Para você que está
começando agora
e tem medo de
errar ( o que é inevitável!)
resumo algumas das coisas básicas que
um catequista precisa
saber para não errar
muito e nem brincar de
“professor de religião”
como muitos pensam e
fazem. Catequese é algo
fundamental para a Igreja
e não se pode improvisar.
Por isso, aqui vão algumas
coisas básicas que você
não pode esquecer.
- CATEQUESE É ASSUNTO DE FÉ E NÃO DE MÉTODO SOMENTE
Ser catequista não é ser um “professor de
religião” como muitos acreditam e brincam
de ser. Ser catequista é mais do que fazer um
encontro animado e participativo (fundamental).
Ser catequista não está relacionado nem a
uma formação pedagógica adequada (seria
bom!). Ser catequista é, sobretudo, PARTILHAR
A FÉ que se tem e as experiências de vida de
comunidade. Sem isso, o catequizando só sairá
com mais informação (ou não), o que não é nem
de longe suficiente. Dar catequese não é repetir
o Catecismo da Igreja, mas motivar as pessoas a
entender e viver a doutrina de Jesus Cristo, que
é ensinada pela Igreja Católica. Então, saber
o que dizer é apenas MEIO PASSO: motivar
e mostrar a partir da própria experiência de
vivência de fé como se faz é o mais necessário.
Ou então, ficaremos em uma catequese apenas
doutrinal, que não muda a vida e não converte
ninguém... É isso que você quer? Sem dúvida, a
Igreja quer um cristão que saiba e viva a sua fé.
- ENVOLVER A COMUNIDADE E A FAMÍLIA NA CATEQUESE É FUNDAMENTAL E BÁSICO
Muitas vezes, digo – exagerando – de que, se a família for catequizada, as crianças nem
precisam ir pra catequese. Como a escola substitui a família na educação de hoje, os pais
“jogam” as crianças na catequese acreditando que elas irão aprender a viver a fé. Errado!
Os catequistas não substituem (e nem devem!) o papel da família na vivência de fé. Por isso,
paralelamente com a catequese que se faz com as crianças, é preciso fazer um trabalho
com as famílias. Eu optei na minha pastoral de só receber as crianças depois que as famílias
(pais e mães) fizessem uns 3 a 4 meses de catequese semanal e depois de que as crianças
já soubessem as orações básicas, ensinados pelos pais. Hoje tenho menos crianças na
catequese (50% menos), mas tenho o dobro de resultados. E tenho feito uma evangelização
das famílias muito maior. As famílias que começam esse caminho e se dispõem a ensinar os
filhos a rezar com as orientações que damos, sentam mais e convivem melhor em família.
Trabalhando a família e a sua dinâmica tudo se modifica em casa e na Igreja.
- LIDAR COM CRIANÇAS EXIGE CARINHO, MAS VOCÊ NÃO DEVE SER PAI OU MÃE DELES
A grande tentação de muitos catequistas é confundir carinho e acolhida com fazer o papel
de pai ou mãe do catequizando. O catequista tem é que repartir a fé e a vivência que tem.
Como todo o carinho, com acolhida dos diferentes e com a possibilidade de entusiasmar
as crianças e os adolescentes/jovens com um relacionamento vivo e positivo com o Cristo
e a sua Igreja. Aqui não cabe uma fé ingênua e nem uma pregação de doutrina, somente.
Compartilhar, repetir e exigir fazem parte de ser catequista. Uma atitude maternal pode
funcionar um pouco nos primeiros encontros, mas deve ir diminuindo para tratar as
pessoas segundo suas necessidades e capacidades de compreensão. Hoje, mais do que
nunca as crianças e os jovens repelem uma atitude maternal exagerada, pois soa falsa. Por
isso, não tente ser pai ou mãe deles, mas seja carinhoso e exigente, partilhando o amor a
Deus e a fé que você tem. Seja pessoal: conte histórias acontecidas com você e ouça deles
situações que tenham a ver com o encontro. Deixe-os falarem e comente valorizando as
experiências de suas vidas. Questione, brinque e compare tudo com o projeto de Cristo nos
evangelhos, segundo a visão da Igreja.
- ORAR EXIGE CONSTÂNCIA E DISPOSIÇÃO
Não se restrinja a mostrar aos seus catequizandos apenas as orações básicas (Pai Nosso,
Ave Maria, Credo Apostólico, etc.) Mostre como se deve rezar em silêncio, como fazer
uma Leitura Orante da Bíblia, como rezar usando músicas, oração de cura interior,
oração espontânea, etc. Orar é dar espaço pra Deus e ser questionado por ele. De forma
comunitária ou de forma pessoal. Mas a oração não é negociável: orar é preciso e é
substancial para a vida. A vida de um cristão sem oração pessoal e comunitária é como a
vida de uma pessoa desnutrida: se permanecer assim por muito tempo, pode até morrer.
Motive seus catequizandos para a oração a partir de suas palavras e de sues exemplos. Isso
também serve pra você: quem não reza acredita tanto em si mesmo que deixa Deus de lado,
porque não precisa dele. Mesmo de forma inconsciente, quem age assim acaba por ser um
ateu prático. Pode estar na Igreja, mas não é cristão autêntico, vive uma hipocrisia.
- A LEITURA DA BÍBLIA NÃO É UM ACESSÓRIO, MAS FAZ PARTE DO CONTEÚDO PRINCIPAL
Muita gente não se importa com a leitura da Bíblia: como se ela atrapalhasse a catequese.
Grande engano: a leitura da Bíblia e a sua interpretação é essencial na catequese. Catecismo
da Igreja e leitura da Bíblia não se contrapõem, mas se complementam. Ler, compreender
o significado e interpretar para hoje é absolutamente necessário. Sem isso, a catequese
será apenas uma aula de doutrina, o que é muito pouco para as pessoas de hoje. Se
apenas a doutrina bastava para a catequese de seus avós, hoje o mundo mudou e muito.
Uma catequese muito básica valia naquela época porque a sociedade colocava reforço na
catequese: a escola ajudava a ir na Igreja, a cobrança das pessoas era que se vivesse de forma
religiosa, etc. Hoje não: para muitos ser coerente com a própria fé é quase um desafio na
sociedade de hoje: fala-se muito de religião, mas não se vive a própria fé com coerência.
- A LITURGIA É PARTE DA CATEQUESE E DEVE SE ADAPTAR À COMPREENSÃO E À NECESSIDADE DA CRIANÇA
Liturgia e catequese, um casamento necessário. Não
se pode desprezar a participação litúrgica de um
catequizando. É necessário que ele (e a sua família)
frequente a liturgia da comunidade. Mas o inverso
também é necessário: a comunidade também precisa
proporcionar um momento litúrgico adaptado para a idade e a compreensão litúrgica dos
catequizandos e de suas famílias. Participação e experiência litúrgica só se conseguem na
prática: não existe teoria que funcione bem aqui. É preciso envolver a comunidade cristã
(ao menos parte dela) e ir praticando. A prática leva ao gosto e á perfeição. Sem oração e
espaço litúrgico adequado não vamos nunca sair do atoleiro a que muitas comunidades
estão: sem renovação e sem jovens. É preciso proporcionar espaço, experimentar, inovar e
adaptar. Não é o mesmo celebrar pra crianças (ou adolescentes) e para adultos: há de se ter
práticas e espaços diferentes. Para quem não sabe, existe até um Diretório Litúrgico para
Missas com Crianças feito pela CNBB.
Para você que está começando, boa evangelização, mas não se esqueça dessas dicas.
Pe. Dr. Paulo F. Dalla-Déa
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