sexta-feira, 6 de julho de 2012

“Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré”


DÉCIMO QUARTO DOMINGO COMUM  (08.07.12)



Mc 6, 1-6



            O texto de hoje encerra o segundo bloco da primeira parte do Evangelho de Marcos - que trata da cegueira dos familiares de Jesus. O primeiro bloco (I,14-3,6) mostrou a cegueira das autoridades, e o próximo bloco mostrará a cegueira dos discípulos. Assim, Marcos gradativamente aumenta a tensão entre o que Jesus é e a incompreensão dos que o conhecem: autoridades, familiares e discípulos. Tudo para poder lançar como questão fundamental do seu Evangelho a pergunta: “E vocês, quem dizem que eu sou?” (Mc 8, 29).

            De uma maneira indireta, Marcos aqui toca em um dos problemas fundamentais dos cristãos - o escândalo da encarnação. Freqüentemente não temos tanta dificuldade em assumir a realidade da divindade de Jesus, mas sim, a sua humanidade! Até hoje, quantas hipóteses esdrúxulas sobre onde Jesus teria passado os primeiros trinta anos da sua vida, quando a realidade é que Ele os passou como qualquer outro rapaz da sua geração – em  uma família e comunidade do interior, trabalhando com as mãos e partilhando a dura sorte do seu povo, com uma fé profunda na presença de Javé no seu meio - uma fé alimentada pelas Escrituras. Mas, freqüentemente relutamos para não enxergar a opção real de Deus pelos marginalizados através da realidade da encarnação!

            Os seus próprios parentes também não queriam aceitar a pessoa e a missão de Jesus. Marcos não esconde a dureza das críticas: “Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria?” (v. 3). Se fosse um fariseu, ou um “doutor”, ele teria sido aceito! Quanta coisa semelhante hoje - quando preferimos acreditar nas palavras  e retórica dos “doutores” e desprezamos a sabedoria popular dos que lutam no meio do povo para um mundo mais justo!

            Marcos retoma aqui o tema da primeira parte do Evangelho - que o caminho para conhecer Jesus não é através de uma corrida atrás de milagres. Pois, os Nazarenos conheciam bem os milagres de Jesus: “E esses milagres que são realizados pelas mãos d’Ele?” (v. 2). Aqui tocamos no cerne da questão: em Marcos, Jesus nunca faz um milagre para despertar a fé em alguém. Pelo contrário, é a fé das pessoas que causa os milagres da parte de Jesus. Por isso, é importante notar o verbo que Marcos usa: “E Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré!” (v. 5). Não foi que não quisesse, nem que não fizesse milagres, mas que Ele não pudesse fazer! Por que? Por causa da falta da fé deles!

            O texto nos desafia para que nos questionemos sobre o Jesus em quem acreditamos! Conseguimos vê-Lo nos pequenos e humildes e nas pequenas ações em favor do Reino? Ou o buscamos em ditos “milagres” e coisas estrondosas, que muitas vezes podem mascarar uma relutância em assumir o caminho da Cruz? Marcos quer suscitar uma desconfiança na sua comunidade - se nem as autoridades e nem os parentes de Jesus o compreenderam, será que nós O compreendemos? Devagarzinho chegaremos ao Capítulo 8, o pivô de Marcos, onde seremos convidados a responder a pergunta fundamental da nossa fé: quem é Jesus para mim, para nós, hoje?

Tomaz Hughes SVD
 thughes@netpar.com.br

Um comentário :

  1. A fé em Jesus condição termos vida e graça de Deus


    Queridos irmãos e irmãs, a liturgia é momento de ação de graças por tantos benefícios que Deus nos dá. O coração de Jesus derrama muitas bênçãos a nós que queremos ser Dele. Ele derrama graça em abundância a cada um de nós.
    No livro do profeta Jeremia, vemos o profeta falando advertência que Deus faz ao povo para adorar Deus no templo e ainda ser fiel na observância dos mandamentos e das leis que Deus deu para que todos possam ser livres. Deus tem esperança que o povo ouça o profeta para se converterem e mudarem de vida. Assim Deus fala através de Jeremias: “A eles então dirás: Isto diz o Senhor: Se não vos dispuserdes a viver segundo a lei que vos dei, escutar as palavras dos meus servos, os profetas, que eu vos tenho enviado com solicitude e para vossa orientação, e que vós não tendes escutado, farei desta casa uma segunda Silo e farei desta uma cidade amaldiçoada por todos os povos da terra”.
    O profeta não teve medo de falar o que Deus queria dizer, mas a reação é contraria isso, eles o prenderam e ainda desejavam matá-lo. Assim, meus irmãos e irmãs, isso acontece com todos que querem ser fiel a Deus, muitas vezes são perseguidos, incompreendidos e ainda podem levar a morte. Devemos sempre ser fiel a Deus no bem e não misturar com o mal do mundo. Deus nos alerta sempre para corrigir o nosso caminho e voltar para Ele, pois Deus está pronto para nos responder, porque Ele é amor. Com Deus nós podemos sofrer, mas temos a recompensa Nele, porque Deus é fel aos justos de coração.
    O evangelista mostra Jesus na sua cidade, lá Ele não foi compreendido porque eles conheciam a vida da sua família que era simples e trabalhadora. Eles não imaginavam de onde vinha à sabedoria de Jesus, pois eles estavam com os olhos humano que não ultrapassam para realidade divina. Jesus já dava sinais messiânicos, pois Ele é o ungido de Deus que veio anunciar a libertação da humanidade. Só pelos olhos da fé que nós podemos aderir a Jesus e comprometer a nossa vida na difusão do evangelho Dele. Para Jesus agir tem que se converter a Ele e acreditar que Ele é o Filho de Deus se não, o milagre da vida não acontece em nós. Como próprio Jesus falou: "Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!" Nesse lugar, Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.
    Queridos irmãos e irmãos, cada um de nós precisamos tomar consciência que quando estamos com Jesus muitas maravilhas acontecem na nossa vida. A comunidade é o lugar ideal da presença do amor de Deus para conosco. Aqui temos a Palavra que salva e a Eucaristia que nos dá alimento da vida eterna. Na mesa somos acolhidos por Deus, juntamente com todos os nossos irmãos e irmãs de caminhada. Que esta liturgia nos permite a aderir Jesus plenamente com a nossa vida comprometida na construção do Reino de Deus já entre nós. Amém

    Bacharel em Teologia Jose Benedito Schumann Cunha 03-08-2012

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