terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sínodo: JOVEM CATEQUISTA RECEBE O MAIOR APLAUSO NA SALA SINODAL


Notícias do Sínodo dos Bispos 12 - Pe. Lima

As coisas começam a mudar... e para melhor. Hoje ouvimos sínteses e propostas muito interessantes durante a sessão da manhã: os 12 relatores dos Circuli Minores (grupos) expuseram, em 10 minutos cada um, o resultado dos trabalhos até hoje realizados... É um conteúdo abundante e muito precioso, que, infelizmente será reduzido nas etapas seguintes e muita coisa se perderá pelo caminho, dada a metodologia usada.
Aqui, nessa pequena crônica, também não há espaço para tudo... Apresento apenas algumas ideias. Com relação ao contexto cultural de hoje é indispensável novas categorias do saber teológico que sejam capazes de expressar, com maior coerência, os conteúdos da fé cristã; é preciso, por exemplo, oferecer uma visão nova da antropologia à luz do mistério da Trindade: as relações interpessoais como base da concepção de pessoa, opondo-se à concepção secularista e individualista. Isso é trabalho para os teólogos...
Como disse Paulo VI, não podemos chegar a uma definição rígida de evangelização, com o perigo de trair sua riqueza. Sem esquecer outros aspectos, o destinatário da NE é o fiel que deve reencontrar ou reforçar as razões da própria fé, transformando-se ele mesmo em evangelizador; ou aquele que, por motivos diversos afastou-se da fé e da comunidade; ou ainda todos os que possuem o desejo de crer e buscam pessoas capazes de comunicar a alegria do encontro com Cristo. Isso comporta o reconhecimento do primado da graça divina.
A urgência da NE impõe um sério exame de consciência da Igreja para que renove suas práticas pastorais que já não são eficazes na evangelização, ou seja: uma conversão pastoral. Para isso é necessário coragem e audácia. Tal conversão pastoral faz sublinhar o chamado à santidade, vocação de todo batizado e fonte de zelo para levar todos à conversão a Jesus Cristo. A santidade é meta de todo esforço evangelizador.
O Sínodo de 2012, em continuidade com o de 2008, insiste na importância primária e fundamental da Bíblia na missão evangelizadora da Igreja; em geral ela é pouco conhecida pelos católicos. Sem o conhecimento da Palavra de Deus a fé fica sempre fragilizada e sem condições de estabelecer um diálogo inter-religioso. O Catecismo da Igreja Católica, por sua vez, como grande projeto teológico-espiritual, é um grande instrumento de fortalecimento e aprofundamento das razões de nossa esperança, de tal modo que nossa fé seja plena adesão de coração e de mente à Revelação divina. Não se pode ignorar que são muitos os batizados que não aprofundam sua fé e acabam se transferindo para grupos evangélicos.
A Liturgia é reconhecida como espaço de NE. Isso significa uma atenção especial para a formação do clero: a "arte de celebrar", o cuidado com as homilias, a revalorização e a disponibilidade dos sacerdotes para o Sacramento da Reconciliação, chamada de "irmã do batismo". A Liturgia e a catequese devem estar plenamente unidas na iniciação, compreensão e expressão da fé cristã.
NE exige renovação de toda vida cristã que se exprime não só através dos atos de culto (liturgia, oração), mas sobretudo na caridade fraterna, no serviço aos irmãos, de modo especial em sua dimensão social. É preciso retomar, revalorizar, tornar mais conhecida e colocar em prática a Doutrina Social da Igreja.
Acentuou-se a importância da educação das novas gerações. Não haverá NE sem uma juventude entusiasmada por Jesus Cristo. A eles se deve propor o encontro com Jesus e toda a verdade revelada por seu Evangelho, que leva a um amor libertador e salvífico, e por isso mesmo, exigente.
Para a transmissão da fé, é de fundamental importância a dinâmica da iniciação cristã considerada no seu conjunto, com todos os tempos e etapas para que as pessoas (adultos, jovens, adolescentes e crianças) gradualmente, através de itinerários bem articulados e acompanhados, sejam introduzidos e consolidados na fé eclesial. Nesse sentido, é preciso cuidar muito da Pastoral do Batismo, onde tudo começa, e articular melhor a ordem dos outros dois sacramentos da iniciação: a Crisma e a Eucaristia. Indispensável para o êxito da iniciação à vida cristã é o envolvimento de toda comunidade e, sobretudo, a formação de bons catequistas e outros ministérios para que coloquem em prática esse processo iniciático tão profundo e tão promissor.
