"CHIQUE É CRER EM DEUS"

Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... Mas, Amor e Fé nos  tornam humanos!

Coisas que todos os catequistas novatos deveriam saber

Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.

O catecismo responde.

Respostas sobre dúvidas sonbre o Sacramento do Batismo

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Especial sobre Quaresma

Encontre aqui tudo que já publicamos sobre esse tempo.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Terminando para Começar


Ocorreu entre os dias 20 e 26 do mês de janeiro o quarto e último módulo da terceira turma da Escola Bíblico Catequética do Regional Ne3, Dom Jairo Rui de Matos.
Era notável a alegria dos alunos que aos poucos chegavam. Ali representava o fim de uma caminhada de quase dois anos e a oportunidade de reencontrar talvez pela última vez muitos dos que fizeram parte desta história.
As aulas tiveram inicio no dia 20. Neste módulo passaram por lá auxiliando a entender melhor os mistérios do Reino o Pe. Marcos com as cartas Paulinas e católicas e também com os escritos Joaninos. A Ir. Luciene, que nos ajudou a compreender melhor o uso  Bíblia na catequese. O Leandro, da diocese de Alagoinhas, que nos trouxe de modo simples mas esplendoroso a catequese inculturada. A Poliana lá da diocese de Ilhéus, nos auxiliando na catequese com pessoas com deficiência, e por fim o Pe. Jânison, aprofundando ainda mais a formação do Catequista.
Sem sombra de dúvidas os alunos tiveram um belo módulo. Foi um momento profundo de enriquecimentos a nível de conteúdos, mas muito mais que isto, foi um momento de demonstrar a unidade que tinha sido gerada entre os participantes. A importância que cada um que estava ali presente tinha. O que cada um representa para o Outro. Foi o momento de descobrir o que esta Escola representou pra cada um.
A oração da tarde da sexta feira, foi um momento de muita emoção. Foi impossível as lágrimas não rolarem nos rostos de muitos que ali estavam presentes. A emoção de um algum modo se apoderou de todos os que ouviam as preces que eram elevadas a Deus em forma de agradecimentos.
Em uma das preces, um dos alunos da escola dizia: “Quando sai daqui no primeiro módulo, falava prodígios da Escola a todos os que eu encontrava, porque acredito que experimentei um pedacinho do céu aqui, pois estava em um lugar onde as pessoas se amam e amam a Deus. Se o céu for assim já me dou por satisfeito.”
Se pararmos para refletir um pouco mais afundo esta frase, perceberemos que a Escola de Catequese Dom Jairo, vai muito além do intelecto. Não se preocupa em formar catequistas para um trabalho qualquer. Se preocupa em formar catequistas íntegros, que tenham capacidade de amar, que saibam perdoar, e que acima de tudo saibam ver a Jesus em todos quantos passarem diante de ti.
Foi enorme a experiência nestes quatro módulos do “aprender a fazer fazendo”, todos aprenderam com as experiências do outro. Ouvir o que o outro tinha a dizer sobre suas experiências era como que dar uma injeção de ânimo na alma de cada um, de modo que pudessem todos perceber que todos passam por dificuldades, mas o profundo desejo de ser canal do Amor de Deus na vida de todos quantos não o conhecem faz superar todo e qualquer desânimo, toda e qualquer tribulação.
