segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Coisas que todo catequista novato deveria saber

Para você que está começando agora e tem medo de errar ( o que é inevitável!) resumo algumas das coisas básicas que um catequista precisa saber para não errar muito e nem brincar de “professor de religião” como muitos pensam e fazem. Catequese é algo fundamental para a Igreja e não se pode improvisar. Por isso, aqui vão algumas coisas básicas que você não pode esquecer.


  • CATEQUESE É ASSUNTO DE FÉ E NÃO DE MÉTODO SOMENTE


Ser catequista não é ser um “professor de religião” como muitos acreditam e brincam de ser. Ser catequista é mais do que fazer um encontro animado e participativo (fundamental). Ser catequista não está relacionado nem a uma formação pedagógica adequada (seria bom!). Ser catequista é, sobretudo, PARTILHAR A FÉ que se tem e as experiências de vida de comunidade. Sem isso, o catequizando só sairá com mais informação (ou não), o que não é nem de longe suficiente. Dar catequese não é repetir o Catecismo da Igreja, mas motivar as pessoas a entender e viver a doutrina de Jesus Cristo, que é ensinada pela Igreja Católica. Então, saber o que dizer é apenas MEIO PASSO: motivar e mostrar a partir da própria experiência de vivência de fé como se faz é o mais necessário. Ou então, ficaremos em uma catequese apenas doutrinal, que não muda a vida e não converte ninguém... É isso que você quer? Sem dúvida, a Igreja quer um cristão que saiba e viva a sua fé.

  • ENVOLVER A COMUNIDADE E A FAMÍLIA NA CATEQUESE É FUNDAMENTAL E BÁSICO



Muitas vezes, digo – exagerando – de que, se a família for catequizada, as crianças nem precisam ir pra catequese. Como a escola substitui a família na educação de hoje, os pais “jogam” as crianças na catequese acreditando que elas irão aprender a viver a fé. Errado! Os catequistas não substituem (e nem devem!) o papel da família na vivência de fé. Por isso, paralelamente com a catequese que se faz com as crianças, é preciso fazer um trabalho com as famílias. Eu optei na minha pastoral de só receber as crianças depois que as famílias (pais e mães) fizessem uns 3 a 4 meses de catequese semanal e depois de que as crianças já soubessem as orações básicas, ensinados pelos pais. Hoje tenho menos crianças na catequese (50% menos), mas tenho o dobro de resultados. E tenho feito uma evangelização das famílias muito maior. As famílias que começam esse caminho e se dispõem a ensinar os filhos a rezar com as orientações que damos, sentam mais e convivem melhor em família. Trabalhando a família e a sua dinâmica tudo se modifica em casa e na Igreja.

  • LIDAR COM CRIANÇAS EXIGE CARINHO, MAS VOCÊ NÃO DEVE SER PAI OU MÃE DELES



A grande tentação de muitos catequistas é confundir carinho e acolhida com fazer o papel de pai ou mãe do catequizando. O catequista tem é que repartir a fé e a vivência que tem. Como todo o carinho, com acolhida dos diferentes e com a possibilidade de entusiasmar as crianças e os adolescentes/jovens com um relacionamento vivo e positivo com o Cristo e a sua Igreja. Aqui não cabe uma fé ingênua e nem uma pregação de doutrina, somente. Compartilhar, repetir e exigir fazem parte de ser catequista. Uma atitude maternal pode funcionar um pouco nos primeiros encontros, mas deve ir diminuindo para tratar as pessoas segundo suas necessidades e capacidades de compreensão. Hoje, mais do que nunca as crianças e os jovens repelem uma atitude maternal exagerada, pois soa falsa. Por isso, não tente ser pai ou mãe deles, mas seja carinhoso e exigente, partilhando o amor a Deus e a fé que você tem. Seja pessoal: conte histórias acontecidas com você e ouça deles situações que tenham a ver com o encontro. Deixe-os falarem e comente valorizando as experiências de suas vidas. Questione, brinque e compare tudo com o projeto de Cristo nos evangelhos, segundo a visão da Igreja.

  • ORAR EXIGE CONSTÂNCIA E DISPOSIÇÃO



Não se restrinja a mostrar aos seus catequizandos apenas as orações básicas (Pai Nosso, Ave Maria, Credo Apostólico, etc.) Mostre como se deve rezar em silêncio, como fazer uma Leitura Orante da Bíblia, como rezar usando músicas, oração de cura interior, oração espontânea, etc. Orar é dar espaço pra Deus e ser questionado por ele. De forma comunitária ou de forma pessoal. Mas a oração não é negociável: orar é preciso e é substancial para a vida. A vida de um cristão sem oração pessoal e comunitária é como a vida de uma pessoa desnutrida: se permanecer assim por muito tempo, pode até morrer. Motive seus catequizandos para a oração a partir de suas palavras e de sues exemplos. Isso também serve pra você: quem não reza acredita tanto em si mesmo que deixa Deus de lado, porque não precisa dele. Mesmo de forma inconsciente, quem age assim acaba por ser um ateu prático. Pode estar na Igreja, mas não é cristão autêntico, vive uma hipocrisia.


  • A LEITURA DA BÍBLIA NÃO É UM ACESSÓRIO, MAS FAZ PARTE DO CONTEÚDO PRINCIPAL



Muita gente não se importa com a leitura da Bíblia: como se ela atrapalhasse a catequese. Grande engano: a leitura da Bíblia e a sua interpretação é essencial na catequese. Catecismo da Igreja e leitura da Bíblia não se contrapõem, mas se complementam. Ler, compreender o significado e interpretar para hoje é absolutamente necessário. Sem isso, a catequese será apenas uma aula de doutrina, o que é muito pouco para as pessoas de hoje. Se apenas a doutrina bastava para a catequese de seus avós, hoje o mundo mudou e muito. Uma catequese muito básica valia naquela época porque a sociedade colocava reforço na catequese: a escola ajudava a ir na Igreja, a cobrança das pessoas era que se vivesse de forma religiosa, etc. Hoje não: para muitos ser coerente com a própria fé é quase um desafio na sociedade de hoje: fala-se muito de religião, mas não se vive a própria fé com coerência.


  • A LITURGIA É PARTE DA CATEQUESE E DEVE SE ADAPTAR À COMPREENSÃO E À NECESSIDADE DA CRIANÇA



Liturgia e catequese, um casamento necessário. Não se pode desprezar a participação litúrgica de um catequizando. É necessário que ele (e a sua família) frequente a liturgia da comunidade. Mas o inverso também é necessário: a comunidade também precisa proporcionar um momento litúrgico adaptado para a idade e a compreensão litúrgica dos catequizandos e de suas famílias. Participação e experiência litúrgica só se conseguem na prática: não existe teoria que funcione bem aqui. É preciso envolver a comunidade cristã (ao menos parte dela) e ir praticando. A prática leva ao gosto e á perfeição. Sem oração e espaço litúrgico adequado não vamos nunca sair do atoleiro a que muitas comunidades estão: sem renovação e sem jovens. É preciso proporcionar espaço, experimentar, inovar e adaptar. Não é o mesmo celebrar pra crianças (ou adolescentes) e para adultos: há de se ter práticas e espaços diferentes. Para quem não sabe, existe até um Diretório Litúrgico para Missas com Crianças feito pela CNBB. Para você que está começando, boa evangelização, mas não se esqueça dessas dicas.


Pe. Dr. Paulo F. Dalla-Déa

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