sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO


Lucas 3, 10-18
“Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo”

Essa passagem trata da pregação de João Batista, que: “Percorria toda a região do rio Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados.” (v. 3)
O início do texto de hoje, versículos 10-14, que constam somente em Lucas, mostra bem a sua teologia e contexto - não são os líderes religiosos que não querem arrepender-se, - mas o povo comum, e até pessoas que estavam à margem da sociedade, como cobradores de impostos e soldados. Mais adiante no Evangelho, são estas as pessoas que vão responder positivamente diante da pregação do próprio Jesus. Escrevendo para as comunidades pelo ano 80-85 d.C., Lucas quer lembrar aos cristãos que eles também devem estar abertos para achar sinceridade e bondade fora das vias “aceitáveis” como fizeram João e Jesus!
A frase lapidar do trecho é a pergunta que os diversos grupos formulam para João: “O que devemos fazer?” Essa pergunta aparece mais vezes no Terceiro Evangelho, em Lc 10, 25 (na boca de um doutor da Lei) e Lc 18, 18 (uma pessoa importante), e também nos Atos dos Apóstolos: At 2, 37 (os judeus depois da pregação do Pedro), At 16, 30 (o carcereiro gentio de Filipos), At 22, 10 (Saulo, o perseguidor). Usando esse artifício, Lucas quer salientar que é uma pergunta que tem que ser feita constantemente durante a nossa caminhada. Não há cristão que possa se dispensar de fazê-la sempre, por achar que já sabe a resposta.
É interessante que João, embora uma pessoa de cunho fortemente ascético, não exige sacrifícios, ou práticas religiosas como jejum e abstinência. Ela enfatiza uma exigência muito mais radical, que atinge o cerne do nosso ser - uma preocupação com os mais pobres, manifestada na busca de justiça e solidariedade. As Campanhas da Fraternidade seguem essa linha de João, pois muitas vezes é mais fácil abster-se de uma carne ou de uma bebida do que engajar-se na luta por um mundo melhor.
Esse trecho traz à tona mais uma vez um dos temas principais do Evangelho de Lucas: o uso correto dos bens materiais. No fundo, João aqui prega antecipadamente o que mais tarde Jesus vai ensinar: a partilha dos bens com as pessoas que sofrem necessidades, a justiça nos relacionamentos econômicos e políticos, a conversão que se manifesta numa mudança radical da vida.
A segunda parte da passagem insiste que João é inferior a Jesus. João batiza com água como agente de purificação, mas Jesus usará a força purificadora maior do Espírito Santo e do fogo. Lucas vai mostrar em Atos 2 - na história de Pentecostes - como o fogo do Espírito Santo cumpre a sua missão nas pessoas.
E o texto termina com a declaração que “João anunciava a Boa Notícia ao povo de muitos outros modos” (v. 18). O que João prega é tão semelhante ao que Jesus pregará que também merece ser taxado de “Boa Notícia”. A boa notícia da chegada da misericórdia e da salvação de Deus de uma forma gratuita, mas que exige resposta de cada pessoa. É a crise existencial do mundo todo - aceitar ou rejeitar a salvação oferecida gratuitamente em Jesus. E para Lucas, essa decisão tem que ser renovada sempre, através da pergunta “o que devemos fazer?”, enquanto continuamos andando “pelo caminho”!

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