Na noite da sexta-feira, os alunos organizaram a festa de despedida. Ali também foi um momento de fortes emoções. Os coordenadores que sempre estavam atentos aos alunos, procurando dar o melhor de si para que a Escola acontecesse da melhor forma, se tornaram “vítimas” dos alunos, como disse a Ir. Luciene, foram “postos na berlinda”.
            No momento da festa os coordenadores tiveram que sentar em um lugar preparado especialmente para eles, e então os alunos iniciaram as apresentações. Por primeiro foi apresentado um cordel, vindo de lá de Porto da Folha (Diocese de Propriá), onde sua escritora Dodô, contemplava nele a todos os que  passaram pela escola; os coordenadores, professores e alunos.  Depois vieram as homenagens aos coordenadores. Cada grupo de convivência ficou responsável de escrever uma carta endereçada a um dos coordenadores, e aí então, era difícil não se emocionar, afinal os alunos falavam dos coordenadores a partir daquilo que viram neles. Havia sido preparado também uma carta para Joelma, uma as coordenadoras que infelizmente não pode estar presente. No momento de sua carta, os alunos telefonaram para ela, colocaram o telefone no viva voz e puseram no microfone. Enquanto era lida a carta para ela foi difícil encontrar alguém que não derramasse uma lágrima. As lágrimas dos alunos e coordenadores se uniam às lágrimas de Joelma que fisicamente estava tão longe dos alunos, mas ao mesmo tempo se encontrava tão próxima por sua imagem deixada nos corações de cada um.
Após o momento de leitura e entrega das cartas, Reizinha cantou uma bela música sobre a amizade e em seguida, continuaram as homenagens para os coordenadores. Os alunos haviam trazido um pouco de seus dons para partilhar com os coordenadores. Lembranças de modo que jamais eles esquecerão os rostos dos que passaram por esta terceira turma da Escola.
Por fim, os alunos concluíram este momento em uma grande roda cantando “amigos para sempre.” Em seguida é claro os alunos foram para os comes e bebes porque ninguém é de ferro.
No sábado pela manhã houve a avaliação da Escola pelos os alunos e em seguida a Missa de encerramento e envio que foi presidida pelo Arcebispo de Feira de Santana, Dom Itamar. Nesta celebração foram apresentados também os novos coordenadores da Escola Dom Jairo Rui de Matos.
Após o almoço o doloroso momento da partida. Cada um voltando para suas casas, para suas paróquias, para suas realidades . Encontrar esse povo de Deus novamente? Quem sabe um dia... Mas a certeza que todos partiam dali no coração era a de que, aquela Escola terminava pra que cada um pudesse começar... começar a sua Missão, com um jeito novo, com o Jeito de Cristo, com o ardor Missionário que com certeza floresceu cada vez mais a partir do primeiro encontro desta turma que aconteceu em Julho de 2011.
Essa turma passou escola e fez história. Você também pode se juntar a nós e fazer história também, na Escola e no Reino. Esperamos você que deseja fazer parte desta grande ciranda Catequética na próxima turma que se inicia no próximo dia 30 de junho. Que você possa olhar pra Cristo e dizer “Onde estaria eu, se não fosse o teu amor Senhor? Como seria feliz se não fizesse o que me manda o meu Senhor?”
Te esperamos ansiosamente!

