segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

"Quero ser rico"

Já algum tempo que o texto de Lucas 12,13-21 ressoa no meu coração. Quando há algumas semanas atrás eu o escutei, ele suscitou um forte desejo no meu coração que gostaria de compartilhar com todos vocês.

O texto fala da ambição das riquezas, daqueles que, deixando-se levar pelo desejo de sempre ter mais, não aprendem a partilhar. Em nenhum momento, o rico, que teve uma grande safra, pensou em partilhar algo, ao dar-se conta que os seus celeiros eram insuficientes para conter tudo quanto produzira. Simplesmente procurou construir maiores celeiros para acomodar tudo quanto colhera.

Nesta parábola há uma dura sentença para esse rico avarento: morrerá e deixará tudo para os outros. Jesus continua dizendo que “assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico para Deus”.

Esta frase soou-me tão forte aos meus ouvidos e ao meu coração. Pensava comigo mesmo: não quero ter o coração fechado, não quero viver dando voltas ao redor de mim mesmo e ser incapaz de partilhar. Não quero ser ganancioso, procurando sempre estar à frente dos demais. Quero ter olhos, coração e mãos que se abrem. Quero ser rico pra Deus.

A “elite” de Deus é a dos corações bondosos e generosos, os quais entendem que a vida se torna mais bonita quando olhamos “além” e fazemos dom de nós mesmos e do que temos para aqueles que menos do que nós tem ou nada tem.

A dinâmica do amor que vem de Deus é centrífuga e não centrípeta, ou seja, ela nós faz sair do centro de nós mesmos. Isto no-lo revela os santos. A vida da Bem-aventurada Dulce dos Pobres foi assim. Todo o seu existir foi um consumir-se pelos outros, sobretudo os mais necessitados.

Estar vivo em Deus, ser rico pra Ele, é querer abraçar o mundo, acolher a todos. Viver sem fronteiras na alegria de dar e dar-se aos irmãos. Tornamo-nos ricos para Ele quando somos vazios de nós mesmos.
Vivemos na morte, quando fechados em nós mesmos egoisticamente e quando deixamos o “tou nem aí” pautar o nosso viver. Quando gastamos, compramos e nem nos importamos com uma multidão de gente que nem sequer tem o essencial. A responsabilidade social é já algo reclamado pelo evangelho. A questão que se coloca em bioética: o que é tecnicamente possível, é eticamente admissível?, poderíamos parafrasear para o setor da economia e do consumo: o que é economicamente possível é moralmente admissível?

É sempre necessário evangelicamente pensar: o que fazemos pelos outros? Desta resposta dependerá a nossa participação na “elite” de Deus. Ser rico diante d’Ele é seguir a lógica de um viver para os demais, melhor ainda, de ser para os outros. Quero ser rico para Deus!


Pe. Pedro Moraes Brito Júnior

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