (fundamental). Ser catequista não está relacionado nem a uma formação pedagógica adequada (seria bom!). Ser catequista é, sobretudo, PARTILHAR A FÉ que se tem e as experiências de vida de comunidade. Sem isso, o catequizando só sairá com mais informação (ou não), o que não é nem de longe suficiente. Dar catequese não é repetir o Catecismo da Igreja, mas motivar as pessoas a entender e viver a doutrina de Jesus Cristo, que é ensinada pela Igreja Católica. Então, saber o que dizer é apenas MEIO PASSO: motivar e mostrar a partir da própria experiência de vivência de fé como se faz é o mais necessário. Ou então, ficaremos em uma catequese apenas doutrinal, que não muda a vida e não converte ninguém... É isso que você quer? Sem dúvida, a Igreja quer um cristão que saiba e viva a sua fé.

  • ENVOLVER A COMUNIDADE E A FAMÍLIA NA CATEQUESE É FUNDAMENTAL E BÁSICO



Muitas vezes, digo – exagerando – de que, se a família for catequizada, as crianças nem precisam ir pra catequese. Como a escola substitui a família na educação de hoje, os pais “jogam” as crianças na catequese acreditando que elas irão aprender a viver a fé. Errado! Os catequistas não substituem (e nem devem!) o papel da família na vivência de fé. Por isso, paralelamente com a catequese que se faz com as crianças, é preciso fazer um trabalho com as famílias. Eu optei na minha pastoral de só receber as crianças depois que as famílias (pais e mães) fizessem uns 3 a 4 meses de catequese semanal e depois de que as crianças já soubessem as orações básicas, ensinados pelos pais. Hoje tenho menos crianças na catequese (50% menos), mas tenho o dobro de resultados. E tenho feito uma evangelização das famílias muito maior. As famílias que começam esse caminho e se dispõem a ensinar os filhos a rezar com as orientações que damos, sentam mais e convivem melhor em família. Trabalhando a família e a sua dinâmica tudo se modifica em casa e na Igreja.

  • LIDAR COM CRIANÇAS EXIGE CARINHO, MAS VOCÊ NÃO DEVE SER PAI OU MÃE DELES



A grande tentação de muitos catequistas é confundir carinho e acolhida com fazer o papel de pai ou mãe do catequizando. O catequista tem é que repartir a fé e a vivência que tem. Como todo o carinho, com acolhida dos diferentes e com a possibilidade de entusiasmar as crianças e os adolescentes/jovens com um relacionamento vivo e positivo com o Cristo e a sua Igreja. Aqui não cabe uma fé ingênua e nem uma pregação de doutrina, somente. Compartilhar, repetir e exigir fazem parte de ser catequista. Uma atitude maternal pode funcionar um pouco nos primeiros encontros, mas deve ir diminuindo para tratar as pessoas segundo suas necessidades e capacidades de compreensão. Hoje, mais do que nunca as crianças e os jovens repelem uma atitude maternal exagerada, pois soa falsa. Por isso, não tente ser pai ou mãe deles, mas seja carinhoso e exigente, partilhando o amor a Deus e a fé que você tem. Seja pessoal: conte histórias acontecidas com você e ouça deles situações que tenham a ver com o encontro. Deixe-os falarem e comente valorizando as experiências de suas vidas. Questione, brinque e compare tudo com o projeto de Cristo nos evangelhos, segundo a visão da Igreja.

  • ORAR EXIGE CONSTÂNCIA E DISPOSIÇÃO



Não se restrinja a mostrar aos seus catequizandos apenas as orações básicas (Pai Nosso, Ave Maria, Credo Apostólico, etc.) Mostre como se deve rezar em silêncio, como fazer uma Leitura Orante da Bíblia, como rezar usando músicas, oração de cura interior, oração espontânea, etc. Orar é dar espaço pra Deus e ser questionado por ele. De forma comunitária ou de forma pessoal. Mas a oração não é negociável: orar é preciso e é substancial para a vida. A vida de um cristão sem oração pessoal e comunitária é como a vida de uma pessoa desnutrida: se permanecer assim por muito tempo, pode até morrer. Motive seus catequizandos para a oração a partir de suas palavras e de sues exemplos. Isso também serve pra você: quem não reza acredita tanto em si mesmo que deixa Deus de lado, porque não precisa dele. Mesmo de forma inconsciente, quem age assim acaba por ser um ateu prático. Pode estar na Igreja, mas não é cristão autêntico, vive uma hipocrisia.