Deivide Marcklai

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

“O Espírito do Senhor está sobre mim”




TERCEIRO DOMINGO COMUM (27.01.13)

Lc 1, 1-4; 4,14-21


O texto relata a primeira experiência da Vida Pública de Jesus. Deu-se na sua terra de criação - Nazaré. Na linguagem de hoje, Jesus foi para a capela da comunidade e foi convidado a fazer parte da equipe litúrgica, para fazer a segunda leitura! Naquela época, o culto da sinagoga tinha duas leituras - a primeira tirada da Lei, a segunda dos Profetas. Jesus, abrindo o livro do Profeta Isaías, encontrou a passagem que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me consagrou para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano da graça do Senhor” (4, 18-19). Não que Ele encontrasse esta passagem por acaso! Pelo contrário - Jesus procurou até achar, pois Ele identificava a sua missão com aquela descrita pelo profeta. Por isso, na hora da homilia, começou com a frase chocante: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir” (4, 21). Jesus identificou a sua missão com a do Capítulo 61 de Isaías. Nós, como discípulos d’Ele, temos a mesma missão. Olhemos os elementos:
 a) “Anunciar a Boa Notícia aos pobres”: O evangelho é “Boa-Notícia” - não uma série de leis, nem uma lista de práticas rituais, nem uma moral (embora tenha todos estes elementos), mas uma experiência de Deus que traz alegria, felicidade, - para os pobres! Portanto, Ele toma posição - o que é boa notícia para uns, é má-notícia para outros! O que é boa notícia para o oprimido, é má notícia para o opressor! Não existe uma Boa-Notícia neutra, igualmente boa para todos! E não devemos diluí-lo a termo “pobre” - aqui não é o pobre de espírito, nem de coração, nem de fé... é o pobre mesmo, aquele/a que não tem o necessário para uma vida digna (Lucas usa o termo grego “ptochois”, que significa mais ou menos “indigente”). Com certeza, na nossa sociedade inclui todos os excluídos.
 b) “Proclamar a libertação aos presos”: Não só aos na cadeia, mas que estão sem a liberdade dos filhos de Deus - presos hoje pelas consequências do neo-liberalismo, do desemprego, do salário mínimo; pelas correntes de racismo, machismo, clericalismo, e tudo que oprime! Também aos presos no seu próprio egoísmo, pois o assumir dos valores evangélicos vai libertá-los. Porém, esta libertação passa pela mudança radical na sua maneira de viver.
c) “Aos cegos a recuperação da vista”: Quanta gente cega hoje! E não por doença dos olhos, mas cegada pela ideologia dominante que não deixa ver a realidade do mundo e dos sofridos; pelas falsas utopias alienantes e pela manipulação de informação pelos meios de comunicação, dominados pela elite, que “fazem a cabeça”; quantos cegos diante da possibilidade de mudança através da força histórica dos oprimidos! Vale a pena notar que o texto enfatiza a “recuperação” da vista - não a doação dela. Ou seja, trata-se de ajudar os/as que uma vez viram a realidade com os olhos de Deus, mas foram cegados pela ideologia dominante ao ponto de não enxergarem mais a verdade.
d) “Libertar os oprimidos”: Aqui há o eixo fundamental de toda a Bíblia - o Êxodo, como processo permanente. No livro de Êxodo, Deus se identificou como o Deus que liberta os oprimidos (Êx 3, 76-10). Jesus se coloca - e coloca todos os seus seguidores - neste mesmo compromisso. Hoje a época é diferente, mas a opressão continua, e Deus nos conclama para que todos nós nos empenhemos nesta luta para concretizar a libertação dos oprimidos.
e) “Proclamar o ano de graça do Senhor”: O Ano da Graça - o Ano Jubilar! Memória da proposta do Lv 25, o ano do perdão das dívidas, da libertação dos escravos, da devolução das terras aos seus donos originais!
Como concretizar, na realidade do Brasil de hoje, esta visão? O que significa hoje o perdão das dívidas, a libertação dos escravos e a devolução das terras? Questões evangélicas da fé, que têm fortes consequências políticas e econômicas (como veremos logo na Campanha de Fraternidade) e desafiam a tendência à uma religião intimista, individualista e desencarnada da realidade. Pois júbilo, alegria, não pode ser decretado - tem que brotar de algum motivo profundo.
Aqui o próprio Jesus fala da sua missão, que é também a nossa. Pois, fomos todos “consagrados com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres, para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar o ano da graça do Senhor” (4, 18-21). 


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Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

EBC - Dom Jairo - 3ª Turma

Recomeçou!


Neste dia 20 de janeiro começou o 4º e ultimo módulo desta 3ª turma da Escola Bíblico-Catequética Dom Jairo. 

Em espírito fraterno de comunhão com os irmãos, nos unimos em oração para que desta escola bons e numerosos frutos saiam em prol da construção do Reino de Deus.

Em breve, um resumo do que foi este recomeço para essa turma perseverante.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

“Façam tudo o que ele lhes disser”


          

SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM (20.01.13)