Nunca se valoriza suficientemente o papel da catequese e dos catequistas na ingente missão de transmitir a fé. A catequese possui seus mais completos princípios e orientações no Diretório Geral para a Catequese que deve continuamente ser estudado e revistado. Muitos no Sínodo pedem que a catequese seja reconhecida como "ministério instituído", mantendo a vocação tipicamente laical do catequista. Pede-se também que às mulheres seja conferido o ministério do leitorado, atualmente proibido pelo direito canônico (cân. 230). 
Quase todos os pronunciamentos ou documentos do Sínodo relevam não somente a importância da paróquia, mas também das pequenas comunidades eclesiais onde é possível viver mais intensamente as relações pessoais, aprofundar a fé e dar testemunho do Evangelho. Importante também são os novos movimentos com seus diversos carismas e a maioria deles com propostas renovadas e eficazes de ação evangelizadora; alguns são verdadeiros protagonistas da NE. O Sínodo encoraja essas formas associadas de vida cristã a agirem conforme o próprio carisma, em plena comunhão com as dioceses.
Responsáveis primeiros da NE são os bispos com seus presbíteros e diáconos. Grande parte do sucesso da NE passa pela renovação do ardor missionário e zelo pastoral desses ministros ordenados. Mas também os leigos possuem tarefa importante na missão de evangelizar: devem testemunhar a própria fé nas complexas relações com as realidades do mundo em que vivem. O seu testemunho será tanto mais eficaz e crível, quanto mais derem prova de fé viva, caridade operosa e esperança invencível. De um modo todo especial, a família no seu conjunto é responsável decisiva na transmissão da fé aos próprios filhos; dado nosso estilo de vida moderno, às vezes os avós têm mais possibilidade e tempo de passarem com os próprios netos e serem os grandes transmissores da fé. Daí também o cuidado que toda a Igreja deve dispensar para a pastoral familiar: assistência, apoio, formação humana e cristã.
A vida consagrada, tanto masculina como feminina, sempre deu grande contributo à expansão da fé e à consolidação da vida cristã em diversos povos ao longo de toda a história, através dos carismas que receberam do Espírito Santo, para o bem de toda a Igreja. Hoje também as religiosas e religiosos e toda nova forma de vida consagrada são chamados a serem fiéis à própria vocação, testemunhando a alegria de uma vida totalmente entregue a Deus, vivida na oração, na comunhão fraterna e no exercício da caridade e, ao mesmo tempo tendo grande disponibilidade para levar o Evangelho para os povos não cristãos. Quanto mais evangélica, mais a vida religiosa será evangelizadora.
Até aqui é uma síntese muito por alto das conclusões de alguns dos 12 grupos. Como faltou tempo nos dias anteriores, então foi dada a palavra a alguns, principalmente os ouvintes. Dentre eles, destacou-se o mais jovem da sala sinodal, Tommaso Spinelli, catequista de jovens na cidade de Roma, 23 anos. Falando com veemência, pede que a catequese tenha "substância", que os padres sejam guias fortes, audazes, sólidos em sua vocação e identidade. "Infelizmente há padres que perderam a identidade, a cultura e o carisma... não gostamos de padres que querem se trasvestir de jovens ou, pior ainda, adotar as incertezas e o estilo de vida de jovens... a mesma coisa quando na liturgia, tentando ser originais, caem no ridículo... Eu lhes peço que tenham a coragem de ser vocês mesmos... Não tenham medo de nos propor as verdades da fé... temos fome infinita de algo de eterno e de verdadeiro". E termina pedindo três coisas: 1. Aumentar a formação dos padres, não só espiritual, mas também cultural... nunca terá credibilidade junto aos jovens o padre que não souber dar razões daquilo que diz; 2) Redescobrir o Catecismo da Igreja Católica, principalmente em suas primeiras secções, que são as mais lindas; 3) Cuidar mais da Liturgia: nós jovens não queremos celebrações simplificadas, aguadas, dessacralizadas, mas bem realizadas, dignas, que traduzam nossa identidade cristã!
Palavras um tanto duras, ditas com ímpeto juvenil... mas que dão seu recado. Tommaso falou 4 minutos e foi aplaudido durante quase um minuto pela sisuda assembleia!
Roma, 19 de Outubro de 2012, quinta feira
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.


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