  • A LEITURA DA BÍBLIA NÃO É UM ACESSÓRIO, MAS FAZ PARTE DO CONTEÚDO PRINCIPAL



Muita gente não se importa com a leitura da Bíblia: como se ela atrapalhasse a catequese. Grande engano: a leitura da Bíblia e a sua interpretação é essencial na catequese. Catecismo da Igreja e leitura da Bíblia não se contrapõem, mas se complementam. Ler, compreender o significado e interpretar para hoje é absolutamente necessário. Sem isso, a catequese será apenas uma aula de doutrina, o que é muito pouco para as pessoas de hoje. Se apenas a doutrina bastava para a catequese de seus avós, hoje o mundo mudou e muito. Uma catequese muito básica valia naquela época porque a sociedade colocava reforço na catequese: a escola ajudava a ir na Igreja, a cobrança das pessoas era que se vivesse de forma religiosa, etc. Hoje não: para muitos ser coerente com a própria fé é quase um desafio na sociedade de hoje: fala-se muito de religião, mas não se vive a própria fé com coerência.


  • A LITURGIA É PARTE DA CATEQUESE E DEVE SE ADAPTAR À COMPREENSÃO E À NECESSIDADE DA CRIANÇA



Liturgia e catequese, um casamento necessário. Não se pode desprezar a participação litúrgica de um catequizando. É necessário que ele (e a sua família) frequente a liturgia da comunidade. Mas o inverso também é necessário: a comunidade também precisa proporcionar um momento litúrgico adaptado para a idade e a compreensão litúrgica dos catequizandos e de suas famílias. Participação e experiência litúrgica só se conseguem na prática: não existe teoria que funcione bem aqui. É preciso envolver a comunidade cristã (ao menos parte dela) e ir praticando. A prática leva ao gosto e á perfeição. Sem oração e espaço litúrgico adequado não vamos nunca sair do atoleiro a que muitas comunidades estão: sem renovação e sem jovens. É preciso proporcionar espaço, experimentar, inovar e adaptar. Não é o mesmo celebrar pra crianças (ou adolescentes) e para adultos: há de se ter práticas e espaços diferentes. Para quem não sabe, existe até um Diretório Litúrgico para Missas com Crianças feito pela CNBB. Para você que está começando, boa evangelização, mas não se esqueça dessas dicas.


Pe. Dr. Paulo F. Dalla-Déa

O catecismo responde

O SACRAMENTO DO BATISMO




Como é prefigurado o Batismo na Antiga Aliança?

Na Antiga Aliança encontram-se várias prefigurações do Batismo: a água, fonte de vida e de morte; a arca de Noé, que salva por meio da água; a passagem do Mar Vermelho, que liberta Israel da escravidão do Egito; a travessia do Jordão, que introduz Israel na terra prometida, imagem da vida eterna.

O que se espera de um batizando?

Ao batizando é exigida a profissão de fé, expressa pessoalmente no caso do adulto, ou então por parte dos pais e da Igreja no caso da criança. Também o padrinho ou madrinha e toda a comunidade eclesial têm uma parte de responsabilidade na preparação para o Batismo, bem como no desenvolvimento da fé e da graça batismal.

É possível ser salvo sem o Batismo?

Porque Cristo morreu para a salvação de todos, podem ser salvos mesmo sem o Batismo os que morrem por causa da fé (Batismo de sangue), os catecúmenos, e todos os que sob o impulso da graça, sem conhecer Cristo e a Igreja, procuram sinceramente a Deus e se esforçam por cumprir a sua vontade (Batismo de desejo). Quanto às crianças, mortas sem Batismo, a Igreja na sua liturgia confia-as à misericórdia de Deus.