          Jo 2,1-11

        A primeira parte do Quarto Evangelho é comumente chamada “O Livro dos Sinais”, pois o evangelista relata uma série de sete sinais que, passo por passo, revelam quem é Jesus, e qual é a Sua missão. Embora algumas bíblias traduzem o termo grego que João usa por “milagre”, a tradução mais acertada é “Sinal”. O primeiro desses sinais aconteceu no contexto das bodas de Caná, o evangelho de hoje. Como todo o Evangelho de João, o relato está carregado de simbolismo, onde pessoas, números e eventos funcionam simbolicamente, para nos levar além da aparência das coisas, numa caminhada de descoberta sobre a pessoa de Jesus.
Um dos temas centrais do quarto evangelho é o da “hora” de Jesus. A “hora” não se refere à cronometria, mas a hora de glorificação de Jesus, por sua morte e ressurreição. Em resposta ao pedido feito por Maria (João nunca se refere a Ela pelo nome, mas pelo título “mulher”), usando de uma maneira até estranha este termo para a sua mãe, João quer indicar que Jesus rejeita uma esfera meramente humana de ação para Maria, para reservar para ela um papel muito mais rico, ou seja, o da mãe dos seus discípulos. Maria somente vai aparecer mais uma vez neste evangelho - ao pé da cruz, onde Ela e o Discípulo Amado assumem um relacionamento de Filho e Mãe. Devemos lembrar que o Discípulo Amado simboliza a comunidade dos discípulos do Senhor, ou seja, nós hoje.
          Apesar da nossa tradição piedosa mariana, é importante não reduzir a ação da Maria no texto à de uma incomparável intercessora. Embora seja comum esta interpretação na devoção popular, não se sustenta do ponto de vista exegético. É melhor ver Maria aqui como discípula exemplar, pois embora a resposta de Jesus indique um distanciamento entre a Sua expectativa e a visão d’Ele, ela continua com confiança n’Ele e leva outros a acreditar n’Ele.
O simbolismo da água tornada vinho é também importante. Não era qualquer água - era a água da purificação dos judeus. Com essa história, João quer mostrar que doravante os ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira purificação vem através de Jesus. Podemos entender isso como a mudança de uma prática religiosa baseada no medo do pecado, uma prática que excluía muita gente, para uma nova relação entre Deus e a humanidade, a partir de Jesus. Assim, em Caná, Jesus começa a substituir as práticas do judaísmo do Templo, que vai continuar ao longo do Evangelho de João.
            A quantia do vinho chama a atenção - 600 litros! O vinho em abundância era símbolo dos tempos messiânicos, e, na tradição rabínica, a chegada do Messias seria marcada por uma colheita abundante de uvas. Assim João quer dizer que a expectativa messiânica se realiza em Jesus. As talhas transbordantes simbolizam a graça abundante que Jesus traz. A figura do mestre-sala é também simbólica, bem como os serventes. Aquele, que devia saber a origem do vinho da festa, não sabia, enquanto estes, sim. Assim, o mestre-sala representa os chefes do Templo que não sabiam a origem de Jesus enquanto os servos representam os discípulos que acreditaram n’Ele.
            Fazendo comparação entre o vinho antigo e o novo, João quer reconhecer que a Antiga Aliança era boa, mas a Nova a superou. Os ritos e práticas judaicos, ligados à purificação e ao sacrifício, não têm mais sentido, pois uma nova era de relacionamento entre a humanidade e Deus começou em Jesus.
            O ponto culminante do relato está em v. 11: “Foi em Caná que Jesus começou os seus sinais, e os seus discípulos acreditaram n’Ele”. A fé deles não é intelectual ou teórica; mas, o seguimento concreto do Mestre, na formação de novos relacionamentos de amor. Passo por passo, o autor vai revelando Jesus através de sinais para que nós, os leitores, possamos “acreditar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, tenhamos a vida em seu nome” (Jo 20, 31).

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Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Manifesto contra os decretos de extermínio




