Notícias
do Sínodo dos Bispos 03 - Pe. Lima
Conforme a programação do Sínodo,
este terceiro e parte do quarto dia são destinados aos comentários a respeito
do documento Instrumento de Trabalho.
De fato, a finalidade deste texto, é recolher toda a discussão feita anteriormente,
através de consulta às Conferências Episcopais, e levantar alguns problemas
relacionados ao tema central.
Foi o que aconteceu hoje quando,
cerca de cinquenta oradores (cardeais, arcebispos e bispos) se inscreveram para
comentar algum aspecto do Instrumento de
Trabalho. Cada um tinha cinco minutos para falar, usando uma das 5 línguas
oficiais, e todos, na Assembléia, acompanhavam com o texto do pronunciamento em
mãos e tradução simultânea, para quem desejasse. Cada orador tinha apenas 5
minutos para falar, após os quais o microfone era desligado...
Ficar ouvindo tantos oradores e em cinco
línguas diferentes, é um trabalho muito cansativo. Mas o próprio Regulamento do Sínodo assim se expressa:
"pode parecer enfadonho ter que escutar em vários dias tantos discursos.
Mas, na realidade, trata-se de uma escuta muito útil para alimentar a
colaboração e a amizade entre todos, para obter, da variedade de falas, os
elementos comuns, os problemas mais importantes e as questões que mais
preocupam os responsáveis pela Evangelização em todo o mundo. O trabalho em
comum exige paciência" (Art. 38 d).
Antes de começar o debate, houve a
constatação da presença, uma espécie de "chamada", mas num sistema
eletrônico super prático e rápido. Constatou-se que estavam presentes 255
"Padres Sinodais". Nesse número não estão os outros mais de 150
participantes considerados peritos ou secretários, os ouvintes, os convidados
especiais e todo o pessoal auxiliar e técnico.
Um dos primeiros a falar foi o Card.
Rino Fisichella, presidente da Congregação para a Nova Evangelização,
recentemente fundada pelo Papa Bento XVI. Ele denunciou o modo de viver de
muitos católicos que não expressam a novidade do Evangelho, às vezes um modo
burocratizado de viver a fé e os sacramentos; "muitas comunidades parecem
cansadas, repetindo fórmulas sem sentido que não comunicam a alegria do
encontro com Cristo e estão em dúvida a respeito do caminho cristão a ser
percorrido... Devemos redescobrir a força do anúncio de Cristo Ressuscitado do
qual somos testemunhas, sem deixar-nos sufocar pelas estruturas".
Houve uma variedade de propostas:
muitos insistiram no valor da humildade, para que o anúncio do Evangelho seja
eficaz: "nova evangelização exige nova humildade"; outro falou da
importância do Espírito Santo na obra evangelizadora e propôs consagrar o mundo
o mundo a Ele no final do Ano da Fé. Houve quem chamou a família de
"fronteira decisiva da Nova Evangelização", ou reduziu a
evangelização quase como uma formação
permanente... Outro chamou a atenção para a "emergência
educativa", afirmando: "não podemos evangelizar se não educamos e não
educamos se não evangelizamos".
Alguns apresentaram experiências
eficazes de evangelização, como o acompanhamento espiritual das mães grávidas,
também como preparação para o futuro batismo da criança, a distribuição
abundante da Bíblia, ou partes dela, a êxito da pastoral da entronização da Bíblia nas casas dos
fiéis e posterior acompanhamento, a riqueza da Leitura Orante da Palavra de
Deus, etc.
Seguindo uma tendência em várias
partes da Igreja, um orador pediu que a Igreja Romana seguisse o exemplo da
Igreja Oriental Católica, que celebra o sacramento do Batismo juntamente com a
Confirmação, deixando a Eucaristia para o ápice e a conclusão do processo de
iniciação à cristã, numa idade bem mais avançada (após os 15 anos), quando a/o
jovem está mais apto/a para receber tão
grande Sacramento.
O tema da iniciação à vida cristã e necessidade do primeiro anúncio foi muito defendida por um bispo mexicano, que já
foi o encarregado da catequese na América Latina. Entre os convidados para o
Sínodo está o fundador das Escolas de
Santo André, de grande êxito no México e em outras parte da América Latina,
inclusive no Brasil. Tal escola se dedica a formar novos evangelizadores,
preocupando-se sobretudo com o primeiro
anúncio.
Outros assuntos tratados, entre
tantos, foram: a centralidade da Pessoa de Jesus Cristo na Evangelização e o
encontro pessoal com Ele, a força evangelizadora da devoção a Nossa Senhora, e,
em geral, da religiosidade popular, as necessidades antropológicas às quais a
Evangelização deve responder, a necessidade de dinamizar a vida das Paróquias,
a urgência de renovar a formação presbiteral para termos bons evangelizadores
na Igreja. Acentuou-se também a necessidade, para aqueles que anunciam a
Palavra de Deus, de fazerem ressoar na própria vida a Palavra que pregam aos
outros, particularmente os religiosos e sacerdotes: primeiro viver a Palavra,
para depois pregá-la.
Entre os oradores, apresentou-se um
representante da Federação Luterano
Mundial, elogiando essa iniciativa do Sínodo em se debruçar sobre o tema da
nova evangelização e afirmando o grande valor do Catecismo da Igreja Católica que, segundo ele, se aproxima muito
daquele de Lutero... Outro visitante ou convidado fraterno foi o presidente da Sociedade Bíblica Internacional que
muito se alegrou com a Verbum Domini (documento
do Sínodo anterior sobre a Palavra de Deus). Entre esses convidados fraternos
está também o representante das célebres Comunidades de Taizé, de raiz
luterana, mas muito próximos da Igreja Católica e que atraem muitos jovens.
O último discurso do dia foi do
Card. Ouelet, que durante 35 minutos falou da recepção e dos efeitos que
tiveram em toda a Igreja a exortação apostólica sobre a Verbum Domini do Sínodo anterior. Mostrou que a nova evangelização
tem como primeiro instrumento a Palavra de Deus vivida pelos cristãos que devem
dar testemunho dela na própria vida e também a própria Palavra de Deus nas
Escrituras. O tema da nova evangelização é
uma consequência lógica do tema da Palavra
de Deus.
O dia terminou com um pré-lançamento
de um grande filme-documentário sobre o Concílio Vaticano II com imagens
inéditas de cinquenta anos atrás, que foi muito aplaudido pelos participantes
do Sínodo. Tal filme, a ser lançado oficialmente no dia 11 de Outubro, em que
se celebram os 50 anos do Concílio, será muito útil para aqueles que não têm
nenhum conhecimento, ou conhecimento apenas teórico, desse que foi o maior
evento da Igreja Católica no século XX, e talvez, de toda a bimilenar história
da Igreja.
Os quase 50 discursos acima acenados
encontram-se na internet, no mesmo endereço que ontem aqui deixei: http://sinodo2012.wordpress.com/?blogsub=confirming#subscribe-blog
Roma, 09 de Outubro de 2012.
Pe. Luiz
Alves de Lima, sdb.
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