Com o objetivo de denunciar o genocídio, assassinatos e a violência, o Cimi lança o documento Povos Indígenas: aqueles que devem viver - Manifesto Contra os Decretos de Extermínio. O manifesto foi apresentado durante audiência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 4. Na ocasião, a Associação dos Juízes pela Democracia (AJD) e o Cimi entregaram manifesto subscrito por mais de 20 mil pessoas que aderiram à campanha Eu Apoio a Causa Indígena.
“Se durante a ditadura militar a resistência dos Waimiri Atroari ante a construção da rodovia transamazônica, na década de 1970, foi reprimida com bombas, metralhadoras e até armas químicas, hoje tal premissa genocida segue em curso na busca por uma identidade nacional desenvolvimentista, homogênea, sem a presença das comunidades em seus territórios tradicionais. Um exemplo é a construção de megaprojetos (estradas, hidrelétricas e projetos de mineração), que por onde passam deixam rastros de destruição e morte”, lê-se no site do Cimi.
O extermínio contra os indígenas continua através do confinamento dos povos e comunidades em terras insuficientes, da morosidade do governo na condução dos processos de demarcação das terras de povos que vivem em acampamentos provisórios, com o descaso na área da saúde e educação. Segue ainda na omissão do poder público diante das agressões cotidianas sofridas pelos povos, além da invasão do território tradicional por madeireiros, fazendeiros, narcotraficantes. A violência sistemática é cometida contra como um decreto de extermínio que nunca foi revogado pelas forças anti-indígenas.
Alguns exemplos concretos podem ser apresentados, como é o caso do povo Xavante de Marãiwatsédé, no Mato Grosso, em luta pela extrusão do seu território invadido por fazendeiros. Também dos Guarani Kaiowá e Terena do Mato Grosso do Sul, expropriados de suas terras pelo agronegócio, vivendo em situações desumanas. No mesmo estado, os Kadiwéu tiveram suas terras demarcadas há mais de 100 anos e correm o risco de serem novamente expulsos.
Chamam também a nossa atenção as dezenas de acampamentos à beira de rodovias, espalhados na região sul do país, nos quais os povos Guarani e Kaingang enfrentam baixas temperaturas e o perigo dos atropelamentos. No Maranhão, os Awá-Guajá sofrem as mais diversas pressões, com destaque para assassinatos e invasões de terras homologadas.
Embora seja consenso a importância da pluralidade étnica e cultural, por outro lado não existem políticas concretas em defesa do modo de viver dos indígenas, em pese tais povos tenham seus direitos resguardados pela Constituição Federal. Após quase 40 anos (1974) da publicação do documento Y-Juca-Pirama: O índio aquele que deve morrer - que denunciou a política genocida do governo brasileiro e gerou impacto junto à opinião pública nacional e internacional, durante os anos da ditadura - muita das ameaças aos povos indígenas denunciadas pelo Cimi naquela ocasião ainda persistem.
O Cimi publica esse segundo manifesto no intuito de concretizar a profecia anunciada pelo Y- juca Pirama: “Chegou o momento de anunciar, na esperança, que aquele que deveria morrer é aquele que deve viver”.
O sumário do manifesto ainda traz um bloco de artigos sobre o projeto de vida dos povos indígenas, os principais documentos indígenas dos últimos 40 anos e a republicação do Y Juca Pirama, lançado em 1974. Como anexo, as terras e povos indígenas afetados pelos grandes empreendimentos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Festa do Batismo do Senhor




Lc 3, 15-16. 21-22
“Este é o meu Filho amado, que muito me agrada”

            Hoje, no Domingo seguinte à Epifania, celebra-se a Festa do Batismo do Senhor. O batismo de Jesus por João Batista no Rio Jordão é tão importante teologicamente que é tratado por cada um dos Sinóticos, cada qual da sua maneira, dependendo da situação da sua comunidade e dos seus interesses teológicos. A história logo se tornou um problema para os primeiros cristãos, pois levantava a questão de como Jesus, sem pecado, podia ter sido batizado num ritual de purificação dos pecados. Por isso, Mateus deixa fora a referência de Mc 1, 4 ao perdão dos pecados, e adiciona os vv. 14 e 15. Para João, o batismo era tão difícil de ser harmonizado com a sua cristologia, que omite qualquer referência ao atual evento, e no seu lugar, faz com que João Batista indica Jesus como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1, 29-34).
            O texto já nos apresenta o programa da vida e missão de Jesus. Lucas se destaca pela insistência em situar Jesus como membro do seu povo - identificando-se com aquela camada do povo marginalizada e menosprezada como “impuro” pela teologia oficial, atrelada ao poder político das elites. Como disse o saudoso Padre Alfredinho, fundador da Fraternidade do Servo Sofredor: “No dia do seu batismo, Jesus entrou na fileira dos excluídos para nunca mais sair dela!” Com o seu batismo, Jesus assume a fidelidade radical à vontade de Deus. O significado disso será mostrado ao longo do Evangelho. Também Jesus, unindo-se aos pecadores, já está, desde o começo, rejeitando a visão de um Messianismo triunfalista.
            Os sinóticos ressaltam o fato que “o céu se abriu”. Marcos é o mais contundente quando enfatiza que “os céus se rasgaram”. É uma maneira simbólica de expressar que em Jesus acontece a união definitiva entre o céu e a terra (At 7, 56; 10, 11-16; Jo 1, 51) e uma revelação celeste (Is 63, 19; Ez 1, 1; Ap 4, 1; 19, 11). A revelação maior é a confirmação da identidade de Jesus como o Servo de Javé. Mateus, escrevendo num ambiente de polêmica contra o judaísmo formativo do fim do primeiro século, muda a tradição original (Mc 1, 9-11), mantida por Lucas, onde as palavras do Pai se dirigiam a Jesus, para dirigi-las aos ouvintes: “Este é o meu Filho muito amado, aquele que me aprouve escolher” (v. 17). Em ambas as tradições, essas palavras associam a terminologia de Sl 2, 7, que repete a profecia de Natã em 2Sm 7, 14 (tu és meu filho...) a Is 42, 1 (meu bem amado que me aprouve escolher). A passagem de Isaías apresenta o Servo que não levanta a voz (42, 2), nem vacila, nem é quebrantado (42, 4). (A tradução grega da Septuaginta usou uma palavra que podia expressar tanto os termos hebraicos para “filho” e para “servo”). Fazendo fusão desses textos do Antigo Testamento, o texto une em Jesus duas figuras proféticas - a do Filho da descendência real davídica e do Servo de Javé. Assim, prevê que o messianismo de Jesus implica a vocação do Servo Sofredor, e rejeita pretensões messiânicas triunfalistas. Podemos dizer que o Batismo é para Jesus o assumir público da sua missão como Servo de Javé. A voz do céu confirma a sua opção de vida. O Pai confirma que Ele reconhece Jesus, desde o início do seu ministério público, como seu Filho (Sl 2, 7), seu bem-amado, objeto da sua predileção.
            Um dos sentidos mais importantes do nosso batismo também é o nosso compromisso público com a vontade do Pai. Todos nós podemos sentir a veracidade da mesma frase usada pelo Pai diante de Jesus - cada um de nós também é verdadeiramente filho(a) do Pai celeste (1Jo 3, 1), a quem aprouve escolher-nos. Nada pode fazer com que o Pai abandone esse amor incondicional e gratuito - nem a nossa fraqueza, nem o pecado (Rm 8, 39). Importante é reconhecer que Deus nos amou primeiro, incondicionalmente, e cabe a nós responder a este amor gratuito por uma vida digna de filhos e filhas do Pai, no seguimento de Jesus (1Jo 4, 10-11). Jesus não achou privilégio ser o amado do Pai, mas assumiu as consequências - uma vida de fidelidade, que o levava até a Cruz - e a Ressurreição (Fl 2, 6-11).
Celebrando essa festa litúrgica, renovemos o compromisso do nosso batismo, comprometendo-nos com o seguimento do Mestre, no esforço de contribuir à criação do mundo que Deus quer, um mundo onde reinam o amor, a justiça e a verdadeira paz. O nosso batismo confirma que somos parceiros de Deus no ato permanente de criação, fazendo crescer o Reino d’Ele, que “já está no meio de nós” (Mc 1, 14). 
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Pe. Tomaz Hughes, SVD
E-mail: thughes@netpar.com.br

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O Catequista e o Ano da Fé

 

O Ano da Fé teve início dia 11 de outubro e se encerrará dia 24 de novembro de 2013. O Papa Bento XVI na Exortação Apostólica Porta Fidei, em que proclama o Ano da Fé, diz os objetivos: “Queremos uma conversão a Deus cada vez mais completa, para fortalecer a nossa fé n’Ele e para anuncia-lo com alegria ao homem do nosso tempo”. A Renovação da Fé deve ser prioridade!

 
 

 Em síntese, o que devemos guardar sobre o Ano da Fé:
 

 1.  É também um ano para celebrar:
Ø  50 anos do Concílio Vaticano II (1962 a 1965).
Ø  20 anos do Catecismo da Igreja Católica (1992)
Ø  Assembleia Sinodal sobre a Nova Evangelização (que foi realizada em Roma mês passado).
 

2.   Finalidades do Ano da Fé:

§  Renovação da Igreja.

 
§  Nova Evangelização.

3.  Algumas ações fundamentais:

v  Refletir (aprofundar o conteúdo da fé).

 

v  Confessar a fé (confissão pública e individual do CREDO).

 
                v  Celebrar a fé  (na Liturgia).

 
                 v  Testemunhar a fé (caridade).

 4.  Os meios e instrumentos para realizar essa tarefa

a) O Catecismo da Igreja Católica (que contém a síntese ou conteúdo da fé).

b) A “história da fé” (memória dos homens e mulheres que testemunharam a fé ontem e hoje).

c) Testemunho da caridade, porque a fé sem obras é morta.
 
Algumas ações durante o Ano da Fé:

 
1.  Rever a Formação dos Catequistas

*       Em que cremos?

 
*       Por que cremos?

É preciso e possível proporcionar espaços de formação sobre o CREDO e sobre a Trindade. O Catecismo da Igreja Católica pode ser a fonte de inspiração. Também a Palavra de Deus que é a grande fonte da catequese. Mais do que a doutrina, a Palavra “amacia” o coração. 

Também é importante reforçar a formação básica dos novos catequistas. Sem formação a catequese perde seu vigor. Sem a verdadeira orientação sobre o núcleo da Fé cristã, o catequista costuma “encher” os encontros catequéticos de coisas que não são essenciais a fé, ao seguimento de Jesus Cristo. Daí a importância de reforçarmos a formação dos catequistas.


2. Cuidar da Espiritualidade do Catequista

Mais do que nunca será importante oferecer espaço de cultivo da intimidade com Deus. É possível pensar em manhãs, tardes ou dias de Espiritualidade (uma vez por semestre, pelo menos). Quem sabe até, um final de semana de retiro com o grupo de catequista.

Sem o cultivo da intimidade com o Amado, a vida vai perdendo o sabor, a catequese perde sua razão de ser. É a espiritualidade que mantem acesa a chama do Amor e a missão.

 3. Rever o Conteúdo da Catequese

Será importante rever o conteúdo da catequese que está sendo feita com crianças, jovens e adultos. Se o grupo usa um manual (livro) como instrumento, também deve ser avaliado. Há muitos “roteiros” ou “temas” dos encontros catequéticos que acentuam algum aspecto da história da salvação e não privilegia a vida de Jesus, por exemplo. Muitos manuais levam um ano para “contar” a história do povo de Jesus e há poucos temas sobre Jesus... Outros catequistas comunicam sua religiosidade pessoal (devoção) e não o essencial que é Jesus Cristo.

É preciso analisar, estudar o que é essencial a ser comunicado pela catequese, assim não perdemos tempo com o que é assessório. O Centro da Catequese é Jesus Cristo e sua mensagem: o Reino de Deus.

“Apresentar a pessoa de Jesus, sem maquiagem e fundamentalismos, como sentido máximo para a vida, muito além da Instituição, é fundamental! Proporcionar o encontro com Ele e a experiência do seu amor...Isso exige uma catequese mais “enxuta”, voltada para o essencial, despojada de tantos conteúdos e temas que podem ser compreendidos ao longo de toda a vida cristã”. Pe. Vanildo Paiva

Continuaremos a refletir sobre o catequista e o ano da fé...


Nossa agenda regional para o Ano da Fé decidida no ultimo encontro regional em maio:
           ·         Seminário Regional com os coordenadores diocesano da Dimensão Bíblico-catequética – de 17 a 19 de maio de 2013 com assessoria do Pe. Décio (assessor nacional).

 ·         Elaboração de algumas celebrações;

 ·         Aquisição do Catecismo da Igreja para todos os catequistas e motivar a todos que façam uso do mesmo e tenho como livro de referencia da catequese;

 ·         Adquirir os materiais publicados pela CNBB sobre o Concílio Vaticano II;

 ·         Postagem de publicações e matérias diversas sobre o Ano da Fé no blog da catequese regional – catequesenordeste3.blogspot.com.br

 ·         E outra atividade que cada diocese deverá criar em suas realidades especifica.

 

 

Coordenação da Dimensão Bíblico-catequética

Regional NE3 – Bahia e Sergipe

Novembro de 2012

domingo, 6 de janeiro de 2013

Solenidade da Epifania do Senhor




Mt 2, 1-12
“Viemos prestar-lhe homenagem”

Hoje celebramos uma das grandes festas do Ciclo de Natal - a Manifestação do Senhor (“Epifania” em grego), onde comemoramos o fato de que Jesus foi manifestado, não somente ao seu próprio povo, mas a todos os povos e nações, representados pelos Magos do Oriente. Embora a festa tenha muita popularidade folclórica, também proclama uma grande verdade da fé - que a salvação em Jesus é para todos os povos, sem distinção de raça, cor ou religião. Retomando a grande intuição do profeta Isaías, celebramos hoje a salvação universal em Jesus.
O texto de hoje é altamente simbólico - usa uma técnica da literatura judaica chamada “midraxe”, ou seja, uma releitura de passagens bíblicas, com o intuito de atualizá-las. Assim, Mateus quer ensinar algo sobre Jesus, usando figuras e símbolos tirados de diversos textos do Antigo Testamento. Por exemplo:
- Vêm os magos (nem três, nem reis!) buscando o Rei dos Judeus. Esses magos lembram os magos que enfrentavam e foram derrotados por Moisés (Êx 7, 11.22; 8, 3.14-15; 9,11) e acabaram reconhecendo o poder de Deus nas maravilhas feitas por Ele.
- A estrela é sinal da vinda do Messias, relendo a profecia de Balaão em Nm 24, 17.
- O menino nasce em Belém, conforme a profecia de Miquéias (Mq 5, 1)
- Os presentes lembram as profecias de Segundo e Terceiro-Isaías, e dos Salmos, sobre os estrangeiros que viriam a Jerusalém trazendo presentes para Deus (Is 49, 23; 60,5; Sl 72, 10-11).
- Herodes, como o Faraó, massacra os filhos do povo de Deus (Êx 1, 8.16).
O texto chama a atenção pelas reações diferentes diante do nascimento de Jesus. Os que deveriam reconhecer o messias - pois são versados nas Escrituras - ficam alarmados, pois para eles, opressores do povo através da religião e da política, Jesus e a sua mensagem constituem uma ameaça. Outros, pagãos do oriente, buscando sem ter certeza, arriscam muito para descobrir o verdadeiro Deus, e entregam-lhe presentes, sinal da partilha, grande característica do Reino que Jesus veio pregar.
Hoje em dia, verificam-se as mesmas reações diante de Jesus e do seu Evangelho. Muitos querem reduzir os eventos religiosos a algo folclórico com shows e cantos, mas que de forma alguma possa questionar a nossa sociedade e os seus valores. Para outros, o menino na estrebaria é um sinal do novo projeto de Deus, o mundo fraterno, onde todas as pessoas de boa vontade têm que se unir, seja qual for a sua raça, nação, gênero ou religião, para construir a fraternidade que Deus quer.
Jesus não precisa de presentes, mas, sim do nosso esforço na vivência do seu Reino. Na prática, temos que optar - para a vivência religiosa vazia como a de Herodes e dos Sumos Sacerdotes, ou pela mensagem libertadora do Menino de Belém, que convoca todas as pessoas de boa vontade, sem distinção de raça, cultura ou tradição religiosa, representados hoje pelos magos, para a construção do mundo de paz, fraternidade e justiça, pois Jesus veio para que “todos tenham a vida e a tenham plenamente.” (Jo 10, 10) 

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Pe. Tomaz Hughes, SVD
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013